II.V. Sangue e água

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por Haruno Sakura...

Aquele filho da mãe do Tsumiki Kido tinha mesmo usado um sósia do Sasuke para me ludibriar? Sua tentativa era quase cômica, se não desse tanta pena de tão ridícula.

O genjutsu tentava enganar a todos quando vimos as costas do Uchiha falso no meio do caminho chuvoso. A ilusão se desfez completamente quando ele virou-se e começou a falar o quanto sentia minha falta e o quanto me amava, exatamente dessa maneira: do nada. Contudo, as meninas não se libertaram tão cedo do feitiço quanto eu, de modo que foi fácil me aproximar como uma apaixonada e lhe acertar um belo soco de direita, fazendo-lhe cuspir alguns dentes.

Algum lugar dentro de mim desejava que aquele fosse o Sasuke de verdade, porque ele bem que estava merecendo uma surra.

Então Kido apareceu, com seu pequeno exército. Expôs todas as suas intenções para nós, determinado a me capturar a fim de atrair Sasuke e obriga-lo a assistir minha morte, incitando seu sharingan ao ódio para só então roubá-lo quanto este estivesse mais forte. Ficou até engraçado a forma como ele colocava tudo aquilo, acreditando fielmente que todas as suas vítimas eram tão idiotas assim. 

Eu estava tão interessada naquela conversa quanto já fui, romanticamente, por Naruto.

Em um primeiro movimento, Kido mandou seus homens para cima de nós.

– Não machuquem a rosada, mas o resto é certamente dispensável – bradou, rindo feito um louco.

– Se você quiser mais dois caras super chateados atrás da sua alma, então sim, elas são totalmente dispensáveis – o corrigi ironicamente, voltando-me em seguida para o resto do seus homens – E vão por mim, também não vão querer vê-las irritadas.

Os ninjas da areia que nos acompanharam, dois no total, foram úteis, mas não muito necessários. Temari lidou com um terço dos inimigos sozinha, terminando sem nenhum arranhão. Hinata imobilizava outro terço sem mais dificuldades, sendo direta nos golpes, bloqueando os pontos vitais de chakra com primazia. Meu taijutsu tão pouco me deixou na mão até que todos caíram, sobrando apenas o seu líder de pé.

Ao bater de frente com Kido mais uma vez, agora sem nenhuma defesa, respirei um pouco mais pesado, encontrando outro sósia ao seu lado. O falso Sasuke olhava-nos fixamente, mas antes que qualquer truque pudesse ser usado, duas kunais o distraiu, enquanto mais duas, lançadas logo atrás, perfuraram seus olhos em uma precisão admirável. Meu braço, erguido em sua direção, caiu de volta para o lugar satisfeito com o sucesso da ação, ao passo que o corpo já inanimado da cópia desabava sobre a grama. Fisicamente, eles eram perfeitamente iguais, mas suas habilidades deixavam a desejar.

– Posso fazer isso o dia todo – garanti a Kido. De certo, respirar ficava difícil por causa da umidade, mas se ele quisesse continuar com aquilo, dependeria apenas do meu bom humor.

– Digamos que ela está meio chateada com Sasuke-san – informou Hinata. Eu não era capaz de desviar os olhos para encará-la ao meu lado, mas apostaria minha vida que ela sorria como Sai naquele momento. Sua gentileza, sempre tão verdadeira, soava propositalmente falsa. Foi divertido ouvi-la dessa maneira.

– Homens... – resmungou Temari cruzando os braços, bufando de tédio.

Formávamos uma linha de frente ao inimigo, enquanto os ninjas de Suna guardavam nossas costas.

Kido, por um instante, pareceu incerto sobre o próximo passo. Mas ele sempre fora tão ganancioso e insuportável que eu duvidava que fosse o suficiente para fazê-lo desisti. Quando, em um movimento rápido, ele me lançou todas a kunais que suas mãos eram capazes de comportar, decidi pôr um fim naquela idiotice.

