Sentimentos Aflorados

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Miguel    

Eu já estava pronto, mas ainda faltava algum tempo para me encontrar com a Flávia.

Assim que os meus amigos saíram, eu mandei uma mensagem para ela, perguntando se não queria sair comigo para conversar.

De imediato ela recusou, mas eu insistir, na verdade insistir bastante, até que por fim ela acabou aceitando o meu convite.

A Flávia deve estar muito chateada comigo, mas eu quero lhe contar tudo o aconteceu durante esses anos. Eu preciso lhe contar.

Enquanto não dar a hora de me encontrar com ela, começo a escrever.

"Espero que um dia você me perdoe por todas as bobagens que eu fiz".

Escrito isso, saio do meu quarto. Aviso aos meus pais que vou sair e assim saio de casa.

Entro no meu carro e vou a caminho da casa da Flávia, iríamos ao um restaurante.

Assim que chego na sua casa, bato na sua porta e ela imediatamente vem me atender.

— Oi — digo e a mesma só me dá um meio sorriso. — Podemos ir agora?

— Podemos sim — Flávia fecha a porta atrás de si e vai em direção ao meu carro.

Entramos e eu logo dirijo a caminho do restaurante.

Não demos nenhuma só palavra, e ela ao meu ver me parece triste. Muito triste.

Assim que chegamos escolhemos logo um lugar para nos sentarmos.

O local era bastante limpo e arejado. Ficamos encostados no lado da parede, com uma janela para contemplar a nossa visão e conversa.

— E então do que conversaremos afinal? — Assim que ela pergunta isso, muda o seu olhar para a janela, ela olhava a movimentação do lado de fora.

— Sobre tudo — digo simplesmente.

— Tudo? — Ela agora olha para mim, espantada.

— Sim, tudo o que foram esses cinco anos para mim — olho no fundo dos seus olhos, eu também queria que ela pudesse sentir a minha dor.

— Eu não preciso saber que nesses cinco anos você beijou a Ester, provavelmente fez sexo com ela, pediu-a em namoro e em noivado. Eu realmente não quero saber de nada sobre vocês — Flávia se levanta da cadeira, irritada.

— Flávia — me levanto da cadeira e puxo a sua mão, fazendo com que a mesma me encare. — Deixa eu te explicar o que realmente aconteceu.

Ela pensa por alguns segundos, mas que para mim parecem são horas. Por favor, me ouve.

— Pois me explica, só assim irei entender — Flávia senta novamente na cadeira e eu faço o mesmo.

Vamos lá, Miguel. A hora dessa conversa finalmente chegou.

— Depois que você foi embora eu fiquei sem chão, eu... eu só ia para a faculdade porque enfim era o meu futuro, mas quando chegava em casa, só me trancava no quarto e ficava lá até o outro dia para ir à universidade novamente. — A cada palavra que eu dizia a Flávia me olhava atentamente. — Eu fiquei desse jeito por um ano, foi quando a minha mãe entrou no meu quarto, gritou comigo e disse chega! Que eu não precisava viver assim. Ela disse que tinha gente que me amava e que tinha uma garota que me amava.

— Já até posso imaginar quem seja — Flávia revira os olhos.

— Eu lhe perguntei quem era, mas na minha mente só apareceu você, foi quando a Ester entrou no meu quarto e me disse que tudo ficaria bem. Eu aceitei o que ela disse e desde então estou com ela. Mas era com você que eu queria estar — tento frisar o máximo que eu posso essa última parte, quero que ela entenda que eu nunca a esqueci, até porque eu nunca ousaria fazer isso.