(5 Meses depois)
Miguel
Estava no quarto esperando a Flávia voltar, já que ela havia descido para a cozinha, dizendo que queria comer alguma coisa. Eu disse a ela que eu poderia ir no seu lugar, mas como ela não me escuta logo desceu as escadas, atrás do que buscava. Minutos se passaram e eu já estava até me perguntando se não seria uma boa hora para descer e ver se ela precisava de ajuda ou algo do tipo, e quando já estava prestes a fazer isso escuto um grito seu.
— Miguel? — Sua voz estava aflita.
Será que é agora? Pode ser a qualquer minuto. Ela já entrou nos nove meses, agora é só esperar. Mais sempre quando ela me chama eu já penso que é a hora, estou muito apreensivo e nervoso, talvez seja por isso. Só que diferente das vezes anteriores, essa vez eu tenho certeza, ela nunca me chamou assim antes, com essa voz trêmula.
— Oi? — Paro na porta da cozinha e me encosto na mesma; corri tão rápido que estou respirando com dificuldade.
— Acho que a bolsa estourou — Flávia sai de trás do balcão olhando para o seu vestido. Passo meus olhos por ele e o vejo molhado. Chego perto dela e olho para o chão, do qual ela olhava atentamente. Mais que depressa pego a Flávia no colo e vou em direção a porta de entrada. Entro na garagem e coloco ela dentro do carro. Amarro o cinto de segurança nela e quando vejo que está bem reforçado em seu corpo, volto para dentro de casa só para pegar a bolsa, que por pura coincidência havíamos arrumado ontem, e em seguida partimos em direção ao hospital.
Depois eu avisaria aos meus amigos.
..............
Assim que chegamos no hospital fomos logo direcionados a sala de parto. A Flávia já estava pronta para ter a criança. Uma enfermeira colocou ela às pressas em uma cadeira de rodas e desesperadamente andou com ela pelos corredores, e eu estava ao seu lado, segurando a sua mão. Segundos depois, eu entro na sala em que ela já estava, deitada em uma maca, onde daria à luz ao nosso filho. Eu queria estar aqui, para vê-lo nascer e principalmente para lhe dar forças.
— Oi, querida. — Digo ao seu ouvido. — Vai ficar tudo bem e eu vou estar aqui com você. — Flávia olha para mim, com um meio sorriso e aperta a minha mão.
O médico começa a falar, lhe incentivando.
— Senhora Bittencourt, preciso que você faça força.
Flávia aos poucos começa a fazer o que lhe foi pedido. Ela faz isso repetidas vezes. Respira fundo. Faz força. Respira fundo. Faz força. Até que depois de algum tempo, começo a ver suor descendo pela a sua testa.
— Vamos, meu amor — seguro mais firme sua mão.
Alguns minutos se passam e nada, até que o médico fala novamente, apreensivo.
— Senhora Bittencourt, só mais um pouco de força.
Olho para a Flávia e vejo que ela tenta puxar oxigênio, para ganhar forças, tentando conseguir de alguma forma fôlego. Assim que ela consegue o que estava buscando, começa a fazer ao que o médico havia pedido. Força. Só mais um pouco de força. É só disso que ela precisa. Saio dos meus pensamentos quando percebo que a Flávia está segurando a minha mão com mais força. Ela apertava a minha mão com uma força absurda e quando desvio o meu olhar para o seu rosto, ela se encontrava mordendo seus lábios, fortemente. Queria eu não vê-la desse jeito, não vê-la sofrer assim. Mais tenho que mandar uma energia positiva para ela, diferente dessa triste, que eu estou emanando agora.
Até que a sala que antes se encontrava em um completo silêncio, tirando o fato do médico chamar a atenção da Flávia e dela de vez em quando começar a gritar, logo se enche com um choro.
O choro do nosso filho.
O choro do nosso Enzo.
A enfermeira, que também estava acompanhando o parto, veio até nós e colocou o Enzo ao lado da Flávia, bem perto do seu rosto. Um sorriso se forma em seus lábios quando ela o acaricia, levemente. Seus olhos ficam marejados e em seguida as lágrimas começam a cair sobre o seu rosto. Agora, vendo o meu filho aqui, eu finalmente consigo respirar. Respirar, por eles dois estarem bem. Os dois amores da minha vida.
— Ele é lindo — Flávia comenta.
— Tinha que ser — acaricio o rosto dele e os nossos olhares se encontram — puxou a você. — Flávia rir do que eu acabei de falar e desvia o seu olhar para o nosso filho.
Ficamos assim, olhando para ele ou lhe acariciando, até que a enfermeira vem novamente e o leva dizendo que o traria de volta o mais rápido possível.
— Você foi ótima, querida — aliso os seus cabelos, delicadamente. Eu amo pegar neles e a Flávia também parece que gosta quando eu faço isso, pois toda vez ela se derrete com o meu toque em sua cabeça.
— Você esteve aqui e isso me ajudou. Bastante — pega na minha mão.
— Eu sempre estarei aqui, mon soleil (meu sol). — Me aproximo do seu rosto e deposito um beijo em sua testa. Não a beijaria agora, mesmo que eu quisesse muito, ela precisa de descanso. E eu daria isso a ela.
— Você já está aprendendo a falar em francês — ela comenta, rindo bem fraco.
— Claro, eu tenho que te impressionar — digo com um sorriso sacana. Queria a deixar feliz, e gostaria mais ainda de faze-la rir, como fiz há segundos atrás. A sua risada é muito gostosa de se ouvir.
— Então agora é minha vez — Flávia diz com um ar jovial e eu me pergunto o que ela irá fazer ou falar agora. — Obrigado, ma lune (minha lua). — Um sorriso aparece em seus lábios e seus lindos olhos, que antes estavam quase sem brilho, agora brilhavam fortemente. E eu já não conseguindo mais me segurar, depois que ela disse isso para mim, me aproximo novamente de seu rosto e dou um beijo em sua boca.
Em sua maravilhosa boca.
![](https://img.wattpad.com/cover/113325035-288-k615282.jpg)
STAI LEGGENDO
Sentimentos Aflorados
Storie d'amore- LIVRO 2 - Passaram-se 5 anos desde a sua viagem para Natal e muita coisa havia mudado em sua vida e assim tudo ia bem no dia a dia de Flávia, até que, ela se vê numa situação muito difícil. Aceitar ou não aceitar ser a madrinha de casamento da Jad...