I.V. Uma missão suspeita

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por Haruno Sakura...

Eu queria socar alguma coisa.

Aonde diabos Kakashi-sensei estava com a cabeça?

Se ele precisava de uma médica ninja para essa missão, que mandasse outra pessoa. 

Aliás, aonde se fundamentava a necessidade de uma kunoichi com minhas habilidades em uma atividade de reconhecimento? Ainda por cima com Uchiha Sasuke? 

Quer dizer, ele seria capaz de destruir um exército inteiro antes de deixar que alguém tocasse nele, quanto mais um bando de nukenis idiotas. No mínimo, era esperado que Naruto nos acompanhasse, mas o ninja da ANBU que me procurou foi bem claro em dizer que tal missão exigia apenas dois participantes, e que o Uzumaki não estava disponível.

Eu ainda podia me negar a participar, mas se o Hogake mandou sua guarda particular em minha busca, a coisa não deveria ser tão simples assim, pelo menos, era o que se podia esperar. Não sei como lidaria com a parceria exclusiva de Sasuke em campo, mas não me permiti pensar muito sobre isso. Era uma missão e eu era uma kunoichi da Folha. Separar o pessoal do profissional era uma habilidade essencial para o meu estilo de vida e aprendê-la não foi nada fácil. Além do mais, precisava acreditar que já não havia mais nada entre mim e ele.

Como especificado, ao fim da tarde segui para os portões de Konoha, mas não sem antes checar todo o meu arsenal de armas e mantimentos médicos e proteicos.

Pensei que vacilaria ao encontrá-lo, mas fui perfeitamente capaz de reprimir isso quando o saudei na saída da vila. Kakashi estava lá para especificar nosso objetivo e expor a melhor estratégia, nos autorizando eliminar qualquer ameaça se fosse necessário, bem como colher informações se os boatos de uma nova organização se mostrassem verídicos. Minha indignação aumentou quando cheguei a conclusão de que tudo aquilo não passava de uma prevenção simples, de modo que qualquer genin seria capaz de executar, no entanto, preferi guardá-la só para mim e não contestar nenhuma ordem.

Quanto mais cedo iniciássemos, mais cedo terminaríamos.

Demoraríamos cerca de 72 horas para chegar até o primeiro perímetro de reconhecimento. Sasuke e eu não trocamos uma palavra durante o primeiro dia inteiro. Não senti que havia algo a ser dito, muito menos ele, de modo que não adiantava deixar tal assunto ocupar meus pensamentos por muito mais tempo. Concentrei-me no percurso, atenta a qualquer movimento ou alteração de chakra no meu raio de percepção.

Durante as primeiros três noites, Sasuke se prontificou em ficar de guarda enquanto eu dormia. Não era a mesma coisa que dormir na vila, mas bastava, já que querendo ou não, eu ainda precisava de algumas horas de sono. Falávamos apenas o necessário, aonde a maioria dos diálogos se resumiam em sentenças monossilábicas. De início, a situação não me incomodava, mas a cada hora que passava depois de um tempo, o clima pesava um pouco e a ansiedade mostrava-se incontrolável.

Montamos acampamento aos arredores das terras do rei feudal na quarta noite, ocupando uma caverna. Encontramos o raio limpo, sem nenhum tipo de rastro. Eu ficaria de guarda naquela noite, não havia o que discutir. A mente e corpo de Sasuke precisavam de uma pausa, ele concordando ou não, especialmente quando estávamos próximos do nosso objetivo.

Pensei em acender uma fogueira do lado de fora, mas optei por não chamar tanta atenção. A lua estava enorme lá em cima, refletindo luz o suficiente para fazer da noite quase dia. Claro que ela não possuía a mesma efetividade em aquecer as coisas, mas minhas reservas de chakras já encontravam-se perfeitamente restabelecidas, de modo que me aquecer não era uma tarefa difícil.

Acomodei-me em um rochedo irregular, não muito alto. Meu campo de visão ainda abrigava o nível abaixo da copa das árvores, meus pés quase tocavam o chão.

Uma alteração anormal no soar do vento entre as folhas me alertou, não fosse isso, a kunai teria alcançado minha testa. Pulei ao desviá-la, pousando já na posição defensiva a alguns metros da frente da caverna. A floresta parecia normal a minha frente, logo, eu estava preparada para o ataque que se mostrou bem as minhas costas.

Minha mão direita segurou o punho da garota no ar, acima de nossas cabeças. Por sorte, a kunai que ela erguia não cortou a dobra entre meus dedos. Pressionei seu pulso suavemente e vi a dor atravessar seu olhar, outrora bastante feroz. A lamina desabou de suas mãos. Se eu passasse disso, esmagaria cada osso de seus dedos. Não foi inteligente da parte dela, o que me intrigou um pouco. Fora fácil imobilizá-la, fácil até demais. A agonia do seu pulso deixava o resto do seu corpo completamente estático.

Até que sua estrutura se desmanchou em água e outro movimento impiedoso se construiu atrás de mim. Girei sobre meu calcanhar esquerdo, erguendo a perna direita ereta em uma meia lua. As costas do meu pé acertaram em cheio o rosto de alguém, lançando-o contra uma árvore, afundando-o no tronco.

Era a mesma garota que estava lá, desacordada. Parecia a original, mas eu não podia ter certeza, de modo que não me atrevi a uma aproximação. Eu ainda estava em linha reta com a entrada da caverna, posição que me permitiu lançar uma shuriken para dentro dela. Sasuke tinha que acordar.

Quando a arma sumiu na escuridão, as coisas se agitaram. A garota na árvore não passava de mais um clone e como se não bastasse, mais três dela surgiram ao meu redor, cercando-me em posição de ataque. Era uma distração sem dúvidas, de maneira que me fazia crer que se eu começasse a eliminá-las, outra ofensiva poderia vir de qualquer lugar. Confesso que não sabia se seria capaz de lidar com elas nessa perspectiva, em algum ângulo minha guarda estaria baixa, querendo ou não.

Uma delas avançou. Obtive sucesso ao tentar chutá-la em direção a outra, lançando-as no chão. A que restou veio logo em seguida, acompanhada de uma chuva de shurikens, vinda de todas as direções. A estratégia tinha sido executada da maneira que eu imaginava. Não me restava escolha. Esperava que Sasuke conseguisse sair da caverna a tempo, ou que o raio de destruição não a prejudicasse tanto assim.

A coisa estava em um nível tão útil, que meu punho não precisava propriamente encostar no chão para que a cratera se abrisse. A onda de choque era densa o suficiente para prejudicar o solo e repelir tudo o que estava no raio da minha força. Peguei leve na intensidade, na tentativa de poupar a estrutura da caverna, mas o barulho oco das pedras se empilhando logo se sobrepôs sobre o das laminas voando em direção contrária.

– Belo despertador – Sasuke disse, de pé sobre o tronco de uma árvore.

Decisões (SasuSaku)Where stories live. Discover now