Capítulo 17

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Quando acordei na manhã seguinte minha mente entrou em estado de negação. Primeiro, eu me recusava abrir os olhos e encarar que ainda estava viva. Segundo, queria que ontem não tivesse existido. E para piorar tudo, era segunda-feira e esse era um motivo cruel o suficiente para existir como pessoa.

E cada minuto a mais de relutância que eu passava embrenhada nos meus lençóis, maior era o sentimento de culpa por perder um tempo precioso que podia estar tomando café e me arrumando com calma. Mas o que me fez levantar foi a campainha tocando.

O Morgado parado na porta foi a primeira imagem que veio na minha mente. Talvez tudo o que ele precisava era de uma boa noite de sono para se dar conta do quão ridículo ele foi. Jogo os lençóis para o alto e saio pisando firme em direção a porta.

Enquanto passo pelo corredor, vejo que a porta do banheiro estava fechada e Loraine devia estar tomando banho pelo barulho.

Determinada em não sei exatamente o que, abro a porta esperando encontrar um Morgado arrependido implorando para beijar os meus pés. Mas encontro um Red com uma cara de que alguém morreu.

- Porra, Anne! - aquilo saiu de dentro dele junto com uma bufada de alívio.

- Que foi? Alguém morreu? - abro caminho para ele entrar.

- Caralho, Anne - ele parecia muito transtornado - Ainda bem que não foi você. Sabe quantas vezes eu te liguei ontem? Onde você se meteu? Eu até mandei um mensagem para o seu pai.

- O que?

Corri até o meu quarto para pegar o celular fazendo com que o desespero me obrigasse a ver aquele enxurrada de notificações.

- Por que você falou com o meu pai? - eu gritei do quarto tentando absorver todas as informações vinda de milhares de aplicativos na tela do meu celular.

Tinha milhares de mensagens da Ju perguntando como estavam indo as coisas e com GIF sugestivos que preferi nem baixar. Pulei para o grupo de trabalho. Maldito, Morgado que tinha me enfiado ali. Mesmo sem ter nenhuma notificação dele, eu abri a conversa só para ser mais um pouco mais otária e vi que ele esteve online há dois minutos.

O que eu esperava? Uma mensagem de bom dia?

Red apareceu na porta do meu quarto e se encostou no batente. Na mesma hora, como uma criança sendo pega no flagra mudei para conversa com ele que tinha de tudo um pouco, desde mensagem, emoticons e áudios.

- Onde você se meteu?

Não tinha nenhuma mensagem do meu pai. Graças a Deus. Depois que a minha mãe morreu, eu tive alguns períodos difíceis onde queria sumir. Mas não no sentido literal. Eu só precisava de um tempo para absorver tudo isso. Na época, o meu pai ficou muito preocupado com isso. E teve uma vez que ele acabou vindo de Nova York para o Rio, sem pensar duas vezes, porque eu passei um dia inteiro trancada no meu quarto dormindo e vendo Friends - e chorando, e lembrando de todas as piadas sem graça do Chandler que ria com ela.

- Por que você foi falar com o meu pai, Red?

Enquanto eu esperava por uma resposta. Mandei um bom dia com alguns emoticons para o meu pai só para seja lá o que ele recebeu do Red, não tenha um ataque dos nervos.

- Você me diz que vai ficar em casa o dia todo vendo Netflix e simplesmente não me responde o dia todo. Pior! Eu venho aqui e a Loraine me fala que você não está em casa. Você não estava com ele, estava? - nós sabemos muito bem de qual "ele" o Red está falando.

Eu engoli em seco enquanto encarava um Red completamente transtornado. E foi quando reparei que ele estava praticamente de pijama usando um short de flanela curto de mais para o estilo dele, uma camiseta regata (o Red usava regata desde quando?) e chinelo. O Red nunca usava chinelo.

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