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Miguel

Estava chegando em casa depois de mais um dia de trabalho, cansativo por sinal. Estou exausto, e nada melhor do que chegar em casa para descansar. Hoje o dia foi longo, mas produtivo, e isso é o que importa no final das contas.

Entro em casa e assim que fecho a porta atrás de mim, me viro e meus olhos logo se cruzam com os da Flávia, que está sentada no sofá, toda sorridente, olhando para mim. O que se é de achar muito estranho, pois eu sou sempre o primeiro a chegar em casa. Faço até a nossa janta, para quando ela chegar já estar tudo pronto. Não é reclamando, longe disso, mas ela não deveria estar no trabalho uma hora dessas? O que será que aconteceu?

Oi, meu sol vou em sua direção. Me sento ao seu lado, no sofá. Seguro o seu rosto com as minhas mãos e ela fecha seus olhos, para sentir melhor o meu toque, desfrutando desse momento. Aproximo meu rosto do seu e lhe beijo.

Suas mãos repousam em cima das minhas. Esse beijo ao contrário de tanto outros quer dizer alguma coisa. Eu sinto isso. Mas o que será? Não, talvez eu só esteja imaginando coisas, ultimamente ando com a minha mente muito ocupada. Mais esse seu beijo, ele está mais... pleno, repleto de alguma coisa que eu não sei dizer ou explicar.

Oi Flávia diz, assim que nos separamos do beijo. Como foi seu dia? Pergunta, suas mãos seguravam as minhas.

Foi bem exaustivo. Reviro os olhos. E em pensar que amanhã também vai ser um dia puxado. Tive que preparar várias propagandas, para muitas lojas. E como foi o seu dia? Acaricio seu rosto com a ponta dos meus dedos.

O meu foi ótimo diz com um brilho no olhar e um sorriso de orelha a orelha.

Ela está me escondendo alguma coisa, pensei que fosse imaginação da minha mente, mas não, tem alguma coisa aí. Não sei o que é. Mais eu quero descobrir.

Você já jantou? Repouso meu braço no sofá, para relaxar um pouco. Estou realmente morto, no sentido literal da coisa.

Não, estava te esperando mexe nervosamente em suas mãos. E isso já está me deixando impaciente. Eu preciso saber o que ela tem para mim contar, porque eu sei que tem, e eu vou saber agora!

Então vamos para a cozinha. Me levanto do sofá de supetão e a puxo pelo braço.

Nos colocamos tudo o que iríamos comer nos nossos pratos e nos sentamos na mesa de quatro cadeiras, já que aqui em casa é só nos dois, não precisávamos comprar quantidades absurdas. Ficamos de frente um para o outro, como sempre fazíamos. Só que em todos os jantares anteriores a esse conversávamos alguma coisa, o que está sendo completamente diferente hoje, pois já se passaram três minutos e não escutamos nada saindo da boca um do outro. A única coisa que escutamos é quando levamos os talheres para perto do prato para pegar mais comida, fazendo assim sair alguma espécie de barulho, e as vezes nem chega a ser ouvido nada, o que é bem frustrante. Nunca jantamos assim ao longo desses três meses de casamento.

Quero perguntar a Flávia o que ela quer me dizer, ela só fica abrindo e fechando a boca várias e várias vezes como se fosse falar algo, mas que acaba optando por não falar. Eu queria não precisar lhe perguntar, queria que ela mesma me falasse. Coisa que ela não quer dizer, ou deve ainda está se preparando para falar. Talvez seja isso. Só que ela está demorando demais. Acho que ela só precisa de um empurrão para começar a falar e é isso que eu vou fazer, até porque eu também não aguento mais esperar e ela sabe como eu sou curioso.

Você quer falar alguma coisa, Flávia? Pergunto assim que termino de comer. Deixo os talheres sobre o prato e lhe encaro, à espera do que ela esteja escondendo de mim. Porque parece que você quer.

Sentimentos AfloradosOnde histórias criam vida. Descubra agora