Capítulo 22

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- Então, é isso team Red. A vitória nesse último campeonato em Sampa foi muito importante para minha carreira. Uma vitória que devo a todos vocês e...

Eu não queria terminar essa live. Isso significa abrir espaço na minha cabeça para os problemas voltarem. Já dizia minha mãe: "cabeça vazia é a oficina do diabo", ou algo assim. Só que forçar a animação também estava sendo muito penoso.

- Então, beleza! Vou escolher uma última pergunta. Mandem aí.

Comecei a acompanhar novamente o chat para ver se tinha alguma pergunta que realmente valesse a pena responder. A maioria eram bem escrotas. Acho muito louco como o anonimato da Internet faz florescer o lado mais babaca de algumas pessoas.

- Qual é, pessoal? Podem parar com essas piadas homofóbicas, caralho. Não sou gay e mesmo que fosse vocês não tem nada a ver com isso. Aliás, se os haters acham que estou me sentindo ofendido com isso, vocês estão perdendo o tempo de vocês. Vamos lá, eu sei que vocês podem mais do que ficarem se xingando. Ou me xingando.

Rolei mais a conversa tentando ignorar a discussão que gerei por ter reagido aos ataques. Mas fiquei feliz de ver que os team Red de verdade tinham uma consciência melhor enquanto membros de uma sociedade.

- Opa! Acho que temos uma pergunta interessante aqui.

Surpreendentemente a pergunta era em espanhol.

- Não sou lá essas coisas em espanhol, mas pelo entendi, o Cletwo quer saber quais os meus planos para os torneios da América Latina. Bem, Cletwo... os planos são ganhar todas - ri, pela minha idiotice - mas sério, eu tenho o meu time setado e vou trabalhar nele fazendo algumas alterações dependendo do adversário que vem pela frente. Com certeza, o patrocínio da Power Up vai fazer toda a diferença. Mas claro que o apoio de vocês aqui no twitch também está sendo fundamental. Caraio, vocês são fodas. Já falei isso?

Vejo que Cletwo mandou uma outra pergunta: ¿pregunta idiota ahora, algún objeto de la suerte?

- Acredite, Cletwo, perto do que o pessoal fala aqui, sua pergunta está longe de ser idiota. - Eu paro um segundo para pensar - acho que não sou uma pessoa muito supersticiosa. - pego uma réplica da pokebola que estava na mesa a minha frente. Começo a jogá-la de uma mão para a outra. - Para falar a verdade, eu já tive uma camiseta da sorte, mas acabei perdendo ela por aí. - dei de ombros tentando me fazer crer que eu não me importava com isso, porque duvido que estivesse enganando mais alguém além de mim.

Na realidade, eu sabia exatamente onde essa camiseta estava. Apenas a algumas quadras daqui. Para ser mais exato no apartamento de Anne.

Fico impressionado como ela consegue ferrar com a minha cabeça. Ela é quase como um ataque de attract. Esse ataque faz com que o pokémon se apaixone e o adversário, no caso eu, tem 50% de chances de falhar quando o oponente é do sexo oposto. Mas acho que no meu caso com a Anne é de 100%.

Maldita memória minha de nerd que consegue lembrar de tudo nos mínimos detalhes. Ou talvez apenas coisas sobre Pokémon e Anne. Tenho quase certeza que essa é a divisão básica do meu cérebro.

Ela tinha acabado de voltar de Nova York e parecia outra pessoa. Nunca tinha visto a Anne tão decidida na vida e otimista. Claro que eu sabia que aquilo tudo era só uma defesa momentânea para ter que encarar a saída do apartamento onde ela e a mãe viveram até então.

- Estou tão empolgada com a possibilidade de morar em um novo apartamento com uma colega de quarto. Claro, que se você fosse menos filhinho da mamãe poderia dividir comigo, né? Mas acho que a Lorraine será uma boa opção.

Eu Escolho VocêWhere stories live. Discover now