Capítulo 13

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Eu sai do quarto puxando a saída de praia para baixo. Parecia que a Ju tinha feito questão de pegar a peça mais curta disponível na loja. Okay que eu estava usando biquíni por baixo e que a regra de convivência na praia permite esse tipo de coisa. Mas outra questão que a Ju fez foi escolher o menor biquíni que eu já vi na vida. Talvez eu esteja exagerando, mas ele era muito pequeno. Por exemplo, a parte detrás ficava entrando... ham... lá!

A caminho até o lobby foi um tanto torturante. Uma mistura meio desajeitada de tentativa de cobrir a polpa do bumbum e tentar fingir que não tinha um troço onde ele não deveria estar.

Quando cheguei no local marcado, ele estava lá mexendo no seu celular super compenetrado. Tinha algo de diferente nele. Eu me dei ao luxo de ficar olhando, criando uma espécie de jogo de sete erros com o Morgado da minha cabeça e o que estava ali.

A conversa rápida que tinha acabado de ter com a Ju veio a minha cabeça. Não consegui conter o riso. Ele. Apaixonado por mim? Não que eu ache que ele seja muita areia para o meu caminhãozinho. Só... Somos tão diferentes.

-Anne! - ele finalmente levantou o olhar do aparelho e me trouxe de volta para a realidade. Essa a qual preciso me preocupar se minha bunda está aparecendo ou não.

-Você está ótima!

-Você também - respondo no automático. Ele estava de bermuda! Era isso que o estava deixando tão diferente?

- Vamos? - ele olhou para o relógio de pulso - O barco sai daqui a pouco.

Relaxa, Anne. Eu deveria adotar esse mantra para o resto da minha vida.

Seguro firme uma bolsa que estava dentro de uma sacola de presente. Ela guardava um kit completo para praia. Protetor, canga, óculos de sol e outras coisinhas. Eu joguei o meu celular ali dentro, mesmo sabendo que ele morreria a qualquer momento.

Entrei no carro, o mesmo que trouxe a gente do heliporto até o hotel. O motorista anunciou que o pier ficava a poucos minutos dali, mas claro que o Morgado não perdeu tempo de voltar para o celular.

Se hipoteticamente, num mundo completamente imaginário, ele estivesse interessado em mim, tinha alguma coisa errada nas suas estratégias.

Relaxa, Anne. Repito para mim mais algumas vezes.

Mas ele continuava lá com olhos grudados na telinha. Vez ou outra, seus dedos se moviam numa agilidade incrível para responder alguma coisa. Eu não queria parecer uma garota mimada que precisava da atenção dele. Mas eu sou um ser humano, poxa. Estou ali do lado dele. Seria mais fácil se tivesse alguém para conversar. Afinal, eu não consigo parar de pensar em como tudo isso está sendo meio over.

Ele poderia ter me levado para jantar em qualquer restaurante chique da zona sul e já seria humilhação suficiente para mostrar o quanto não me esforcei para levá-lo para algo legal no sábado.

Eu queria conversar com ele. Eu precisava descobrir se tinha algum fundamento no que a Ju falou, se aquele olhar que ela viu realmente existe em algum lugar dentro desse cara do meu lado.

Algo dentro de mim começou a crescer. Uma espécie de sufoco. Eu queria gritar e perguntar para ele, "Por que raios você está fazendo tudo isso?".

O carro parou e minha cabeça parecia ter sido transportada para algum universo paralelo. Meu corpo pareceu ficar sem controle, como se comandante tivesse abandonado o barco. Eu simplesmente puxei o celular da mão do Morgado.

Eu fiquei agarrada nele e não sei quem estava mais espantado nessa história toda.

O movimento foi rápido, mas mesmo assim parecia que eu tinha corrido uma maratona. O meu peito levantava e descia na busca de mais ar. Eu não acreditava que tinha feito aquilo.

Eu Escolho VocêWhere stories live. Discover now