IV.IV. Tradução literal

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por Uchiha Sasuke...

Sakura mergulhou mais uma vez, atravessando o largo rio de uma margem a outra.

Há horas ela estava ali, nadando tranquilamente desde que nos deparamos com o soar da água corrente. Era irritante como ela conseguia transformar as coisas numa simples viagem de férias. 

Observava a sua diversão de uma árvore próxima, sentado com as costas apoiadas no tronco, um joelho flexionado. O perímetro até então era seguro, mas meus olhos não a deixavam por um minuto.

Estávamos nos arredores do litoral do país do Fogo, perto dos portos que davam acesso ao país da Nevoa. Haviam se passado dois meses desde que Sakura juntou-se a nós e há três dias esperávamos Karin retornar de uma reunião com o então Mizukage. Ela e Juugo partiram com uma declaração do Rokudaime Hokage, com permissão para agir em nome da Folha. A Névoa gostava ainda menos de mim do que do restante da Taka, e nem de longe eu estava indo permitir que Sakura saísse das minhas vistas, de modo que consegui que Kakashi nomeasse Karin uma representante a fim de conseguir informações sobre nukenins de Kirikagure. O caso era que algumas rotas de antigos nomes de guerra poderiam resultar numa participação deles, mesmo que de forma indireta, para com os planos frustrados de Kaguya e todo o resto daquela bagunça.

– Você parece um velho rabugento com essa capa preta. Já se deu conta do sol maravilhoso que temos hoje? – Comentou Sakura, pondo-se de pé ao retornar da outra margem. A água já batia nos seus joelhos, obrigando-a a caminhar durante o resto do percurso até mim.

Não usava mais que seu costumeiro short acinzentado e uma camiseta fina e branca, que normalmente vestia por debaixo do uniforme rosado. A saliência de três meses ficou mais evidente, impregnada pelo tecido molhado, marcando não só aquela, mas todas as outras mudanças do seu corpo. Estaria sendo hipócrita se dissesse que ignorei o quanto seus seios estavam inchados e o quanto a fragilidade daquela camiseta deixava eles tão vivos. No entanto, ainda que majestosos, a coisa que eu mais gostava de velar era as linhas esféricas e ainda sutis do seu abdômen.

Ela sabia que eu a estudava atentamente e não se abalou, tão pouco me preocupei em fingir ser indiferente. Sentou-se ao meu lado, alcançado o sobretudo que passou a usar vez ou outra quando não podia se proteger com chakra dos intempéries frios. Cobriu os próprios ombros e respirou fundo, o nariz erguido para com a brisa, a postura ereta para receber melhor o ar. Em uma reação curiosa, um vento soprou ao nosso redor e algumas folhas secas tintilaram contra a grama. Admirei as linhas de seu queixo, demorando-me nelas antes de subir a atenção para as maçãs avermelhadas, assim como a ponta do nariz.

– Sente-se melhor? – eu quis saber.

Os últimos dias tinham sido difíceis. Sakura estava enjoando bastante, a circulação sanguínea das pernas ficavam tensas vez ou outra, pesando ao caminhar demais. Tínhamos desacelerado nas trilhas, de modo que decidi procurar as pistas mais próximas, em vez de buscar as mais distantes primeiro.

– Meu corpo está tão leve – ela sorriu em resposta, mas não se virou pra mim. Continuou sentindo a brisa acariciar suas narinas.
– Você deveria ir nadar também. A água está perfeita: nem gelada e nem quente. Minhas pernas estão tão aliviadas, acho que não vou sentir muitas cãibras por essa semana.

– A vila fica em alguns dias...

– Nós já conversamos sobre isso, Sasuke. Não vou voltar.

Soltei o ar pelo nariz. A cada dia que passava, eu me convencia um pouco mais de que era inútil tentar combater sua teimosia.

– Você conversou – murmurei.

Era verdade, ela batera o pé contra minhas tentativas de leva-la de volta. Afirmou que seria útil com suas habilidades, aliviando Karin da função de ninja médica, atribuindo-lhe só a carga sensorial. Não achava que precisávamos de tanto, mas nenhum dos outros dois foi capaz de me apoiar e contradizer Sakura. A Taka simplesmente me ignorou nas discussões.

Decisões (SasuSaku)Onde as histórias ganham vida. Descobre agora