Capítulo 1

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Eu sentia a música dominar cada passo meu. Lucas com as mãos em minha cintura. Ele seguia meus movimentos enquanto dançavamos. Virei pra ele e envolvi meus braços ao redor do seu pescoço, puxando-o para um beijo.

Nos beijávamos intensamente. Mas logo fomos interrompidos, para nossa frustração.

- Chega de beijos! vamos lá pra fora! - Fala Beatriz nos empurrando para fora da sua fazenda. - Vai dar meia noite, não podemos perder os fogos. Todos pra fora, vamos! - Ela gritou, fazendo todos pararem de dançar e irem pra fora.

- Vamos lá! contagem regressiva. Dez, nove, oito...- Lucas começou a gritar fazendo um coro de vozes se expandirem acompanhando.

Era a virada do ano e nós estávamos na casa da minha amiga Beatriz para uma mega festa de reveillón. Logo ela e Caio - Tambem meu amigo - se juntaram a mim e a Lucas, olhando todos para o céu e esperando ansiosamente a contagem regressiva chegar ao final.

- Sete, seis, cinco, quatro, três ,dois , um! Feliz ano novo! - Gritou Lucas levantando sua taça de whisky, enquanto os fogos iluminavam o céu.

Olhei para Lucas e ele sorriu , me puxando para um beijo. Depois abracei Bia e Caio, e nos três abraçamos Lucas, os quatro amigos inseparáveis.

- Cara, que garota gostosa. - Caio disse saindo atrás de uma menina.

Caio sempre mulherengo e arrasando os corações das pobres garotas, isso serve de lição pra elas não darem moral a qualquer otário.

Sinto os braços do Lucas me envolvendo em um abraço, meu gatinho dos olhos azuis, lindo e melhor, rico. A gente namora a bastante tempo, não posso afirmar que nossa relação é das melhores, mas ele me da mais status. Lucas é popular e todas as desejam, mais ele só tem olhos pra mim, na verdade todos me olham.

- Quem convidou aquela garota ? - Bia pergunta. Olho pra quem ela estava se referindo e sorrio. Vejo a aninha, a coitadinha que ajuda o ajudante que trabalha na fazenda do meu pai veio pra festa.

Dou um selinho no Lucas e saio com Beatriz ao meu lado. Ana se assusta aos nos ver, abaixando a cabeça.

- O que ta fazendo na minha festa? - Bia pergunta.

- Eu vim com o...

- Vai embora sua coitada, isso aqui não é pra você! ... - Digo rindo, ela continua de cabeça baixa. - Eu falei com você sua ridícula!

- Ayla que bom que achei você - Henrique disse aparecendo. Estava com suas roupas típicas. Calça justa, blusa azul de manga puxada até o cotovelo, seus cabelos pretos, apontados e bagunçados, ele seria lindo se não fosse o ajudante do meu pai na nossa fazenda. - Seu pai pediu pra te buscar.

- Fala sério. - Digo sorrindo bebendo meu whisky.

- Não estou brincando, vamos.

- Minha delícia, vamos ali. - Lucas me abraça por trás beijando meu pescoço.

- Ela ta ocupada, peão. - Bia disse secando ele com os olhos.

- Eu não me importo, só estou cumprindo ordens, caso não queira ir, boa sorte pro seu pai que vai vim no meu lugar. - Da as costas saindo com a Ana, engulo seco. Esse cara não é nada, não pode me tratar assim.

- Você vai?

- Com ele não Bia - Me viro para encarar o Lucas - Me deixa em casa, eu não vou com aquele cara.

- Agora que a festa começou amor. - Ele resmunga.

- Se não quer me deixar, tudo bem. Arrumo outra pessoa.

Lucas puxa meu braço me fazendo parar - Vamos.

Nos despedimos de todos, menos de Caio. Não achei ele. Eu sinceramente não queria ir embora, logo agora que a festa iria ficar boa. Mas não posso mais ter problemas com meu pai, ultimamente ele anda muito estressado, se não fosse por minha mãe, eu não sei o que seria de mim naquela casa.

- Tchau. - Me despeço de Lucas e saio do carro.

Os empregados abrem as portas da grande fazenda do meu pai, ando seguindo o caminho que da acesso a casa.

Girei a maçaneta, e abri a porta, vendo que a casa estava em um completo silencio.

- Mãe ? - Fechei a porta e entrei, tirando minhas botas e colocando no canto da porta.

- Por que não veio com o Henrique ? - Uma luz se acende revelando o rosto do meu pai, me assusto, mas me recomponho rapidamente.

- Porque não.

- Fiz uma pergunta Ayla! "Porque não" não é resposta.

- Eu não me misturo com esse povinho.

Eu não acredito que ele preferi defender aquele caipira ridículo, do que a própria filha. Tudo bem que Henrique foi criado como se fosse da família desde criança, o garoto perfeito. Mas eu conheço ele perfeitamente e tudo não passa de uma grande farça.

- Respeite as pessoas! Você não é melhor que ninguem! O Henrique é praticamente da família e um ótimo rapaz, não devia implicar com ele!
- Ele se altera e nesse momento mamãe entra na sala em minha defesa.

- Marcelo! Você ja está implicando com a nossa filha?! para com isso, ela preferiu voltar com o namorado, não tem nada demais nisso! - Provavelmente ela inventou isso, e no fim das contas acertou. Por isso que sempre tive mais afinidade com ela, sempre me apóia em tudo e me defende de todos, inclusive do meu pai.

-- Viu pai, não tem nada demais, mas ja que você prefere o bastardinho, vai la encher o saco dele! boa noite! - Falo e saio pisando forte no chão indo pro meu quarto. Meu pai continua alterado, mas dessa vez a briga é com minha mãe.

- O estrago dessa menina é culpa sua Flávia! você não sabe educar essa irresponsável!

- Chega Marcelo! chega! - Nesse momento bato a porta do quarto me obrigando a não ouvir mais nada.

Entrei no meu quarto que infelizmente divido com minha irmã, Eduarda - A filhinha preferida do meu pai - Me jogo na minha cama, que por acaso fica do meu lado direito do quarto.

- Um dia eles se separam por sua causa. - Duda comenta. Encaro ela a fuzilando com os olhos, ela está na cama em meios aos seus livros.

Ignoro sua presença, tenho outras coisas mais importantes para me preocupar. Por exemplo um certo bastardo que entrou na minha família de intrometido, querendo ser o bonzinho e ajudando meu pai na fazenda.

Aproximo-me da janela e encaro Henrique que está levando dois cavalos para o celeiro. Ele é bonito sim, mas puxou briga com Ayla Magalhães e isso não ficará barato. Vou fazer sua vida virar um completo inferno.

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