III.VIII. Eu a amei

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por Uchiha Sasuke...

Ela nem mesmo me notou ao entrar de uma vez no próprio consultório. Fiz menção em me pronunciar, achando que tinha me visto ao atravessar a sala, mas tudo o que Sakura fez foi se debruçar sobre um lixeiro próximo e esvaziar o estômago.

Seu cabelo já estava amarrado, de modo que tomei cuidado apenas para que uma mecha única e rebelde não ficasse no seu do caminho. Ela sentiu minha mão massageando suas costas em seguida, tentou me olhar por cima dos ombros, mas outra onda a forçou a se curvar ainda mais.

Esperei paciente até que terminasse, no entanto, meu maxilar travado demonstrava a tensão que me atravessava. Procurei no seu chakra algo que pudesse evidenciar tamanha reação, mas tudo o que vi foi uma bagunça. Ela estava tão a flor da pele, era quase como um curto circuito.

Sakura se ergueu, limpando a boca com as costas da mãos enquanto buscava lenços higienizados na mesa de primeiros socorros. Limpou-se longe de mim.

– Não devia ter visto isso – disse, evitando me olhar. – O que faz aqui?

– Sou assediado lá fora. – respondi, aproximando-me novamente. Busquei seu queixo com a mão, guiando até que meus olhos estivessem sobre os seus. Haviam bolsas debaixo deles e manchas roxas ao redor. – Achei que estivesse dormindo...

– Estou melhorando – Sakura sorriu de maneira enviesada, tentando me distrair. Envolveu minha mão nas suas, fazendo-me sentir seu rosto quente sobre a palma.

– Seu controle de chakra está oscilando, para dizer o mínimo... É preocupante.

– Estou bem. Só não acho que vá ser capaz de lidar com outro alguém da família tão cedo.

– Hinata está bem?

– Por ora sim. Mas só teremos cem por cento de certeza quando soubermos que ela está enxergando perfeitamente. Sabe dizer o que houve?

Pressionei os lábios em uma única linha. Ela não precisava saber disso agora, implicava em outras preocupações.

– Vem, vamos para casa. Você vai dormir.

– Sasuke? – Sakura cruzou os braços, se afastando de novo. Seus olhos me desafiavam.

– Não estou autorizado a falar.

– E desde quando obedece ordens?

– Sakura... – pedi. Ela não estava facilitando as coisas, sua ansiedade não permitia – Vamos pra casa. Você vai descansar. Depois disso, talvez eu pense em lhe contar.

– Arrogante – bufou, depois de um tempo me fuzilando. Pegou suas coisas e deixou a sala.

– Irritante – respondi, seguiando-a.

Foi o percurso inteiro até o detrito na minha frente, sem nem mesmo me dirigir um olhar, tão pouco uma palavra. Sakura sabia o quanto eu odiava o seu silêncio.

Entrei em casa a tempo de ouvi-la arrastar a porta do banheiro social com violência até o fecho.

Certo, não tinha sido um dia fácil, especialmente para ela. Talvez um banho quente a ajudasse. Eu esperava que sim.

Sakura iria ficar ainda pior quando soubesse de tudo. Quando eu lhe contasse verbalmente, porque no fundo eu já sabia que ela mesma sabia do que se tratava. Sua reação para com o estresse de hoje era até bastante razoável para o que ela realmente deveria estar sentindo.

Segui para o quarto em silêncio. Livrei-me da minha capa, desabotoando dois fechos, e logo em um só movimento me desfiz da camisa. Tudo caia em um semi círculo aos meus pés. Busquei por bastante ar quando não senti mais nenhum tecido pesando nas minhas costas. No entanto, a falta deles quase não fez diferença.

Eu não gostava daquela idéia tanto quanto, embora jamais fosse admitir isso abertamente, tão pouco poderia. Tinha feito um juramento como shinobi muito antes, mais por ela do que por qualquer outra pessoa. Era meu dever e eu iria cumpri-lo. Isso era tudo.

Os braços de Sakura me envolveram por trás antes que eu pudesse me dar conta. Era incrível como ela conseguia se mover de maneira furtiva para com os meus sentidos,  como se soubesse dos pontos cegos e se escondesse neles até chegar a mim. Abraçava-me como uma criança ao seu ursinho preferido. Não sei porque aquela analogia surgira na minha cabeça, talvez fosse o contato direto dela comigo, incitando-me a pensar coisas tão banais, quase como se eu tivesse a chance de uma vida comum.

Sakura pressionou ainda mais seu corpo no meu, fazendo-me sentir seus seios contras minhas costas com uma riqueza de detalhes sufocante. Tinha deixado a toalha cair, meus calcanhares ficaram úmidos com o pano ao redor deles.

Quando pensei em me virar, ela mesma já tinha o feito, levando-me a sentar na cama. Seus olhos estavam estranhos, mas eram capazes de queimar os meus se eu os abandonasse por um único instante. Ela me seguiu, montado sobre meu colo, uma perna flexionada contra o colchão em cada lado do meu quadril.

Olhou para baixo, libertando-me do contato visual. A segui até seu peito completamente desnudo. Era a coisa mais certa entre nós, nossos corpos nunca mentiam contra a isso. Contudo, não tive tempo de admira-los em meu silêncio, porque sua boca já reclamava a minha com muita fome.

Deixei que minhas costas encontrassem o colchão enquanto Sakura me devorava. Era quente, ensurdecedor. Sua língua contra a minha batalhava em um campo que me deixava sem sentidos, o ar que insistia em faltar não fazia a mínima diferença. Eu preferia morrer ao perder aquele contato, especialemnte quando ela buscava por ele daquela maneira.

Sakura me beijava como se fosse a última vez e isso era tão magnífico quanto assustador.

Ela quebrou o contato de surpresa, ambos gememos com a sua decisão. Afastou o rosto o suficiente para travar seus olhos de novo contra os meus.

– Me ame – pediu, ou ordenou. Deixou que eu visse toda sua sede, todo o seu cansaço. Sua alma estava lá, exposta – Apenas me ame, Sasuke. Me distraia com seu amor.

E eu o fiz. Amei-a de várias formas, com vários tons e notas, assim como ela o fez comigo. Mostrei, a cada pedacinho do seu corpo, o quanto os venerava, o quanto o conjunto deles era a única coisa de real valor que eu possuía. Sakura era insaciável, não importava quantas vezes naquela noite eu a tinha feito ver o céu.

Por mais uma vez, suas reações, suspiros e gritos marcaram-se no meu corpo como os rasgos de suas unhas. O suor que em dado momento se misturou, cheirava a nós. Seus sorrisos de satisfações, os Os perfeitos que sua boca formava a cada vez...

Sakura era minha e eu seu. Aquilo tudo era a prova.

Plena. Completa.

Decisões (SasuSaku)Where stories live. Discover now