Remembered

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O despertador tocou.

Mais uma segunda-feira estava começando. Eu via a luz do sol entrando pelas brechas da cortina e os passarinhos cantando alegremente, era um acordar belíssimo se eu não estivesse morrendo de sono e irritada por ter que levantar da minha cama tão cedo.

Com muito esforço, me dirigi ao banheiro para fazer minhas higienes diárias. Eu queria ficar em baixo daquela água quente que escorria do chuveiro para sempre pois ao sair encontraria o ar gélido e seco da manhã de Framligham.

Vesti um jeans, All Star vermelho, blusa de lã grossa azul, um gorro vermelho, pó, rímel, anel no indicador direito e um no anelar.

Fui até  cozinha e preparei um chá para começar o dia. Aproveitando que tinha alguns minutos antes de dar o meu horário para ir trabalhar, me sentei no sofá e liguei a tv. Me aconcheguei e fui passando os canais até ver algo de interessante. Parei no canal 6 onde passava um programa de entrevistas, onde vi ele, Ed. Ele estava de camisa xadrez e jeans, típico. Ele falava da infância, quando era uma criança estranha e sem muitos amigos. Isso me fez voltar ao passado e relembrar coisas que eu tinha me esquecido.

Ed realmente era uma criança sem muito amigos, mas para mim, ele não era estranho, era diferente. Eu e ele nos conhecemos na escola, na quinta série para ser exata, e então viramos grandes amigos. Acho que de qualquer jeito nós nos tornaríamos amigos pois nossas mães se conheceram também e viraram amigas, daquelas que sempre frequentam uma a casa da outra, então basicamente não haveria escapatória.

Ed começou a falar do novo álbum que sairia no dia 23, o programa devia ser reprisado pois hoje é dia 23. Ele estava ansioso para todos ouvirem e para saber a opinião também. Lembrei de quando ele passava horas trancado no quarto compondo uma música atrás da outra e preocupado com a qualidade e opinião de quem iria ouvir, e percebi que ele nunca iria mudar nessa parte.

Ele começou a falar de suas inspirações e as composições que como sempre eram pessoais... fechei os olhos e veio na memória ele compondo no sofá de casa, quase sempre pelas manhãs, o que me fazia se sentir especial, já que falava sobre mim, sobre ele, sobre nós.

Voltei para a realidade e percebi que estava na hora de ir. Peguei as chaves, meu celular, minha bolsa e minhas papeladas e sai.

Depois de todas as aulas, fui para a sala dos professores guardar as minhas coisas. Peguei um café e me sentei na mesa onde só estava eu. Eu pensava em Ed, em tudo o que aconteceu e passou. Chris, uma das professoras e minha melhor amiga, entrou na sala sem que eu percebe-se. 

_ Nossa a Betany está toda coberta de glitter de novo. Ela diz que é pozinho mágico e que só com ele pode voar, acredita? Acho que ela assistiu muito Tinker Bell... Aconteceu alguma coisa?_ me olhou assustada quando finalmente me encarou.

_ Ah, nada.

_ Eu te conheço bem, Audrey _ disse desconfiada da minha resposta.

_ Sério, não é nada.

_ Audrey, você está fazendo aquilo com os olhos de novo.

_ Não é nada _ falei quase impaciente.

_ Eu te conheço.

_ Sério, não é nada _ sorri para ela saber que eu estava bem, ou pelo menos fingir que estava.

_ Tudo bem. O Rick e o Guy querem ir ao pub hoje, vamos?

_ Hoje é segunda.

_ Happy hour.

_ Acho que passo. Não dormi muito bem. Sexta se quiserem.

_ Tudo bem, vou ver com eles.

_ Noite dos solteiros amargurados _ ri.

_ Você já superou né?

_ Acho que sim.

Pensei melhor no que disse e diagnostiquei que eu havia superado 100%. Eu havia conhecido um cara chamado Dylan anos atrás,  e de início éramos apenas amigos, mas isso mudou um tempo depois, tanto que até nos tornamos noivos. Ele era incrível mas sabíamos que não ia dar certo. Tínhamos pensamentos e planos diferentes, nunca que nossa relação sobreviveria, e também só estávamos um com o outro para não nos sentimos sozinhos, não havia amor e nem história, já que foi algo rápido e inusitado. Mas terminamos bem, nós estávamos mentindo e prendendo um ao outro, terminar seria melhor. Fiquei triste não por termos terminado, mas sim por ter me acostumado com ele, que era meu amigo antes de tudo. Ele está nos EUA agora e espero que esteja feliz e seguindo o seu caminho, como eu estou.

_ Bom, vou indo, qualquer mudança eu te aviso.

_ Ok _ nos abraçamos, peguei minhas coisas e fui para o carro.

Chegando em casa, joguei minhas coisas sobre na mesa. No quarto tirei o gorro e o tênis e me joguei na cama. 

Eu estava exausta e pensativa. Por que eu pensava tanto no Ed? Talvez queria saber se ele estava bem, como andava a vida. Fazia muito tempo que eu e ele não nos falávamos... Lembrei das nossas longas horas conversando e risos  pelo celular. Era um tempo bom, um tempo um pouco distante... mas muito bom.

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