Capítulo 6

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Ayla narrando...

Hoje é segunda feira e irei reclamar, óbvio que não! Estou de férias, por isso vou continuar a dormi, talvez até de tarde. Me aconchego na minha caminha quentinha e super confortável.

- Filha?

- Hum?- Me embrulho com a coberta tentando fazer ela ver que estou dormindo.

- Henrique está te esperando para o trabalho. - Disse um pouco receosa e abro os olhos de súbito para encara-la. - Ele disse que você concordou em ajudar....

- Eu fui forçada mãe, eu não quero ir.

- É melhor pra você querida, eu não quero que seja deserdada. - Ela deposita um beijo em minha cabeça e sai.

Olho pro lado e vejo Duda dormindo, pela primeira vez na vida sinto inveja dela.

Levanto preguiçosamente indo ao banheiro tomando um banho demorado e vestido uma calça justa, blusa vermelha, com botas de couro marrom e pego meu chapéu saindo do quarto.

Vejo Henrique na sala em pé já impaciente, ao me ver está pronto para reclamar, mas sou mais rápida.

- Nem venha, sabe que horas são? - Digo andando até a mesa colocando café na xícara e tomando em seguida, pego um bolinho de milho para acompanhar.

- Já acabou ? - Assinto sorrindo - Amém então. - Saímos da fazenda e bocejo indo em direção ao estábulos ao lado dele. Espero que minha tarefa seja só fazer algo simples com os cavalos, mas óbvio que seria, eu não sei fazer mais nada.

- Isso ta imundo.- Comento ao ver tudo sujo de cocô de cavalos, eca! Que nojo.

- Limpe tudo. Recolha as bostas com a pá e a vassoura, pode colocar tudo naquela sacolinha, em seguida é só varrer. Simples!

Gargalho da sua piada, ele é muito engraçado. - Agora é sério Henrique, o que vou fazer?

- Eu já disse. Daqui duas horas estarei de volta. - Deixa claro saindo e me deixando no meio dessa emudisse toda.

Fazer o que né? Tudo pela minha herança. Tampo o nariz varrendo o cocô e juntando em um cantinho qualquer. Minha égua está me olhada, deve está perplexa me vendo desse estado. Anos se passam -Literalmente falando- Por que pra mim foi uma eternidade e tenho uma leve impressão que estou fendendo, mas pelo menos está tudo limpinho.

Ouço barulho de pneus de carro, dever ser o papai voltando da cidade. Henrique bate palmas olhando o meu trabalho, que por sinal eu caprichei.

- Gostei de ver. Agora pode ir almoçar, depois irá ter mais trabalho.

- Hoje ainda ? - Grito - Só pode está louco! Olha meu estado.

Ele me olha detalhadamente e encolhe os ombros como se não visse nada demais.

- Ayla ? - Ouço a voz do Lucas me chamado e entro em desespero imediatamente, Henrique começa a rir.

Ele não pode me ver desse estado, isso está fora de cogitação. Oh céus! O que eu faço? Peço ajuda do Henrique, mas o mesmo só sabe rir. Então sem escolha alguma vejo feno de cavalo e me jogo ali mesmo, os risos cessam. Me cubro com a palha não deixando nenhuma parte do meu corpo visível. O cheiro está horrível e está fazendo minha pele coçar, mas tenho que suportar.

- Ayla, sai dai! - Henrique tenta me puxar, sinto que ele está prendendo o riso.

- Ei ? Você viu a Ayla? - Ele solta minha mão e se vira abruptamente caindo em cima de mim, solto um gemido de dor.

- Não. - Respondeu.

- Mas a mãe dela disse que ela estaria aqui com você.

- Está vendo ela aqui? - Henrique desdenha e reviro os olhos mentalmente, ouço alguém bufar aparentemente irritado.

Ele levanta e desaba em cima de mim propositalmente e grito, tusso por que entrou palha em minha boca. Empurro ele que cai ao meu lado, levanto tirando os vestígios de feno do meu cabelo

- Por que não queria que ele te visse uai? Pensei que ocê gostasse dele.

