VOZES EM MEUS PENSAMENTOS

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Vozes em meus pensamentos

Nathaniel

Algo muito ruim acontecia à ela. Eu estava agoniado e impotente, preso ao Templo e precisava impedir que aquilo continuasse. A Virtude não cumpria seu propósito, fazia o oposto do que deveria. Achei difícil acreditar que a história de Gaia, fosse mentira.

Uma coisa boa aconteceu afinal, confirmei minhas suspeitas sobre nossa ligação, Liza me viu e sabe que fui eu, mesmo que ainda não se lembre. Dessa maneira talvez eu seja capaz de lhe dar algum conforto, mesmo que à distância.

Saber que ela andava tão exposta, tão frágil e não poder fazer nada para colocar um sorriso de volta naquele rosto, me maltratava.

A única descoberta que eu desejava de fato, era a solução para libertá-la de tudo que vinha lhe acontecendo.

- Rapaz, você quer pensar na garota, ou quer ajudar a garota? – me interrompeu Johan de meus devaneios.

- Acabo de vê-la Johan, e ela também me viu, mas imagino que você já saiba disso.

- Qualquer um que saiba olhar, já sabe disso Nathaniel. Você é irritantemente indiscreto.

Optei por ignorar seu comentário e apenas lhe dirigi um olhar indiferente. Continuávamos sentados no centro do Templo, próximos ao Óculus Mundi. A esfera, que nunca parava de girar, refletia agora o céu mais estrelado que eu já vi. Quis que Liza estivesse ali, para admirar esse céu brilhante comigo.

- Podemos continuar, Johan? – ele alisava a barba e cantarolava algo que eu não conseguia compreender.

- Vai depender... Se quiser trazer a garota aqui para olhar o céu com você, eu espero – disse sarcástico, rindo da própria piada – vou batizar isso aqui de Templo do amor!

Repeti um mantra em minha mente: Isso é um teste, isso é um teste, isso é um teste, isso é um teste... Eu preciso controlar minhas ruínas.

- Existem três lugares que pertencem à Morte – começou a explicar de supetão, satisfeito por eu não ter respondido - São os seus olhos no mundo. Um deles, é o lago Nayuko, em Epifania. O lago que reflete o outro lado, nele pode-se mergulhar para a outra existência.. Antes de lançar nos humanos a tormenta das almas gêmeas e amaldiçoar os filhos dos que se unissem aos anjos, nós podíamos viver com os humanos desde que, sob a vigilância dela.

Foi lá, que tolamente me iludi. Pensei que seguindo as descrições do acordo, seria capaz de viver em paz. O restante você já sabe. Todos sabiam da proibição de se banhar nele, e quem o fizesse seria levado. Porque ninguém é capaz de suportar o fardo carregado pela Morte. Ali na água, era possível ouvir suas vozes, os gritos das almas carregadas, se afogando em desespero. Mas veja a ironia, meu filho morreu afogado antes de ser tocado por esse fardo, porque nem a própria Morte, consegue controlar o destino daqueles que partem na hora marcada.

Eu apenas o vislumbrava pensativo. Não há muito o que se dizer à alguém, quando este fala de quem amou e perdeu. Não existe conforto para essa dor. O melhor a fazer, é esperar a ferida adormecer.

- Caso você não saiba – continuou – o lago Nayuko e Epifania, ficam bem próximos ao orfanato onde você cresceu. Acredito que apenas mudaram o nome da cidade. Agora você a conhece por Winterhill, procure pelo lago e descubra a verdade que seus olhos ocultaram.

Johan desapareceu e me deixou com mais um de seus milhares de enigmas. O que apenas facilitou minha decisão.

Adeus, Johan. Próxima parada: Nova Iorque

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E agora, amores??? Será que eles finalmente vão se encontrar??? =O

Beijosss e até amanhã!

O Templo - Livro 2Onde as histórias ganham vida. Descobre agora