Capítulo 37

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Leon




Eu  consegui uma carona com um motorista de caminhão,acho que ele havia ficado com pena de mim. Ele me deixou bem próximo da lanchonete, segui o restante do caminho a pé.  Assim que cheguei em casa,  fui logo pro meu quarto. Não deixei minha mãe me ver,ela iria se desesperar. Puxei um short do cabide e segui para o banheiro. Tomei cuidado para que ela não  me visse indo pelo corredor até o banheiro. Virei a maçaneta rapidamente,entrei e fechei a porta. Me despi e me olhei no espelho pequeno que havia acima da pia. Eu estava horrível. Eu devia procurar um médico, meu nariz estava torto. Toquei com as pontas dos dedos e eu me contorci de dor. Eu temia pelo o que tinha que fazer. Abri meu celular em um aplicativo de vídeos, e busquei rapidamente algo que me ajudasse a colocá-lo no lugar. Achei um monte. Vários que explicavam todo o procedimento. Respirei fundo e mesmo eu tendo achado em uma página da internet em negrito que não  era para tentar colocar os ossos no lugar,eu ignorei e fixei meu olhar no espelho. Puxei uma quantidade de ar pela boca e antes que a coragem fugisse de mim,puxei a parte superior do meu nariz ,e com um único movimento, consegui colocá-lo no lugar. A dor cessou um pouco,mas um arrepio tomou conta do meu ser,e eu suava frio. Acho que essa foi a primeira e a última vez que eu iria tentar algo desse tipo. A dificuldade de respirar normalmente estava comprometida,era angustiante manter a respiração  pela boca,mas era preciso. Abri o chuveiro e me enfiei debaixo dele. Deixei  a água  percorrer por meu rosto. Tive que diminuir a pressão da água, e era reconfortante senti-la bater no meu rosto. Meu banho foi rápido. Fechei o chuveiro e me sequei.  Vesti um short,e sequei meus cabelos. Calcei meu chinelo,e abri a porta do banheiro. A casa estava silenciosa. Creio que a minha mãe havia ido pra lanchonete ajudar meu pai. Ele devia estar um fera pelo meu sumiço. Segui para a cozinha, peguei uma chaleira da pia e a enchi com água.  Com a ajuda de uma caixinha de fósforo ascendi o fogão e aguardei a água esquentar. Busquei a caixa que meus pais mantinham em cima da geladeira com alguns remédios. Achei um analgésico e um antiflamatorio.  Tomei o antiflamatorio rapidamente e assim que a água esquentou,desliguei o fogo e com cuidado levei comigo até o quarto,junto de um pano limpo e o analgésico. Tranquei a porta,e me sentei na cama. Deixei a panelinha no criado mudo,e molhei o pano. Deixei o comprimido ao meu lado da cama,e deitei. Fiz uma leve compresa em meu rosto,meu nariz estava inchado.

Foi inevitável não deixar uma lágrima  rolar pelo meu rosto. Não  pela dor,fisicamente,mas pela dor da alma. Eu me sentia culpado por ter feito a vida da Pérola um inferno. Eu juro que tentei ajeitar as coisas pra vida dela. Aquele garoto é  pior que uma mula empacada. Eu podia ter deixado ele arriado  no chão,mas violência não  ajuda resolver nada. Eu mereci apanhar. Eu sou um idiota de pensar que ela iria me olhar de outra forma. Ela não  é  garota pra mim. Ela é  garota pra ele. O pior é  que ele não  entende isso e insiste em culpa-la.






Algumas semanas depois



Pérola




E

u tinha parado de ir nas aulas de música.  Eu queria manter uma certa distância  do Leon. Eu sabia que ele não  teve culpa sozinho nessa história. Eu o deixei pensar que eu gostava dele,do jeito que ele pensava. Eu cheguei a cogitar em nós  dois juntos,mas não  daria certo. O Luan me tocou de um jeito que nenhum outro conseguiu. Eu já  beijei alguns meninos,antes dele. Da escola,do curso de violão, que fiz no ano passado pra aprimorar o que eu tinha aprendido,um vizinho que morou do lado da minha casa,agora ele não  mora mais. Fiquei sabendo que ele saiu do estado,e foi pra outro mas longe. Ele era russo,mas alto que eu,desleixado e adorava passar as tardes na frente do computador. A mãe  dele gostou de saber que éramos amigos. Isso era o que ela pensava. Entre as cercas da nossa casa,trocávamos beijos. O Miguel nunca tava em casa,nessas horas. Era um alívio. Mas o Luan? Ele tinha algo diferente. Laços de anos,já que já passamos uma tarde, a alguns anos atrás, brincando juntos. A família se conhece,e nossos gostos são parecidos. Ele é um bom garoto,apesar de solitário e amargurado. Ele deve ter os motivos dele,mas eu o feri. Desencadeiei algo que eu não consegui entender,e que ele não tá sabendo lidar. Acho que não vou vê-lo mais.  Foi nosso Adeus. Um pedacinho nosso,que se foi. Sentirei saudades,de sentir saudades dele. Eu sabia que de alguma forma ele sempre voltaria,agora não mais. Eu afastei essa possibilidade quando deixei aquele beijo nos afastar. Perdi o homem que amava ,e afastei um amigo que ganhei da vida. Talvez eu tivesse mais do meu pai Nícolas do que eu previa. Temos esse dedo podre pra afastar quem amamos.

 Um Pedacinho de nós Dois ✔जहाँ कहानियाँ रहती हैं। अभी खोजें