- Eu gosto. - Passo as mãos em minha roupa. - Mas é que não quero que ele me veja nesse estado, fedida e suja.

- Se ele é seu namorado...tem que gostar de ocê de qualquer jeito, até suja e fedida.

- Já conversei com você demais. - Pego umas palhas e jogo nele. - Não pedi sua opinião.

Quando estava saindo ele me puxa pela minha blusa me fazendo cair encima dele, sua respiração está ofegante e nós encaramos um ao outro com intensidade. Posso sentir seu hálito quente próximo ao meu rosto e me sinto tonta e pela primeira vez não sei que atitude tomar, eu quero que ele me beija. Fecho os olhos esperando que seus lábio carnudos e vermelhos me beijasse.

- O que ta acontecendo ?- Abro os olhos de súbito caindo na realidade, olho por cima do ombro vendo Lucas com o cenho franzido. Volto meu olhar pro Henrique e me assusto por está tão próxima dele dessa maneira, levanto rapidamente.

- Nunca mais chegue perto de mim dessa maneira. - Digo rudemente ao Henrique que me olha sem entender, ele levanta e me aproximo de Lucas. - Eu cai e ele me ajudou.

- Vocês pareciam...

- Parecia nada.- Corto ele. - Eu vou tomar um banho, esse caipira me contaminou.

Saio em disparada pra casa subindo as escadas rapidamente, entro no quarto fechando a porta atrás de mim, encostando as costas na mesma.

Eu ainda não estou acreditando no que aconteceu, se Lucas não tivesse chegado com certeza eu e Henrique nós beijariamos. Como pude deixar chegar aquele ponto, aquele clima que rolou. Mas provavelmente deve ser por que ele é homem e digamos que um bem bonito por sinal, talvez sinta uma atração por ele. E não passa disso apenas uma atração e um desejo carnal por aquele jeito de peão bruto mal educado....perai? Eu pensei isso ?

Entro no banheiro tomando um banho demorado sentindo a água escorrer pelo meu corpo, como se os vestígios dos seu corpo contra o meu fosse levado junto rumo ao ralo. Me lembro que deixei Lucas me esperando e desligo o chuveiro indo me vestir com algo leve, em seguida desço as escadas encontrando ele e meu pai conversando.

- O que meus amores conversam ? - Pergunto entrando no assunto. Lucas envolve seu braço na minha cintura depositando um beijo na lateral da minha cabeça.

- Conversa de homem amor. - Explica e meu pai sorri - Seu pai deixou você ir ao centro comigo, Vamos?

- Agora ? - Ele confirma. - Mas eu não almocei ainda.

- A gente almoça lá, Vamos! - Assinto e corro pra pegar minha bolsinha.

Do um beijo na mamãe e vejo papai abraçando Duda, decido não atrapalhar o momento e ignoro os dois.

Saimos de mãos dadas indo em direção ao carro, nos deparamos com Henrique. Seu olhar se cruza com o meu e automaticamente meu coração acelera. Ele não demonstra nenhuma reação me olhando friamente. Sorrio dando um selinho em Lucas para provocar o caipira, ele passa por nós como se não visse ninguém, ignorando completamente. Por essa eu não esperava, será o que aconteceu com ele? Isso tudo só por que rejeitei seu beijo, pois ele que se exploda que nunca ficarei com ele, NUNCA! Então não me chamarei Ayla Magalhães. Mas essa infeliz atração que sinto por ele vou tratrar de destrui-la.

Entramos no carro e Lucas da a partida, coloco o cinto me sentindo segura. Encosto minha cabeça na janela encarando o céu que posso ver que se forma uma chuva que caíra jaja. Na minha mente me vem o rosto do Henrique. Talvez o que eu queira mesmo é brincar com ele e com esse sentimento que provavelmente sente por mim e talvez seja isso que vou fazer.

Armadilhas Da VidaWhere stories live. Discover now