Sentimentos Aflorados

18

Miguel

Fico olhando para a Flávia com o seu corpo rente ao meu, e imagino como eu fui capaz de deixa-la longe de mim por muito tempo, se os nossos corpos juntos são a coisa mais bela que existe.

E é nessa hora que eu me lembro... a Flávia vai embora hoje.

Mas eu não acredito que ela ainda vai me deixar depois de tudo o que aconteceu. Eu não quero nem pensar nisso, mas eu não tenho como esquecer, tirar isso da minha cabeça e pedir para ela ficar. Eu conheço a Flávia com a palma da minha mão e se ela disser que vai viajar, é porque ela vai viajar.

Por que de uma hora para outra eu me tornei tão inseguro?

Eu sempre preciso saber das suas respostas. Sempre preciso saber o que ela pensa.

Primeiro naquele dia na pousada, se ela queria realmente que eu a beijasse e agora aqui, para ver se ela ainda vai embora, me abandonar novamente ou não.

Então a chamo, pois eu necessito saber da sua resposta. Isso está mexendo com o meu psicológico.

— Flávia? — Pego gentilmente no seu ombro nu.

— Oi — ela se mexe ao meu lado e olha para mim logo em seguida.

— Eu preciso saber se você ainda vai viajar? — Toco o seu rosto. — Não quero que pense que quero que você vá, porque não quero, mas eu não acredito que depois de tudo você vai me deixar aqui... sozinho — essa última palavra saiu como um sussurro, eu não queria ter que pronunciá-la.

— Eu não vou mais fazer isso com você — Flávia segura o meu rosto com as duas mãos e me dar um selinho. — Eu te prometo que eu nunca mais vou te abandonar, está me entendendo? — Ela sorrir, alegremente.

Ela não iria embora, ela ficaria. Ficaria aqui, comigo.

— Você não sabe o quanto isso me deixa feliz — sorrio, aliviado com as suas palavras.

— Sabe o que eu estava me lembrando agora — Flávia se endireita na cama.

— O quê? — Também me sento na cama.

— A cinco anos atrás eu estava fazendo essa mesma viagem, só que não estava feliz como estou agora, estava mal, muito mal, mas mesmo para baixo eu queria que você fosse na rodoviária e me trouxesse de volta para seus braços. — Flávia pega nas minhas mãos. — Por que você não fez isso, Miguel? — Ela olha para mim com uma expressão confusa, chateada, e além de tudo decepcionada. — Nós nem precisaríamos ter ficado todo esse tempo longe, um do outro.

— Mas eu fui atrás de você — digo bem rápido. — Eu até cheguei a ver o seu ônibus indo embora. Eu só gostaria de ter sido mais rápido — olho no fundo dos seus olhos, acredite em mim.

Deus, como eu me arrependo de não ter sido mais rápido. Perdemos tantas coisas que poderíamos ter aproveitado. Só nós dois. Eu me explicaria por todas as minhas burradas que eu fiz e viveríamos juntos de novo. Juntos e felizes.

— Então, você foi mesmo... eu te odiei por tanto tempo pensando que você não... — Flávia diz e eu logo a interrompo, não quero mais pensar nisso.

— Não vamos mais falar sobre isso. — Coloco um dedo entre os seus lábios. — Sabe onde eu estava antes de encontrar você aqui no meu quarto?

Eu tinha ido fazer o que eu prometi a mim mesmo que faria depois do casamento da minha irmã.

— Não. Aonde você estava? — Ela pergunta.

— Eu fui terminar o meu noivado com a Ester e com qualquer relacionamento que eu poderia ter adiante com ela — digo e a Flávia fica estática, sem reação.

Isso mesmo que você ouviu, Flávia.

A Ester foi uma pessoa muito importante na minha vida e eu nunca vou me esquecer dela, mas ao meu lado tem que ficar uma pessoa que eu realmente ame e esse alguém já estar aqui, na minha frente.

— Sério? — Ela finalmente fala subindo em cima do meu colo, completamente feliz.

— Muito sério — confirmo novamente o que acabei de lhe dizer e a abraço, fortemente.

Nada nos impediria de viver esse amor. Nada e nem ninguém nos atrapalharia, não de novo.

— Não acredito... — Flávia dar vários beijinhos na minha boca e no meu rosto.

A sua felicidade está escancarada no seu rosto. Ela está muito feliz. E isso já é motivo de me deixar mais feliz ainda.

— Flávia com você em cima de mim desse jeito, eu não vou conseguir aguentar por muito tempo — digo ao seu ouvido.

— O que você disse? — Flávia para de fazer o que estava fazendo a segundos atrás e afasta o seu rosto, um pouco do meu, para poder mim encarar.

— Está pronta para um segundo round? — Pergunto dando a minha melhor piscadela de olho na esperança que ela diga sim.

— Mais que pronta — Flávia começa a me beijar, ficando por cima do meu corpo e eu seguro firmemente o seu rosto com as minhas mãos.

Nunca mais deixarei você partir, a não ser que seja comigo.