Capítulo 24

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- Desculpa - a Ju abraçou.

- Relaxa. Ela pode estar só latindo. Sabe, cão que ladra não morde.

Eu recebi uma notificação de e-mail pelo celular. Mesmo sem abrir eu já deduzi do que se tratava só pelo assunto: Parabéns! Você é um dos TOP10 da agência. Eu tinha sido selecionada para reunião com a Rebecca.

Na mesma hora, o celular da Ju começou a apitar enlouquecidamente. Ela começou a mexer e lançando alguns olhares de culpa para mim.

Eu vi o balãozinho de notificações do meu whatsapp pular de 50 para quase 500 notificações. Quando abri o aplicativo, mais da metade era do grupo do trabalho e outras começara a fazer o meu celular apitar através de mensagens diretas de colegas de trabalho. Não consegui absorver muito das informações. Eram muitas mensagens. Mesmo! A maioria me xingando, outras perguntando se era verdade, tinha até algumas como uma espécie de alerta falando que estavam me difamando. No meio de tudo aquilo, eu vi mensagens não lidas do Morgado.

Morgado: Roxy?

Morgado: Roxy!

Morgado: Você está bem?

Morgado: Me responde, por favor. Preciso falar com você.

Eu olhei para Ju que estava desolada. Eu tinha estragado toda a minha carreira por causa de um cara. Caras tinham estragado a minha vida em muitos sentidos e pela primeira vez eu tinha deixado isso chegar no nível profissional.

Alguém começou a abrir a porta do banheiro e eu olhei assustada para Ju que saiu correndo para impedir que a pessoa entrasse. Ela girou a chave embutida e trancou a porta.

- Desculpa! Limpeza! - ela gritou segurando o nariz para reproduzir um voz mais anasalada.

Enquanto eu vi minha amiga segurando as pontas de toda essa situação, eu senti uma lágrima brotar do meu olho esquerdo. Logo em seguida surgiu outra no direito.

Meu celular começou a tocar e foto do Morgado, que ele tirou aquele dia no restaurante, preencheu a tela do meu celular.

Foi como se eu tivesse levado um soco no peito. Todo o ar que tinha nos meus pulmões sumiram e eu comecei a chorar descontroladamente. Meu corpo cedeu. Eu larguei o celular no chão que se desmontou em mil pedacinhos. Já de joelhos no chão, Ju correu para me abraçar.

- Calma, Anne. Tudo vai se resolver. - ela esfregava as minhas costas e lembrei da minha mãe, das vezes que ela me consolava quando assistia a algum filme triste, tipo, Bambi e eu caia em um choro incontrolável.

- Eu - entre soluços tentei formar uma frase que Ju pudesse entender - preciso ir embora - respirei mais uma vez em meio às lágrimas - Preciso ir para casa.

No mesmo instante, como um passe de mágicas, o alarme de incêndio do prédio começou tocar.

- Ou a vaca da Cíntia colocou fogo no prédio, ou você tem um anjo da guarda bem forte - Ju falou com um sorriso.

- Espero que seja a segunda opção - comecei a enxugar as lágrimas.

E foi então que começamos uma operação de guerra. Eu precisava sair daquele banheiro, mas não queria ser vista. Seja o quem ou que for que tenha acionado esse alarme de incêndio com certeza é a minha deixa para sair correndo. Juntei as partes espelhadas do meu celular. Enquanto, Ju destrancou a porta para ver a movimentação.

Aparentemente todo mundo já tinha saído daquele andar e eu e Ju caminhamos até o elevador de serviços nos fundos.

- Mas a gente não pode pegar elevador em caso de incêndio - eu apontei para a plaquinha do lado da porta.

Eu Escolho VocêWhere stories live. Discover now