Capítulo 23

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Tudo parecia perfeito. Mentira. Não sei nem por onde começar.

Red e eu ainda estávamos brigados. E naquele mesmo dia em que eu sai sem querer com a camiseta favorita dele, eu deitei na minha cama e chorei a noite toda. E aquele só foi o primeiro dia de muitos choros em que eu não pudi correr para o colo dele.

Para piorar na última live que ele fez, que eu acabei vendo depois, porque nunca vejo as coisas ao vivo, pois sou uma péssima amiga, ele falou da maldita camiseta e eu sei que naqueles poucos segundos que ele ficou "fora do ar" estava pensando daquele dia.

Com o Morgado, bem, aquele também foi o último contato físico que tivemos. Os olhares ainda rolavam e algumas mensagens aleatórias enviadas de madrugada pelo whatsapp. E esse tempo fez com que eu pensasse muito se queria chegar nos finalmentes. O meu corpo com certeza está gritando SIM em todas as suas partes. Inclusive nessa semana de treinamento foi muito difícil não agarrar ele quando ele aparecia do nada atrás de mim, talvez perto de mais, analisando o que o meu grupo estava fazendo. Mas a gente sabia que tinha muita coisa em jogo no momento.

Mas voltando a questão sexo. Eu me conhecendo do jeito que eu me conheço, depois que passar pela cama com o Morgado será muito mais difícil voltar atrás. Se eu acho que já estou apaixonadinha por ele só por ter trocado uns beijos calientes, imagina depois que a gente transar. Infelizmente, não sei fazer sexo casual. Sempre rola sentimento comigo, ou o que eu acho que sejam sentimentos e, por isso, eu sempre caio em péssimos relacionamentos.

Apesar de toda essa sofrência envolvendo homens da minha vida (sim, em uma semana o Morgado já está classificado nessa categoria). Com certeza a pior coisa dessa semana foi o treinamento. Eu tentei seguir o conselho do Morgado de mudar de grupo. Só que eu não sei em que universo paralelo eu fui jogada, mas parecia que todos os meus colegas de trabalho queriam me boicotar. Foi uma semana intensa de palestras via skype, visitas de profissionais de referências de todas as áreas e muitas atividades em grupo.

Eu percebi algo recorrente: ou minhas ideias simplesmente eram ignoradas, ou ninguém me deixava executar nada. Algumas vezes eu ficava me alternando entre barata tonta, que não sabia para onde ia, e peixe fora d'água abrindo e fechando a boca, porque ninguém fazia questão de ouvir minhas ideias.

Nos últimos dias, nós ficamos super empolgados, porque o Morgado anunciou que a chefona de todos nós, dona da p*** toda, estaria vindo para realizar uma entrevista com os dez destaques, depois da semana de treinamento, que o Morgado e o Pepa escolheram juntos. Para não causar histeria ou desconforto, os dez escolhidos seriam anunciados por e-mail e as reuniões seriam marcadas ao longo dos próximos dias em horários aleatórios. Mas claro que isso é no plano perfeito em um mundo abstrato onde fofocas de escritórios e inveja não existem.

O pior foi que logo depois dessa notícia incrível da vinda da Rebecca Paulmann para o escritório do Rio começou um boato que espalhou como fogo no mato. A fofoca chegou até mim por ninguém menos que Ju no banheiro. Porque, claro, ninguém mais do trabalho estava falando comigo.

Eu estava lavando as mãos tentando manter os problemas longe da minha cabeça desenvolvendo diálogos imaginários na minha cabeça com a Rebecca, quando Ju chegou do meu lado apoiando o quadril na pia de braços cruzados.

- Você sabia né?

Eu não fazia ideia do que ela estava falando.

- Não mente pra mim, Anne. Somos amigas, caaara. Como você escondeu isso de mim.

- Do que você está falando, Ju?

- Eu sei que não tenho filho para sustentar, mas tenho boletos para pagar. Se você tivesse me falado antes, eu já estaria procurando alguma coisa.

Eu Escolho VocêWhere stories live. Discover now