t r i n t a e n o v e

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jared

Avistei Carter saindo de casa com seus olhos castanhos marejados.
Eu estava atrás de uma árvore usando um boné e óculos escuros. Eu poderia simplesmente ter ficado no bar, mas quis sair, ver o lugar antes ir.
Ela veio até sua casa e a casa de Kate para se despedir antes de irmos embora.

Ela caminhou até aqui lentamente, com certa dificuldade. Eu a entendo, deve ser difícil deixar tudo para trás assim. Por minha culpa, se eu não fosse alguém tão fodido, ela não precisaria se despedir de ninguém.

Eu poderia fugir, e deixa-la para ter outro tipo de felicidade, bem longe de mim. Mas sei que não sou forte o suficiente para simplesmente ver escoar entre meus dedos a minha única salvação.

Eu poderia muitas coisas, mas não posso...
E entre idéias idiotas, eu sei que sou ressaca e ela a aspirina.

Quando chegou ao meu lado e não disse nada, apenas me abraçou. A apertei em meus braços e fechei meus olhos sentindo o cheiro de morango que emanava de seus cabelos.

- Carter, foi tudo bem? - Perguntei me afastando um pouco para olhar em seus olhos. Os mesmos brilhavam pelas lágrimas.

- Sim. Bem, minha mãe tentou intervir, eu amo minha mãe mas...é a minha vida. Certo? E me despedi de Kate e tia Gina e as agradeci por tudo. Espero que eu as veja de novo, são muito importantes para mim. - Disse triste.

- Vai ver. Você não é a fugitiva e sim eu, quando a saudade apertar você volta para uma visitar ou para ficar.

- Só para visita mesmo - Disse e eu sorri.

- Então as visite - Falei simples.

- Eu vou...

Fomos caminhando até seu "relíquia", como ela chamava seu Porsche vintage.

- Você ainda não me disse para onde vamos - Carter falou. Pulei sobre a porta do carro caindo no banco do carona enquanto ela abria a porta e entrava.

- Nem sei se vou dizer - Falei enquanto seguíamos rumo a avenida. Até que ela não dirigia mal.
Resolvi não dirigir pois se tivéssemos que parar, minha identidade não fosse posta em jogo.

- Vai Jared, por favor, me diz - Carter implorou, o vento batia contra seu cabelo fazendo o mesmo esvoaçar.

- Er...Na verdade nem eu escolhi nosso destino ainda - Falei tentando convence-la, mas talvez meu sorriso de canto que ela observou pelo retrovisor tenha denunciado minha mentira.

- Cretino! - Protestou.

- Okay, estamos indo para Toronto por agora. Mas creio que viajaremos bastante.

- Okay vamos nos tornar nomades? - Ela perguntou sorrindo.

- Olha até que não é má idéia...Podemos fazer umas loucuras por aí.

- Você tem um certo apetite voraz pela morte isso sim... - Ela falou boquiaberta pela minha idéia.

carter

Jared começou a mexer no rádio e começou a rir ao ver as músicas do meu pendrive, enquanto eu dirigia.

- Do que está rindo?

- Sam Smith, Demi Lovato, Ed Sheeran, One Direction... - Enquanto ele citava minha playlist ele ria mais.

- Qual é a graça? - Perguntei ficando irritada.

- Acho que por um segundo eu esqueci que você é uma garotinha.

- E você gosta de ouvir o que?

- Você gemendo.

- Disso eu sei, seu tarado, mas de que tipo de música?

- Rock. Eu ouvia muito Led Zeppelin, The Doors, Bon Jovi, Ramones, Red Hot, e até mesmo Beatles, gosto bastante de AC/DC também.

- São boas bandas. Gosto bastante de Beatles... - Continuamos falando sobre música, e foi aí que vi um futuro, nunca tivemos algo normal ou conversas ocasionais e corriqueiras. Eu gostei de ver que poderíamos ter isso daqui para frente, bem longe de tudo.

Depois de alguns poucos quilômetros, estacionei atrás do bar.

Saí do carro do carro vendo Jared me lançar um sorriso sacana.

Abri o bar e Jared o trancou com mestria se virando pra mim e para minha surpresa me pegou no colo fazendo me fazendo gargalhar, enquanto fazíamos nosso caminho pelo bar. Me lembrando que ele teve que fazer isso comigo da primeira vez que vim ao bar, só que seu estava desacordada, diferente de agora.

Comecei a distribuir beijos pelo seu pescoço enquanto subíamos as escadas, ouvindo ele gemer baixinho no meu ouvido, e assim que paramos na porta do flat, ele me desceu de seus braços, e antes que eu protestasse, me puxou para si e tomou meus lábios.

Era nossa última vez aqui, e eu não sabia o que estava por vir, mas se eu estivesse com ele, estava tudo bem.

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Estamos chegando ao fim💔

o dono do bar.Onde as histórias ganham vida. Descobre agora