Capitulo 11

3.4K 224 32
                                    

Ayla...

Ainda posso ouvir a música, mas olhando bem a expressão de todos aqui, acho que sou a única que estou escutando. Minha cabeça está doendo e tudo ta rodando ao meu redor. Eu só sinto uma vontade imensa de rir por que minha vida é tão boa.

- Então vocês foram escondidos a uma festa! Da Ayla eu posso esperar tudo, agora você Henrique... eu estou decepcionado. - Papai diz. Ele está de braços cruzados enquanto caminha de um lado pro outro. Eu e o Henrique estamos no sofá com Duda ao nosso lado, ela está chorando e eu não sei por que.

- Seu Marcelo eu tenho certeza que o senhor me conhece, eu preciso de uma oportunidade pra me explicar.
- Não preciso de explicação! - Ele grita alterado. - Eu vi você praticamente nú com várias mulheres e ainda levou minha filha seu irresponsável!

Henrique leva as mãos ao rosto já sabendo que não vai ser possível dialogar com meu pai nesse estado. Minha mãe tenta acalmar ele, o que é em vão. Levanto a mão pedindo permissão pra falar, meu pai me olha com o maxilar cerrado e vem com tudo em minha direção, provavelmente para me bater. Me encolho e minha mãe entra em minha frente impedindo que meu pai prosseguisse.

- Tira ela daqui. - Mamãe grita em meio as lágrimas.

- Vocês interromperam meu sexo!- Grito sorrindo e Henrique praticamente me puxa pra fora da minha casa. Grito pra ele me soltar, sem alternativa ele me joga em seu ombro e sai me levando. Bato em suas costas mandando ele me soltar, o que ele só faz quando entramos naquela sua casinha pobre.

- A situação já ta difícil e você ainda piora! - Ele passa as mãos nos cabelos nervoso, então me encara.- Aquilo que você fez comigo foi tão baixo até mesmo pra você Ayla!

Sorrio indo pra cima dele e pressionando meus lábios nos deles, eu sempre quis o beijar. Mas ele não retribuiu e me afastou me deixando abalada, ninguém nunca me recusa. Então eu senti uma ancia de vômito e corri procurando um banheiro e me joguei em direção ao vaso vomitando ali mesmo. Sinto alguém atrás de mim, e mãos seguram meus cabelos impedindo que eles se sujem.

Paro de vomitar sentindo minha respiração ofegante. Nós dois estamos sentados no chão do banheiro. Encosto minha cabeça no peito do Henrique piscando várias vezes seguidas tentando fazer minha visão voltar ao normal, ela está tão embaçada me impedindo de ver com clareza. Fecho minhas pálpebras sentindo um carinho em meu rosto e adormeco ali mesmo.

[....]

Me espreguiço me sentindo confortável, me aconchego na minha cama que está quentinha. E continuo com meus olhos fechados, pois irei voltar a dormir. Então encosto minha cabeça em algo estranho e abro os olhos de súbito percebendo que não estou em meu quarto e sim no do Henrique, e o pior é que ele está ao meu lado. Solto um grito fazendo ele acordar assustado e ao me olhar suspira aliviando a tensão do seu corpo.

- Meu Deus o que to fazendo aqui?! - Pulo da cama saindo de perto dele. Eu não me lembro de nada, é bem possível que ele tenha me dopado pra dormir comigo. Oh céus! Eu fui estuprada por esse caipira nojento.
- O que você fez comigo?!

- Pensa direito Ayla.- Ele disse levantando e saindo do quarto.

Forço minha mente a lembrar e sinto uma dor, mas continuo insistindo e flashs do dia anterior me vem em mente. Eu droguei o Henrique e ele...Lucas me drogou, aquele filho da puta! Eu não acredito, mas o que to fazendo aqui?

Corro atrás do Henrique e percebo que ele está no banheiro, começo a bater na porta e tentar abrir o trinco, mas está trancada.

- Eu to banhando! - Ele grita la de dentro, e posso ouvir o barulho da água. Continuo batendo e ele abre a porta todo molhado com uma toalha enrolada na cintura.
- O que você quer?

- Eu lembrei, mas como eu vim parar aqui ?

- Seu pai te expulsou de casa. - Meu coração acelera e engulo seco já sabendo o que aconteceu. - Você sabe que ele não quer nem olhar na minha cara? Poxa garota! Qual seu problema, o que foi que eu te fiz?

Fecho os olhos me negando a acreditar no que aconteceu. Respiro fundo e saio para me sentar no sofá e tentar raciocinar direito. Henrique senta no sofá a minha frente.
Se não fosse a ocasião que eu me encontro, ficaria desorientada por ele estar dessa maneira em minha frente, mas agora nesse momento não consigo ficar mais abalada do que estou. Ele disse que meu pai me expulsou de casa, então ele deve ter me visto drogada. Só espero que não estivesse mais com o Lucas, só espero isso.

