16.00

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Bom, seguido de chuva sempre vem arco-íris, right?
A fanfic é o que mesmo? Ah, Cashton. As vezes esqueço. Lembrei hoje, como poderão perceber muito em breve.

Good reading, lovers

Calum POV


Na manhã seguinte, deixei o quarto antes das seis. Ainda estava escuro do lado de fora, com o orvalho umedecendo a grama do quintal. Todos os cômodos da casa mergulhados no mais absoluto silêncio, confirmando que eu era de fato o único acordado. Joy ficaria furiosa, ainda que esse fosse o modo mais fácil de lidar com isso. Sempre detestei despedidas, e as que envolviam minha mãe eram ainda mais dolorosas.

No entanto, seria um mal necessário. Ela e Mali haviam evitado as perguntas no dia anterior, mas dessa manhã eu não sairia ileso. E não sabia se estava pronto para isso. Ou se elas estavam prontas. Provavelmente ficariam tão desapontadas comigo quanto Michael estava. Mas ver o olhar dele nos olhos da minha família seria demais para mim.

Me observei pelo canto dos olhos no espelho do armário, hesitando em deixar o quarto. Era uma vergonha para um estilista da CK vestir uma calça de moletom preta sem marca aparente, e uma camiseta da Levi's de sabe-se qual coleção. Horrible.

Abri a porta mesmo assim, jogando a mochila por cima dos ombros. O frio do corredor de janelas abertas me abateu, mas apenas cruzei os braços para me aquecer, descendo a escadaria de mármore para o andar inferior. Imaginei que a pedra estaria gélida caso eu a tocasse com os pés descalços, como costumava fazer tantas e tantas vezes. Sapatos nunca foram o meu forte, e mamãe vivia dizendo que isso era culpa dos nossos ancestrais.

A casa permanecia intacta desde a minha saída, há quatro anos. Os móveis de madeira colonial, os carpetes de um cinza desbotado. Algumas manchas no mesmo, com histórias que sentávamos todo Natal para relembrar. Mamãe continuava colecionando quadros, a maior parte de arte abstrata, e eles cobriam as paredes dos corredores com todo tipo de cor. Combinações quentes e frias, sem um padrão aparente.

O banheiro com o mesmo cheiro enjoativo de incensos, e a cozinha irradiando desinfetante. Mali e sua compulsão por limpeza. Ela estava passando um tempo com nossa mãe, porque Lance, seu atual namorado, estava em expedição no Egito. Arqueólogo em ascensão ou alguma merda do tipo, nunca prestei muita atenção. Ciúme fraterno, admito. 

Minha mão direita agarrava firme a alça da mochila quando sai pela porta da frente, encostando-a com o mínimo de barulho possível. Mas a mão esquerda ainda se agarrava à maçaneta, resistente. Deixar a casa dos pais era sempre sinônimo de hesitação, por se tratar de uma ação contrária ao instinto. Proteção é instintivo. E o mundo do lado de fora não é seguro.

Respirei fundo, tentando conter o choro, porque eu vinha chorando muito ultimamente, e não apreciava essa habilidade nem de longe. Não me favorecia em nada.

Virei o corpo na direção do quintal, os primeiros passos mais lentos, dolorosos até, e me vi parando aproximadamente na metade do caminho até a cerca. Os olhos fixos na calçada, onde o SUV compacto familiar permanecia estacionado de forma medíocre. Na porta do carona, o corpo de Ashton se recostava preguiçosamente. Seus braços bronzeados cruzados rente ao peito.

Ele usava uma bandana vermelha, e eu não me lembrava da última vez que o havia visto com uma dessas. Deixavam-no tão bonito. Tão jovem.

—Sempre fugindo dos familiares.— Ashton comentou, estranhamente sem provocação alguma no tom de voz rouco. —Pretendia mesmo perder os waffles da Joy? Com certeza é melhor do que aquele cereal industrializado que você tomou ontem, bem no dia do seu aniversário. Me diga, com vinte e seis o gosto ficou melhor?

Close as Strangers ✂ CashtonWhere stories live. Discover now