II.II. Mudança de rota

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por Uchiha Sasuke...

Corri os olhos sobre o breu, tentando me acostumar com a luz trêmula da vela na mesa de cabeceira. Era fraca, mas para quem acabara de acordar, mostrava-se violenta.

Girei no colchão ralo, tentando encontrar uma posição mais confortável. Só se passaram duas horas desde que consegui fechar os olhos, sabia disso porque o corpo da vela ainda media dois dedos. Se continuasse a dormir tão mal daquela forma, adoeceria. 

Encontrei, próximo ao apoio da luz, um pergaminho enlaçado em fita rosa. Alcancei-o enquanto me sentava, abrindo-o sem demora. Varri os olhos sobre sua caligrafia caprichada, terminando a mensagem com uma preocupação pertinente. No entanto, não se tratava dos boatos. Quem quer que fosse o idiota que estivesse espalhando aquilo, não era nenhum pouco relevante para mim. Meu papel era zelar por Konoha, não destruí-la, e as pessoas que realmente importavam sabiam disso.

O que estava me incomodando, de início, era o fato de Sakura não se descrever na sua própria narrativa. Há semanas as cartas iam contando os eventos conturbados da vila para com o casamento de Naruto, procurando detalhar tudo, menos ela mesma dentro daquela bagunça. Talvez fosse uma forma dela me castigar por não responde-la, desafiando-me a checar pessoalmente se ela estava bem ou não, mas não era o caso, e também provando o quão estúpido tenho me tornado por pensar daquela forma. Era capaz de eu ser mais infantil do que ela.

– Você precisa responde-la – Karin comentou, entrando no quarto sem bater, com uma pilha de lençóis limpos e bem dobrados nos braços – Não entendo o porquê de não o fazer.

– Não vamos passar mais uma noite aqui, não precisava se incomodar – respondi. – E Sakura não precisa de mais preocupações.

– Bom, para quem lhe envia cartas todos os meses, parece que não está funcionando. Você se acha um máximo quando nos subestima, não é seu tolinho? – Rebateu ela. Sentou-se do meu lado, mas não tão próximo quanto costumava fazer, arrancou a carta das minhas mãos e passou a lê-la. – Falhamos, em primeira análise. A notícia está se propagando entre as nações, temos que apressar o passo. Quando a semente da dúvida estiver fixada na terra, quem quer que seja pode iniciar ataques em seu nome.

Karin tinha razão. O Hokage não poderia interceder por mim para sempre.

– Talvez o apoio do Kazekage nos der algum tempo – continuou, estudando as palavras de Sakura. – Andei pesquisando nos mercado mais próximos, Konoha e Suna não se pronunciaram, embora as outras vilas tenham expressado preocupação diante de uma possível traição.

Estávamos em um dos esconderijos abandonados de Orochimaru. Karin vinha me ajudando a rastrear os estúpidos responsáveis por esses transtornos desde que eu soube das notícias. Tínhamos uma pista até dois dias atrás, mas, seja lá quem for, foi mais rápido que nós, oferecendo-nos apenas um caminho falso.

Passamos as duas últimas noites naquele lugar empoeirado, depois de quatro dias sem pausas na caçada. A coisa toda estava nos esgotando.

Karin, eventualmente, descobriu um rastro com o meu DNA, deixando-a ainda mais confusa com as intenções do(s) inimigo(s). No entanto, as coisas só ficavam cada vez mais claras para mim. Quem estava por trás daquela bagunça queria a mim, exclusivamente. Estava usando uma ameaça de escala internacional como uma distração para não ser caçado diretamente, mas no fim, independente do que fizesse e de quantos ataques executasse, ele queria a mim. Se os governos não estavam ocupados me procurando, então estariam montando e reforçando a própria segurança local; deixando um cenário perfeito para se agir sem ser percebido.

– Preciso pedir para parar de escrever... – pensei em voz alta.

– Para alguém tão inteligente, deveria ter pensado nisso antes de ignorá-la.

Decisões (SasuSaku)Where stories live. Discover now