- Trouxe você aqui pra casa pro seu pai poder se acalmar. Mas você desmaiou. A Duda veio aqui e eu pedi a ajuda dela pra dar uma banho em você. - Ele explica e eu arregalo os olhos. - Eu só coloquei você na cadeira e ela cuidou do resto. - Ele completa fazendo eu ficar aliviada, pelo menos ele não me viu nua.

Ele levanta e vai até a cozinha enquanto isso continuo sentada pensando no que vou fazer agora. Eu preciso de um plano e uma estratégia, essas coisas não poderiam chegar a esse ponto. Minutos depois Henrique me entrega uma xícara de café e eu solto uma risada. Jogo a xícara no chão fazendo ela se quebrar e cacos voarem para todos os lados, ele me olha incrédulo.

- Eu não vou tomar essa porcaria que gentinha como você fez. - Rosno entre dentes.

- Eu cansei! Não sou obrigado a te aturar mais! - Ele grita fazendo eu recuar dando um passo pra trás. - Sai daqui! - Ele aperta meu braço e praticamente me arrasta pra fora da sua casa. Ele fecha a porta me deixando do lado de fora e solto um grito de ódio e saio batendo o pé indo pra minha casa.

O sol já está quente me fazendo ficar suada. Entro em casa já sabendo o que me espera, então se vou encarar a fera irei fazer isso agora. Abro a porta do escritório e vejo minha mãe discutindo algo com meu pai, aqueles olhos frios dele me olham com ódio ao me ver.

- Eu cogitei a idéia de você nunca mais entrar aqui. Mas analisando as circunstâncias Ayla, eu me pergunto. Por que você é assim? Uma garota fresca, mimada e irresponsável que só sabe dar trabalho e desgosto. Eu não tenho orgulho de nada em você, só me decepciona cada vez mais. - Respiro fundo tentando me controlar para não desabar em sua frente, mas é quase impossível diante dessa humilhação, meus olhos já se encontram inundados pelas lágrimas. - Eu vou contar uma coisa pra você, essa sua vidinha de não se preocupar com dinheiro já está no fim. Os problemas financeiros ja estão prestes a nos enforcar, não sei nem como vou sustentar essa fazenda....

Minha mãe coloca sua mão no ombro dele tentando o confortar. Como assim a gente não tem mais dinheiro? Eu não ouvi isso, eu não posso ser pobre, isso não é a vida que eu mereço.

Saio correndo pro meu quarto não querendo acreditar no que acabei de ouvir, minhas lágrimas já descem sem rumo. Minha irmã está chorando e me olha. Ultimamente essa garota só sabe chorar, não aguento mais isso.

- Você é uma irresponsável Ayla! - Ela disse e se embrulha com a coberta voltando a chorar. Isso não é novidade minha querida irmã, ultimamente estou escutando isso muito.

Vejo meu celular encima da cama e entro no banheiro me trancando. Minha vida não pode ficar assim, eu vou sair dessa e construir uma vida rica e com muito status. Próximo mês será meu dia de glória e infelizmente vou precisar da ajuda daquele idiota.

- Lucas? - Pergunto quando ele atende o celular. - Onde você ta?

-Oi minha vida. Acabei de chegar em casa, você acredita que fui preso? - Reviro os olhos.

- Preciso da sua ajuda.

Expliquei tudo pra ele que concordou e disse que iria me ajudar, pelo menos pra isso serve. Próximo mês irá acontecer a competição de hipismo e preciso vencer. O prêmio é uma quantia de dinheiro surreal, e quando ganhar poderei construir minha vida longe daqui. E com certeza levarei minha mãe junto.

Termino de tomar meu banho, eu não estou me sentindo bem. Sinto uma sensação estranha dentro de mim como se algo estivesse errado. Encaro pela janela Henrique andando com seu violãona mão. Quando a gente era criança ele tentou me ensinar a tocar, mas eu não conseguia aprender e dizia que a culpa era dele. Sorrio ao lembrar. Há algo em mim com relação a ele que eu não entendo.

Vou para minha cama, por hoje chega, eu preciso de um bom sono na minha cama, ela sim é uma cama de verdade.. Apesar de a cama do Henrique não ser tão mal assim, tem o cheiro dele. Ele é cheirosinho até.. Mas é o Henrique e o Henrique é o Henrique. Sem novidades.. Penso em coisas variadas até dormir.

Armadilhas Da VidaTahanan ng mga kuwento. Tumuklas ngayon