Capítulo 9

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Eu sei que já faz quase dois meses que vocês estão sem a história. Então, recapitulando - se você ainda lembra, pode pular:

"Anne foi obrigada pelo seu chefe esquizofrênico, Pepa, a participar de uma missão: descobrir o que o Morgado está fazendo aqui no Rio. Aparentemente, Morgado só veio para dar alguns treinamentos, mas Pepa cismou que ele tem planos de ocupar o lugar dele. Anne, com seu jeito meio desastrado, tenta cumprir com o que o chefe pediu e manter os laços de uma amizade que está se desfazendo aos poucos. No capítulo 2, ela e Morgado combinam de fazer "encontros surpresas", já que Pepa a encarregou de fazer "companhia" para o moço. A primeira escolha foi da Anne. Ela levou ele para um campeonato de Pokémon em um evento anime onde seu amigo, Red, ia participar de um campeonato."

O tempo passou tão rápido que eu nem percebi. Depois de um tempo, quando você começa a se concentrar no que os jogadores estão fazendo, o número de pessoas na sala diminui, e você consegue enxergar a micro tela de poucas polegadas, você começa entender um pouco da dinâmica do jogo. O jogo tem bastante a ver com probabilidade e sorte. Não deixe o Red ouvir isso. Ele morre de raiva quando alguém diz que Pokémon competitivo é "sorte". Mas como eu não entendo nada de probabilidade, eu acredito na sorte mesmo.

Ele simplesmente foi ganhando uma rodada após a outra e subindo na chave da competição. Agora ele estava ali enfrentando o campeão do Rio de Janeiro. Um de frente para o outro sentados em carteiras escolares, um pouco cômico esse fato. Um grupo de umas dez cabeças estão em volta deles. Eu tento ver alguma coisa nas pontas dos pés, mas ao mesmo tempo não quero ver nada. Até o Morgado que passou algumas horas fazendo ligações de trabalho ficou interessado em ver essa última partida.

Meu coração quase sai pela garganta quando o pokémon do adversário, um dragão com antenas, faz um ataque que come boa parte dos pontos de vida do pokémon do Red. Eu simplesmente não consigo mais olhar e prefiro manter distância.

Isso tudo parece coisa de criança. Vejo esses marmanjos de barba na cara ficando loucos por causa de um jogo e tento rir. Mas não consigo. Eles realmente acreditam nisso e quem sou eu para julgar? Aquela que fica lendo romances dentro de quatro paredes onde não tem ninguém para me julgar. Eles são muito mais corajosos do que eu expondo suas paixões. Red está indo atrás do sonho dele. Então, percebo que o medo que sinto não é dele perder essa partida, mas saber que ele pode desistir por ter sonhado alto de mais.

A sala explode em alguns gritos indecifráveis e tento entender quem ganhou. Todo mundo começa a se abraçar e cumprimentar. Morgado sai do meio da pequena multidão de doze pessoas e vem ao meu encontro.

-Ele é muito bom.

Antes que eu possa perguntar ele quem. Red, de repente, surge do meio dos caras e vem me dar um abraço.

-Eu consegui, Anne! Eu consegui!

Conheço a voz dele tempo o suficiente para saber que ele está à beira das lágrimas. Eu sei que ele não vai chorar, não que esse fosse um problema para ele. Enquanto nos abraçamos percebo que de fato ele deve estar fazendo alguma atividade física, já consigo sentir alguns de seus músculos mais enrijecidos.

-Então, vamos comemorar? Depois de tanta coca-cola preciso ingerir algo um pouco mais adulto e alcoólico.  - Morgado nos traz de volta para realidade.

Ouço a bufada do Red, enquanto ele sai para se despedir do pessoal, soltando um já volto. Eu precisava dispensar o Morgado de alguma maneira. Foi okay para o Red suportar ele no evento, mas na comemoração seria um pouco de mais.

-Eu sei que hoje foi um tanto inusitado... - tento começar.

-Com certeza!

-Você podia ter ido embora, mas ficou até o final...

Eu Escolho VocêWhere stories live. Discover now