Se fosse qualquer outra pessoa, teria ficado orgulhosa pela vitória, mas não passava de um avarento precipitado descontente com os rumos que o novo mundo estava tomando. Ele lucrava com a guerra e esta certamente estava ficando bastante fora de moda. Seu desespero era tamanho, que Kido considerou que chegar até Sasuke seria o caminho mais fácil a se percorrer a fim de crescer financeiramente.

Quem dera fosse assim, se até eu tinha dificuldades de encontrá-lo...

Saltei antes que as lâminas chegassem até mim. De punho erguido, concentrei o chakra necessário enquanto voava em sua direção. Não houve tempo de desviar. Antes da cratera, a última coisa que vi foi os olhos de terror de Tsumiki Kido.

– SHAANNAROOO!

Seu corpo afundou nas rachaduras eslameadas que se abriram na terra. Estava inconsciente, mas ainda respirando.

A parti dali, minha responsabilidade reduzia-se a leva-lo de volta a vila como um prisioneiro vivo e nada mais. Usei força o suficiente para apaga-lo perigosamente, embora a terra tenha absorvido maior parte do impacto, visto que meu punho tocou o chão entre os pés dele.

No mesmo instante em que saltei no ataque, a equipe que me acompanhava fez o mesmo, mas na direção oposta, de modo que agora olhavam o resultado da beirada do buraco recém aberto. Os ninjas da areia foram os primeiros a se mexer, vindo até mim a fim de cuidar da imobilização de Kido, enquanto eu voltava para o topo a passos calmos.

E aí foi quando eu os vi...

Hinata já tinha seguido em direção a Naruto no tempo em que usei para sair da cratera, encontrando todo um time a alguns metros de nós, percebi rapidamente que Sen os acompanhava. Vi também que minha amiga chegara até o esposo, de modo que eu até teria sorrido para sua timidez ao abraçá-lo, mas estava concentrada demais em Sasuke e dessa vez, ele era real.

Seu olhar varreu o meu corpo em busca de algum ferimento e tal ação teria tocado meu coração se Karin não estivesse no meu campo de visão, bem à direita do Uchiha. Ela parecia bastante sem graça e evitava me olhar.

– Sakura? – Temari tentou, mostrando dificuldade em entender o novo cenário diante do meu súbito e profundo silêncio. Talvez o olhar divertido de Naruto, enquanto enrolava Hinata pela cintura, ajudasse-a em alguma coisa... Sabíamos o que ia acontecer.

A cada passo que eu dava em direção a eles, em silêncio, num alinhamento perfeito com Sasuke, Karin andavam para trás por instinto, afastando-se. Por outro lado, ele parecia bastante seguro de si, sem nem mesmo desviar os olhas do meus. Cada célula do meu corpo trabalhava para não deixar transparecer minhas verdadeiras intenções ao me aproximar dele, embora não fosse nenhuma surpresa.

Eu estava com tanta raiva...

Parei, de frente a ele, próxima o suficiente para ouvir sua respiração suave sob a chuva. Sua arrogância e indiferença diante daquela situação só me deixava ainda mais furiosa.

– Oi... – começou.

Então o sangue jorrou no ar, misturando-se com as gostas frias que vinham do céu, antes mesmo que ele pudesse continuar. Meu punho não falhara em atingir seu nariz. Sasuke jogou a cabeça para trás com o impacto. Permaneci por tempo suficiente para ver sua expressão finalmente assumir algo semelhante a dor.

Que sua frieza no rosto fosse para o quinto dos infernos!

– Peça para Karin consertar – sugeri, passando por todos eles, seguindo o caminho de volta pra casa sem olhar para trás.

– Caralho! – Ouvi Naruto gargalhar. – Isso foi absurdamente épico, dattebayo!

Decisões (SasuSaku)Where stories live. Discover now