t r i n t a e s e t e

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jared

Já era por volta das três da manhã, quando eu avistei o bar. Uma onda de nostalgia me bateu. Ele não estava muito diferente, ou melhor, não estava nada diferente do que eu me lembrava. Cruzei a avenida e caminhei até perto do mesmo.

Obviamente Carter, para quem meu testamento era endereçado, coisa que fiz antes de tentar fugir do país, pois se algo me acontecesse, ninguém que eu conheça merece mais do que ela. Se ela se desfez de tudo que havia no bar, espero que tenha feito o manejo de tudo, não tenha descoberto meu fundo falso no closet, onde tudo o que eu precisava estava bem escondido.

Era uma forma de seguir em frente após esses meses.

Eu não sei bem como cheguei naquele cemitério todo ferido como estava. Tenho idéia de que fui dado como morto devido um preso ter trombado comigo durante a confusão me fazendo cair, eu desmaiei por breves segundos, e lembro de ter rastejado contra as chamas, mas minha lanterna e o homem ficaram para trás se tornando cinzas. O que acharam ser... Minhas cinzas. O que talvez fosse melhor, o que eu tinha agora? Uma certidão de óbito.

Eu não queria ter feito Carter sofrer, mas eu faço isso, eu quebro tudo a minha volta. Fodendo com tudo.

Mas eu também estava cansado da vida que levava, desde a morte do meu pai, as coisas se tornaram um inferno, e se agora eu podia recomeçar de alguma forma. Eu iria o fazer.

Dei a volta no bar e acima avistei a janela do meu quarto no flat. Agora era só subir.

Dei um salto e peguei numa viga de madeira que estava sobre o telhado, forcei meu corpo para cima e me esgueirei até estar sobre o mesmo, me ergui com cuidado e caminhei entre fendas em meio a escuridão, até a sacada de onde era minha sala de estar e entrei na mesma. Havia uma cortina bloqueando a visão.
Pequei uma chave de fendas e forcei a tranca da porta com a mesma. Fácil demais. Antes eu tinha um bom cadeado aqui. Devem ter tirado, o que é bem estranho.

Entrei e avistei o lugar.

Arregalei os olhos. Estava tudo exatamente como eu havia deixado, ou melhor, tudo organizado. Mesmo na penumbra eu notei. Será que Carter quis manter o lugar?

Caminhei rumo ao meu quarto, girei a massaneta da porta e acendi a luz, avistei o lugar, respirei fundo. Era tão estranho estar ali de novo, e o pior, ou melhor talvez, ver que tudo estava arrumado em seu devido lugar. Será que Carter mandava alguém vir arrumar aqui? Não fazia sentido estar tudo assim. Limpo e organizado.
Caminhei rumo ao meu quarda roupas e o abri. Puta merda! Estava ali. Tudo. Parece que tem dias e não meses que estive "morto".
Bem, eu poderia pegar algumas coisas aqui, puxei as roupas para o canto e puxei as ligas e vigas de mogno, retirando a tampa que estava ali e vi os lugares dentro da parede com os parafusos. Sorri. E comecei o meu serviço.

carter

Acordei com um barulho. De onde vinha esse barulho? Me levantei devagar e alarmada, fui até minha cômoda e tirei minha glock recém adquirida dali. Outro som grave de madeira se deslocando. Certo medo me invadiu mas me obriguei a seguir até a porta do meu quarto com a glock em mãos.

Abri a porta e ouvi o barulho de coisas sendo remexidas. No quarto que era do meu Cretino. O que poderiam querer ali? Uma onda de adrenalina me atingiu e caminhei a passos tensos até a porta do quarto.
Eu não tenho nada a perder, então porque não arriscar?

Agora eu não ouvia muita coisa, os baques pararam, destravei a glock e girei a massaneta devagar, abri a porta num baque apontando a arma para um homem que estava de costas para mim mexendo no fundo do guarda-roupas, foi tudo muito rapido, ele fez um movimento brusco se virando, e no susto, atirei.

______________

Agora ele morre?

o dono do bar.Where stories live. Discover now