Capítulo 3

1.8K 148 9
                                    

Pérola


Meu pai já havia terminado a oração, e todos começamos a atacar a comida. Minha mãe havia feito carne assada, junto de batatas grelhadas, havia arroz, feijão, farofa ,saladas verdes e de legumes. Sucos de dois tipos, um de abacaxi e outro de morango. Na mesa havia comida para um batalhão. Todos falavam ao mesmo tempo, eu mal sabia para quem dava atenção.

— Pérola, qual faculdade pretende fazer? — Me perguntou a Helena, enquanto tomava um gole de seu suco de morango.

— Ah, eu quero ser veterinária.
— Sorri contida, enquanto mastigava um pedaço da carne assada.

— Que legal. — Sorriu.  —  Sabe, o pai do Luan tem uma fazenda. Se quiser ir conosco algum dia lá e só me falar. — O Luan encarou a sua madrasta.
— O Luan sabe cavalgar, ele poderia te ensinar. — Eu assenti. — Seria bom para ele, já fazer amigos. E claro, se seu irmão quiser   poderá ir junto.
— O Miguel logo gostou da idéia,já  que prestava atenção  na conversa.

— Seria dahora! — Admitiu.  — É só a senhora marcar! — Afirmou e eu logo o belisquei na coxa, por debaixo da mesa. Ele arregalou os olhos, e os cerrou para mim.

—  Lena, eles podem ir no jantar em comemoração  ao meu aniversário. Vai ser algo pequeno, entre amigos.
— Sugeriu o Luan.

— Se vocês quiserem, é claro. — Eu corei novamente. —  O Artur pode levar vocês. Vocês  ainda se falam ,não  é?

— Sim. Meu pai trabalha com ele.
— Lhe disse. — O Nícolas. — Ela sorriu. — Mais ,enfim. — Pigarrei.
— Seria ótimo. —  Minha voz saiu trêmula e eu comecei a  tremer. Bebi um gole exageradamente grande de suco, e o Miguel fez algo que me fez quer tirá-lo desse mundo na mesma hora.  — Me desculpe! — Pedi assustada e todos olharam incrédulos para mim. O Miguel havia me beliscado de volta e eu acabei cuspindo o suco em cima do Luan.

— Deixe-me, ajudá-lo a se limpar.
- Sugeriu  a dona Fernanda toda solicita,  me fuzilando com os olhos e indo em sua direção com o guardanapo nas mãos.

— Não precisa dona Fernanda. Só  me diz onde é  o banheiro,por favor?

— Venha comigo, que eu lhe mostro. — Ele levantou-se e a seguiu  até  o banheiro.

—  Essa menina é meu orgulho.
— Murmurou a  Gi, ela sempre me incentivava a ser mais como ela. 
— Eu a repreendi com os meus olhos.

— Depois conversamos, mocinha.
—Dessa vez, era a minha mãe, me olhando com repreensão, assim que voltou  a se sentar na mesa conosco.

— Definitivamente, eu te mato.
— Sussurrei no ouvido do Miguel,mais uma vez,e  em seguida  o belisquei de volta.  Ele arregalou os olhos, porque dessa vez foi com mais força.

— Vou contar pra mãe! — Me disse de forma irritadiça  no meu ouvido.

— Se você contar, eu conto que você tem matado a aula do curso de informática para ir na casa do vô.
—Ele se calou e eu esbanjei meu sorriso vitorioso.

A conversa na mesa ainda era  aleatória.  Todos mundo falava algo ,e os assuntos, eram dos mais  diversos . Eu só comia, e olhava a minha volta. Não demorou muito para o Luan voltar. Ele se sentou novamente em seu lugar, e me olhou.  Por alguns segundos, ficamos com os nossos olhares focados um ao outro, e no fim aquele sorriso sem jeito com um Susurrou de desculpa.

—  Aí! — Murmurou o Luan, e em seguida olhou para debaixo da mesa. Logo entendi, pois olhei para o Miguel e ele ria contido entre suas garfadas na comida. Logo vi, que aquilo só podia ter sido ele. Ele havia chutado as pernas do Luan. 

— Parem vocês dois! — Falou a vó Marina, que estava sentada ao lado do Miguel. Eu fiz a minha cara de desentendida.

— Seu pestinha, você me paga!
— Murmurei irritada para ele e ele logo retrucou.

— Duvido! — Que meus pais me perdoem, mas eu mato esse moleque.

Depois que fomos separados pela minha vó Marina. Eu acabei sentada ao lado da tia Gi, a maldita que roubou o seu coração.  Eu ouvi meu pai chamá-la assim, e achei de certa forma a coisa mais linda do mundo, só tirando a parte da maldita. O resto é muito fofo!

— Ele é lindo. — Sussurrou a tia Gi, e eu corei. — Só tenha cuidado com a madrasta dele, aquela lá é maluquinha. — Rimos. A Gi é uma peça. — Se eu não estou enganada, ele também gostou de você! —  Piscou o olho para mim.

— Para, Gi. —  A repreendi por dizer essas coisas.

— Vocês duas o  que tanto cochicham? —  Nos indagou o curioso do meu pai, o Nícolas.

— Coisas de mulheres. —  Selou seus lábios ao dele a Tia Gi.

— Nossa ,acho que comi tanto, que a comida está querendo voltar por falta de espaço na minha residência.
— Falou o nojento do meu irmão, passando a sua mão sobre a sua barriga, que agora estava estufada.

— Miguel!  - Esbravejou a Helena , entre risos.

— Que tal, agora todos irmos para o quintal?   Lá poderemos conversar mais e  aproveitarmos para comer  a sobremesa. — Justificou-se meu pai. —  O dia está lindo, e pra quem quiser, a piscina está disponível.
— Sugeriu o meu pai  Erick, já se pondo de pé e ajudando a mãe a retirar os pratos . Todos assentiram, e já foram levantando-se ,e   cada um tomou seu prato e copos nas mãos e foram caminhando até a cozinha.

Depois de uma hora as louças já estavam todas lavadas, e todos estavam espalhados pela casa, e pelo quintal. Na piscina, estava a Tia Gi, junto da vó Marina. Deitado sobre a cadeira que havia ao lado da piscina em tamanho razoável, estava o meu pai Nícolas quase desfalecendo.

As outras pessoas da família, estavam circulando por aí, e eu estava sentada nos pés da árvore.  A única árvore que temos no quintal, ela era uma goiabeira.  Mais estava  só em galhos e folhas já que a época ainda não havia chegado para os frutos.

Eu tinha meu violão nas mãos, e um caderno onde eu criava algumas letras, para quem sabe no futuro criar uma banda de rock . Meu lado romântico me supera, mesmo tentando ser mais como a tia Gi, forte e decidida.

— Você toca bem.  — Eu o olhei e lá estava ele, em pé , me olhando de cima para baixo com um sorriso encantador nos lábios. — Posso me sentar aqui com você? Sabe, eu não curto muito ficar na multidão.  —  Eu ri, porque apesar de querer ter a minha banda, eu também sou mais na minha. Eu assenti e ele se sentou ao meu lado, nos pés da goiabeira.  E de longe, pude ver o sorriso travesso brotar nos lábios da tia Gi.

 Um Pedacinho de nós Dois ✔Where stories live. Discover now