t r i n t a e q u a t r o

62.1K 5.5K 1.3K
                                    

jared

(...)

Após o carcereiro ter nos ajudado a sair da cela e escaparmos pelos fundos até a mina, o único local "seguro" longe dos policiais, nós seguíamos rumo ao mesmo durante a madrugada.

Era uma grande fila indiana de homens pelo túnel, tomávamos muito cuidado para não encostar em nada.

Até avistarmos o buraco do qual teríamos de passar, ele tinha aproximadamente um metro e cinquenta de altura e 500 de diâmetro, ele daria para o cemitério, do lado do presídio, e sairiamos por uma cova aberta por lá durante o dia por um dos homens de Jason que estava solto.

Como passaríamos ali? Ainda mais com as minas terrestres acionadas? Era suicídio.

- Como vamo passar aqui hein Jason? - Perguntou Gerone.

Eles sussurram algo entre eles. E se viraram diretamente para mim. Só podia....

- Já que é o novato e quis dar pra trás, tu quem vai playba! - Disse Jason e Gerone completou. - Se bancar de engraçado vai ganhar agasalho de madeira! Tu entra e vê o caminho, nos vamos atrás, ANDA! - Gritou Gerone com uma glock apontada para mim.

Respirei fundo. Eu estava tenso. Odeio. Odeio e odeio. A coisa que mais odeio no mundo é me sentir impotente.

Me abaixei o suficiente e prendi a respiração entrando no túnel tentando não esbarrar em nada. Com total foco, tentei clarear com a lanterna que carregava. O ar era mínimo e era complicado respirar ali dentro.

Eu sentia algo ruim, meu peito estava apertado mas prossegui ouvindo os presos atrás de mim.

Adiantei meus passos, totalmente envergado dentro do túnel, tendo total precisão dos mesmos indo na dianteira deles.

Foi tudo muito rápido, eu estava bem a frente, mas eu ouvi ao longe um brado de um preso, uma onda quente me atingiu. As minas. Com certeza alguém pisou em falso. Malditos!

Calor.

Fogo.

Não.

Eu não queria...

Tentei prosseguir, mas um homem se chocou contra mim, me derrubando no chão, e indo junto a mim.

Minha testa se chocou contra ele, abrindo uma ferida.

Sangue.

Dor.

Calor.

Gritos.

Sufoco.

Pavor.

Tensão.

Me arrastei o máximo que pude, antes de sentir a escuridão me tomar.

Horas depois...

kate

- NÃO! NÃO! NÃO! - Ouvi os gritos de Carter vindos do quarto de hóspedes. Olhei no relógio. 5:52 da manhã, me levantei ainda sonolenta, mas corri até o mesmo e minha mãe estava em meu encalço, abri a porta que felizmente estava encostada e fui até ela.

- CARTER ACORDA! - Berrei a sacudindo, a mesma suava e chorava durante o sono.

Ela acordou sobressaltada e chorando.

- O Jared, Kate! Aconteceu alguma coisa...- Ela disse em prontidão, chorando e se sacudindo. Me aproximei, me sentando na cama ao seu lado e a abracei.

- Calma, foi só um pesadelo. - Falei. - Não tem como você saber se algo aconteceu, não existe amor via bluetooth. - Fiz graça, e pude a ouvir rir dentre o choro.

- Não, não foi... - Disse deixando grossas lágrimas caírem.

- Foi sim, calma. Notícia ruim chega logo. Meios de comunicação são para isso, lembra? - Brinquei tentando amenizar.

- Então me dá meu celular. - Pediu.

- Vai ligar para o presídio?

- Vou!

- Sua doida é muito cedo ainda, eles vão te mandar pastar. Fala sério, foi só um pesadelo. - Falei, pois era muita loucura. O que os agentes penitenciários iriam pensar?

- Acho que Kate está certa Carter, volte a dormir. - Disse mamãe, sem entender a história do presídio. É, algumas coisas ainda estavam nas sombras.

- Vou me deitar aqui também! - Falei para ela e me deitei do outro lado da cama de casal.

- Fiquem bem. - Mamãe disse, preocupada.

- Desculpe por isso tia Gina. -
Disse Carter, se desculpando sem necessidade.

- Que isso menina, deixa pra lá. Durmam mais um pouco, pois é o que vou fazer! - Minha mãe disse, já saindo do quarto.

- Aconteceu algo Kate. Meu coração está apertado. - Carter disse.

- Não aconteceu nada. Dorme! - Falei, talvez eu tivesse sendo insensível, mas também não era muito de acreditar nas paranóias da Carter. E eram muitas.

Desde a infância, ela se preocupa demais.

Ela respirou fundo, parecendo envergonhada. - Desculpa amiga... - Pediu e se virou.

Com isso, quem perdeu o sono fui eu.

Me levantei e fui até o meu quarto e peguei meu celular.

Retornei e me deitei, enfiando meu debaixo do cobertor, vendo Carter de olhos fechados, possivelmente tentando dormir. Ela puxava o ar e soltava, suspirei tentando ignorar a Carter fungando.

Dei uma olhada nas minhas redes sociais, e resolvi ver algumas "notícias"... Garota atualizada e futura estudante de jornalismo, os planos pro futuro incluiam uma redação importante e New York.

Com isso, comecei a ler noticias locais no melhor site de noticias de Norfolk (já que não haviam tantos assim), mas uma delas até uma delas me chamar atenção.

Comecei a tremer.

Cliquei na mesma.

Tragédia no presídio de segurança máxima em Virgínia.

Era onde Jared estava.

A notícia dizia sobre os presos terem tentado fugir por uma mina, e aparentemente uma delas foi acionada e no alvoroço outras também, matando alguns presos que tentavam fugir.

Eu tremia muito.

Havia uma lista dos possíveis mortos e desaparecidos.

(...)

Jared não estava entre os desaparecidos.

Respirei descompassada.

Mortos:

Alan Johnson Hook
Gusmán Holldin
(...)
Jared Ethan Ravieri
(...)

Travei.

Minha garganta secou.

Ah meu Deus, e agora? Coitado. Eu sequer podia acreditar no que meus olhos estavam vendo... Mas e agora? O que vai acontecer com a Carter?

__________

Não matem essa autora que vos ama.

o dono do bar.Where stories live. Discover now