VERDADES...

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Verdades...

Liza

Eu ainda não sabia exatamente como tomaria o diário de Adrian a força. Mas só aceitei o convite de encontrá-lo no Central Park e iniciar meus exercícios com esse intuito.

Claro que a insistência de Toffee aparecendo na minha portaria em todos os momentos do dia e Adrian me telefonando de 15 em 15 minutos, contribuíram.

Mas eu continuava revoltada com o absurdo de ele se recusar a me devolver o diário de minha mãe.

Ele já me aguardava no banco de sempre com seu sorriso e suas sardas quando o encontrei.

- Bom dia senhorita!

- Bom dia Adrian, que bom que está bem humorado.

- Quem sabe não consigo contagiar você um pouco?

- De verdade, adoraria que isso fosse possível.

- Não fique assim Liza, tudo virá com o tempo.

- Eu sei Adrian, só me sinto um pouco cansada hoje. Não estou dormindo direito.

Soltei a afirmação me esquecendo que poderia levantar suspeitas. Adrian se mexeu bruscamente no banco, mas pelo visto resolveu não tentar descobrir:

- Obrigada por não perguntar.

- De nada. Sei que as coisas não andam fáceis. Hoje eu trouxe um presente pra você. Acho que vai te deixar mais animada.

- Assim vou me sentir culpada por todos os insultos mentais que te fiz.

- Rá, não se preocupe, já sei de alguns – me respondeu piscando o olho. – Hoje te darei uma lembrança. Acho que está precisando de um tratamento de choque e nada melhor que uma memória.

Só não cai para trás naquele momento porque o encosto do banco me segurou. Uma lembrança de verdade! Eu não podia acreditar!

- Mas se você consegue fazer isso, por que nunca fizemos antes?

- Porque você ainda não estava pronta, acho que já está forte o bastante agora. Mas entenda Liza, você precisa fazer exatamente o que eu disser, para que eu possa entrar na sua mente, isso vai exigir algum esforço.

- Eu quero Adrian. Posso tentar! – respondi dançando uma música que não tocava.

- Bom ver que está entusiasmada – disse com outro sorriso – Mas a primeira a coisa que deve fazer, é se acalmar.

- Ok – meneei a cabeça e fechei os olhos para respirar fundo.

Foi uma das experiências mais estranhas que já tive, quer dizer, até onde me lembro.

Após alguns minutos relaxando e deixando a voz de Adrian me guiar, pude sentir outra mente dentro de minha consciência. Como se eu fosse uma expectadora na plateia, enquanto a cena se moldava no palco.

Adrian literalmente vasculhava minhas memórias, como se estivessem em uma pasta de um computador que só ele sabia a senha. Tudo o que eu via eram borrões, nada se concretizava no palco.

Até que consegui identificar uma imagem, era a porta de um cemitério.

"Liza, tem certeza que é isso que deseja ver?"

Ouvi sua voz me perguntar, ele parecia estar falando debaixo d'água, não entendi o que quis dizer com isso.

"Como assim, eu desejo ver?"

O Templo - Livro 2Onde as histórias ganham vida. Descobre agora