II.III. Os palpites do Hokage

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por Haruno Sakura...

Suna nos recebeu com alívio. De certo, os médicos da Areia eram tão competentes quantos os da Folha, contudo, desde a morte da vovó Chyo, faltava-lhes um especialista em venenos.

Mais tarde, proporia a Gaara que pelo menos um de seus médicos ninjas passasse uma temporada no centro de pesquisa de Konoha, a fim de receber orientação adequada para com o assunto.

Como nos fora informado, a solução venenosa não era tão agressiva ao agir, comportava-se no organismo de uma maneira quase imperceptível, dificultando em parte o processo investigativo. Até a morte definitiva da vítima, o veneno seria perfeitamente capaz de se esconder. Se tivesse que causar alguma anormalidade, não passaria de um cansaço facilmente confundido com resultados das obrigações de um shinobi.

– Submetemos todos os ninjas que retornam de suas missões a um exame clínico completo – explicou-me um dos médicos. – Foi como descobrimos a contaminação nas redes de chakra dos pacientes em questão. Nunca vimos uma composição semelhante.

De fato, era uma substância muito rara, especialmente porque a folha que produzia o principal agente de ameaça estava quase extinta, dificilmente se dava com os terrenos de plantio mais comuns. Além do mais, a única vantagem desse veneno era sua capacidade de se camuflar, pois caso fosse descoberto, tornava-se inofensivo nas mãos de um especialista ou conhecedor.

Li todos os relatórios, desenvolvendo assim um antidoto que atuaria de maneira tranquila, ainda que sujeita a desconfortos. Os ninjas da Areia contaminados, embora em boas condições de locomoção e aptidão para as demais atividades, foram orientado por mim a ficarem de quarentena no centro médico enquanto a solução do antídoto agia neles. A intenção era evitar qualquer efeito colateral que pudesse aparecer ao passo que seus organismos lidavam com uma guerra interna entre anticorpos, agentes passivos e compostos agressivos. Posteriormente, teríamos que oferecer algum alívio manual, mas somente depois de 24 horas a partir do momento em que a contrapartida fosse aplicado, de modo que os médicos de Suna poderiam assumir a partir da aí.

Hinata e eu fomos levadas a um apartamento de hóspedes nas imediações do hospital. O lugar era pequeno, com um ar de temporário e tons de creme em toda sua extensão, mas extremamente aconchegante. Temari separara-se de nós assim que chegamos a aldeia, pois Gaara tinha solicitado sua participação em uma reunião que os ocupara pelo o resto do dia. Foi para tanto que o Kazekage não pode nem mesmo nos receber, como sempre o fazia em situações semelhantes. 

Contudo, naquela mesma noite, ainda que um pouco tarde, os Irmãos da Areia nos visitaram brevemente. Os três, incluindo Kankuro, a quem eu não via há um tempo, pareciam cansados e aborrecidos pelo o dia, muito provavelmente reflexos de uma reunião burocrática irritante. Gaara estava tendo sucesso em aplicar medidas não conservadoras no seu governo, aprimorando a filosofia na parte que lhe cabia no sistema shinobi de modo a contribuir na sua melhora, mas ainda assim não era um trabalho fácil, especialmente quando se era tão novo.

– Fiz tudo o que estava ao meu alcance, Kazekage-sama – garanti-lhe. – Amanhã cedo voltarei ao centro médico para monitorá-los e oferecer-lhes mais alguns cuidados se assim precisarem. Logo estarão todos bem.

– Suna é grata pela sua ajuda, Sakura-san – disse-me Gaara, de face indiferente, mas com a voz gentil.

– Não é mais do que meu dever – sorri-lhes – O Hokage descobriu alguma coisa sobre a natureza da contaminação?

– Não muito – Kankuro respondeu, um pouco desanimado – Para falar a verdade, mal tivemos tempo para essa parte do mistério.

– O Concelho da Areia nos ocupou o dia inteiro, exclamando suas chateações com as ameaças – Temari completou, pondo as mãos na cintura, claramente irritada. – Não passam de um bando de velhos idiotas...

– Há uma mobilização convocada ainda esta tarde em direção a Suna por parte de mais uma equipe de Konoha – contou-nos Gaara, apoiado-se em uma das paredes, de braços cruzados, ainda que levemente relaxados.

Daquele ângulo e postura, pude o ver sem algo que dificilmente tirava: o manto de kage. Dando-se apenas como um jovem cansado, assim como eu.

 – Kakashi-sama tem um palpite sobre o inimigo. Supõe que está vindo até nós.

Franzi o cenho, mergulhando em pensamentos... Os palpites de Kakashi eram sempre tão certos e nunca sem fundamentos, embora nem sempre tão claros quanto eu gostaria que fossem. Eles sabiam de alguma coisa.

– Por onde acha que nos alcançará? – Ouvi Hinata perguntar.

– Konoha disse que tem espiões os seguindo há um tempo, comunicando recentemente que os últimos rastros estavam para além da Aldeia da Pedra, no País da Terra.

– Naruto? – Foi a minha vez de questionar.

– Não acredito que seja – Gaara continuou – Kakashi-sama tão pouco disse alguma coisa, apenas que Naruto seria avisado sobre a atual ameaça, de forma que se forem rápidos, talvez alcance os inimigos antes das fronteiras do Vento. Leva-me a crer que até então ele não sabia das novidades.

Se não era Naruto o espião que nos trouxe aquela informação, então não havia mais dúvidas sobre quem era.

– Precisamos ajudá-los – afirmou Hinata – Não se sabe com quem estamos lidando.

– Têm a autorização do Hokage para deixarem a vila quando Suna não mais precisar da ajuda de vocês, o que é o caso – expôs Temari – Se Gaara permitir, irei acompanhá-las pela rota do País da Chuva, e com sorte, toparemos com eles no caminho.

– Então deixe-me ver se eu entendi – contrapôs Kankuro – Vocês três voltarão para Konoha pela Aldeia da Chuva esperando que os grupos, incluindo o da ameaça, topem em um mesmo ponto com base em um palpite?

– É exatamente isso que você ouviu, Kankuro-san – sorriu Hinata, meio sem graça, mas confiante na excentricidade do Hokage.

– É sério?! Gaara, faça alguma coisa! Isso é loucura!

– Não posso impor meu poder para ninjas de outra aldeia – foi tudo o que o disse.

– Então impeça a sua irmã! Missões com dois shinobis dificilmente são permitidas em Konoha.

– Nós dois sabemos muito bem que há pouquíssima coisa no mundo capaz de parar Temari.

Então era isso, Gaara, assim como eu, já tinha entendido a situação. Kakashi havia contado-lhe coisas que ele certamente estava omitindo de nós. No entanto, não era necessário expor os motivos de sua rápida concordância com o que pretendíamos fazer. Quem quer que fosse, queria Sasuke. Envenenar alguém da aliança para me tirar da segurança da minha própria aldeia era uma maneira prática de conseguir isso, mas apenas se muito mal analisada. Esperavam me surpreender, capturando-me para então me oferecerem como moeda de troca ao Uchiha

Idiotas.

Se eu quisesse ser resgatada, teria cursado uma escola comum e não uma especializada na formação de ninjas.

Decisões (SasuSaku)Where stories live. Discover now