t r i n t a e s e i s - [O coveiro]

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Vi aquele moço amarrar seus tênis e passar as mãos pelos cabelos que estavam maiores.

- Tem certeza que vai embora para tão longe? - Perguntei para ele.

- Certeza eu nunca tenho, mas acho que seja o melhor por enquanto. - Respondeu.

Esse rapaz apareceu aqui numa noite de chuva, todo ferido e com algumas queimaduras se arrastando entre os túmulos. Ele urrava de dor enquanto a chuva caia sobre ele naquela noite funesta.

Eu o encontrei caído perto de uma lápide "Rose Coban". Que descobri mais tarde ser sua mãe.

Ele estava muito ferido e achei por vezes que ele não iria sobreviver...

Dentre a febre e alucinações ele costumava sempre chamar por um nome. Era aquela pessoa que o mantinha vivo.

Mas eu o ajudei, o doando minha única cama naquela casinha de coveiro e cuidando de seus ferimentos como podia.

E assim, meses se passaram, até o dia de hoje. Depois de recuperado ele acabou ficando aqui pensando no próximo passo e me ajudando as vezes.

Eu sabia o que havia acontecido, ele me contou, e eu não o julguei, quando se vê a morte tantas vezes como eu, aprende-se a não julgar os outros por seus erros. Era tudo....Curto demais.

- Não vai mesmo atrás da garota? - Perguntei me referindo a garota que ele sempre falava. Um homem só ama uma vez na vida, é o que eu acredito, e acho que ele não deveria deixar o amor da vida dele escapar assim, pois não se sabe o dia de amanhã.

- Já a fiz sofrer demais, já faz tempo, ela deve ter seguido com a vida dela, eu não quero fazer mais mal sabe, é hora de seguir. - Falou.

- São suas escolhas...Vai mesmo para tão longe?

- Vou. Mas antes tenho que passar em um lugar e pegar algo que está escondido. É importante para poder seguir em frente.

- Não é uma garrafa de whisky é? - Perguntei tentando aliviar a tensão. Ele riu.

- Não. - Riu - Mas vai me ajudar a comprar um bom estoque e bem, vou mandar uma boa quantia para você e pegar o que preciso para me tornar Josh Coban - Respondeu e citou sobre sua nova "identidade" no momento.

- Não precisa...Te ajudei por que era o certo a fazer, não precisa me mandar nada - Falei sincero.

- Mas eu quero te ajudar. Eu preciso fazer algo bom - Falou e veio em minha direção.

- Obrigado por tudo - Me deu um abraço curto e pegou sua mochila indo rumo a porta.

- Adeus, e de novo, obrigada. - Disse. Sorri, eu ia sentir falta desse cara me atazanando para comprar whisky.

- Não foi nada. Adeus, Josh...Ou melhor... Jared! - Soltei olhando para ele.

Ele riu e colocou o capuz na cabeça e ajeitou a mochila nos ombros seguindo para fora da casa do coveiro, para fora dali, para seguir seu destino.

______________

Josh está muito vivo, e eu adoro isso.

o dono do bar.Where stories live. Discover now