Sentimentos Aflorados

11

Flávia

— Eu não acredito que eu disse isso para ele, "podemos ser pelo menos amigos", sou muito idiota mesmo — digo bem alto enquanto subo as escadas para ir ao meu quarto.

Assim que entro, me jogo logo na cama e me aconchego entre os travesseiros.

Ele confessou seus sentimentos para mim.

Ele me ama.

Por quanto tempo eu esperei por essas palavras vindo da sua boca.

E o que eu faço quando as escuto? Acabo com o futuro que poderíamos ter.

— Burra! Burra! Burra! Você estragou tudo... você deveria ter caído nos braços dele, quando ele te agarrou — digo aos soluços.

Por que eu fiz isso? Eu o amo, ele me ama, por que não podemos ficar juntos de novo?

Mas eu sei porque não podemos ficar juntos novamente, são as condições a qual nos encontramos. Foram as escolhas a qual foram tomadas, afastando cada vez mais nos dois.

— Maninha? — Ben bate na porta do meu quarto.

— O-oi — gaguejo.

— É... — Ben demora a falar, talvez procurando as devidas palavras. — Como foi o passeio com o Miguel?

Ele foi bem direto em perguntar sobre isso. O Miguel sempre foi o meu ponto fraco.

— O que você acha? — Abro a porta e lhe mostro a atual situação a qual eu me encontrava.

— O que houve? Você está chorando, ele lhe fez alguma coisa? — Ben segurava o meu rosto, com as suas mãos.

— Na verdade, dessa vez a culpa não é dele... e sim minha — confesso.

— Como assim? Me explica isso direito — Ben me carrega para dentro do meu quarto, ele me deita na cama e eu repouso minha cabeça no seu colo.

— Ele disse que se eu quisesse, ele desistiria do seu casamento só para ficar comigo — repito as palavras do Miguel.

— E você disse, não — ele tenta dizer com carinho, para essa palavra não cair como um baque em cima de mim.

Mas o pior que já caiu, e eu já estou sentindo o peso da minha escolha.

Mais era a escolha certa a se fazer.

— Eu não quero ter nada a ver com isso, se caso um dia eles terminarem — respondo às pressas. Se isso um dia isso acontecesse, eu nunca me perdoaria. Eu quero que ele termine com ela por vontade própria e não porque eu mandei. Eu não quero ficar no meio deles dois. Não quero!

— Mas você nunca mais se relacionou com ninguém, isso quer dizer que ainda pensa nele? — Ele faz carinho no meu cabelo.

Não, isso quer dizer que eu nunca, mesmo querendo, nunca deixei de amá-lo.

— Eu não me relaciono porque eu não quero sofrer novamente — minto, isso é um pouco verdade, mas não é o motivo real. Não mesmo.

— E o que é isso que está acontecendo aqui agora? — Ele para de mexer no meu cabelo e me pergunta, sério.

— É diferente, Ben — me sento na cama.

— Por que é diferente? — Ele pergunta, com um sorriso no rosto. — Você ainda o ama Flávia, não precisa esconder isso.

Meu irmão me conhece tão bem, melhor até do que eu mesma.

— Eu queria que fosse mais simples — o abraço e minhas lágrimas começam a cair com facilidade pelo o meu rosto — queria que fosse igual a você e a Jade.

Ah, como eu queria, eles são tão felizes juntos. Nunca brigaram, nunca teve um acordo por traz e o meu irmão nunca beijou alguém além da Jade.

— Não diga isso, o que importa é que você o ama. — Ben enxuga as minhas lágrimas. — E outra, nunca reprima os seus sentimentos, está me ouvindo? Nunca!

Meu irmão não precisava de uma resposta, mas eu queria que ele soubesse os meus sentimentos. Já chega de guarda-lo só para mim.

— Sim Ben, eu o amo — repouso novamente minha cabeça em seu colo, ele logo começa a alisar os meus cabelos e eu choro baixinho.