Going

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Eddye, como eu o costmava chamar, vivemos juntos o resto da nossa infância e toda a nossa adolescência. Foram momentos bons e inesquecíveis.

Eu adorava quando minha mãe ia na casa dos Sheeran. Eu e ele ficávamos conversando e brincando de Lego em seu quarto, enquanto comíamos alguns bolinhos de chocolate deliciosos que Imogen fazia.

Na adolescência, Eddye e eu continuávamos sendo "esquisitos", mas conquistamos alguns amigos. Nas tardes de sábado, ficávamos jogando ping pong e conversa fora. De noite, saíamos para algum lugar distante da cidade para beber e fumar escondido. Nos divertíamos muito. Era ótimo se desligar do mundo, relaxar e só viver o momento, sinto falta de tudo.

Eddye sempre sonhou em se tornar um grande cantor, e ele tinha potencial e talento para isso. Eu adorava a sua voz e suas músicas. Ele transmitia o sentimento, o que se passava na música com a sua linda voz, era surreal. Ele vivia dizendo que ali não realizaria o seu sonho, que um dia precisava partir. Quando ele me contou que iria para Londres, eu desmoronei.

Framlingham 2007.

_ Audy?
_ Eddye?
_ É sou eu. Você pode vir aqui em casa? _ disse completamente rápido, o que me deixou preocupada já de imediato.
_ Claro, aconteceu alguma coisa?
_ Não, não... é que eu só queria falar com você.
_ Tudo bem, eu vou.
_ Eu estou sozinho, então é só entrar. Estou no meu quarto.
_ Tudo bem.
_ Até logo.

Ele não estava bem. Parecia bem apreensivo e nervoso. Algo não estava certo. Calcei meu All Star e fui até sua casa. Entrei e fui em direção ao quarto.

_ Eddye? _ bati na porta.
_ Entre _ abri a porta e ele estava sentado na cama com o violão.
_ Oi!
_ Oi.
_Você está bem?
_ Estou.
_ Você está bem mesmo? _ perguntei novamente totalmente desconfiada.
_ Sim, sim... é sim _ ele desviava o olhar de mim, e esse era um dos sinais que Eddye fazia quando estava mentindo.
_ Você não mente muito bem.
_ Tá na cara? _ murmurou decepcionado por ser descoberto.
_ É, eu te conheço, você gagueja e desvia o olhar.
_ É eu não sou bom nisso. Senta aqui _ me sentei de pernas entrelaçadas de frente com ele como sempre fazia. _ Preciso te contar uma coisa!
_ Me diz então.
_ Ah, eu... é que...
_ Você está me deixando nervosa, pode falar.
_ Ah, eu... eu vou embora, Audrey! _ aquilo me atingiu como uma faca nas costas.
_ Como é?
_ Isso mesmo que ouviu.
_ E quando... quando você vai?
_ Semana que vem.
_ Por que não me disse? _ o olhei indignada.
_ Eu queria, mas não sabia como, eu, eu... não queria te magoar _ murmurou triste pela notícia que deu. 
_ Quando decidiu?
_ Há um mês.

Eu não sabia o que responder. Minha respiração estava forte e ofegante.Uma agonia tomou conta de mim. Eddye era o meu melhor amigo, ele sempre estava comigo, ele era um porto seguro, era o meu diário, onde eu podia colocar tudo e me sentir salva. Eu não sabia como reagir, mas o meu ego entrou na frente de todos os sentimentos para falar algo que eu não queria.

_ Diz alguma coisa, Audy _ ele me olhava esperançoso, esperando agonizadamente a minha resposta para aquilo.
_ Eu não sei o que dizer. Decidiu isso sem me falar nada? Eu me prepararia para ser abandonada. Não acredito que vai me deixar, que vai deixar tudo pelo o seu sonho, e... _ Eddye me olhou assustado e indignando. _ Desculpa. Desculpa. Me perdoe. Eu só estou triste. Não estava preparada _ respirei fundo para me conter.
_ Tudo bem. Eu devia ter falado _ forçou um sorriso em seu rosto.
_ Eu entendo perfeitamente _ o abracei por alguns segundos.
_ E sua mãe, como reagiu?
_ Ela chorou muito, mas sabe que é o certo _ nisso uma lágrima caiu dos meus olhos.
_ Ei, não chore. Eu sempre vou estar com você, mesmo longe vou te perturbar _ rimos. _ Eu quero que você continue sempre assim.
_ Eu farei isso _ sorri.
_ E quero que encontre alguém também.
_ Sabe que você é o único.

Eddye e eu nunca ficamos, namoramos ou algo do tipo, mas o vínculo que havia entre a gente não haveria com outras pessoas. Brincávamos  de que quando um de nós casássemos, levaria o outro para morar junto pois éramos o pedacinho que completava um do outro. Eu nunca acharia alguém que me amasse e me entendesse como ele. Difícil de achar, difícil de entender esse amor e difícil de deixar partir.

_ Eu sei _ sorriu se orgulhando. _ Você também é _ nos olhamos e rimos.
_ Eu vou sentir falta.
_ Eu também vou.

Durante o tempo que Eddye ainda ficaria em Framlingham, que era questão de dias, eu e o "nosso" grupo aproveitamos ao máximo. Saímos, assistimos filmes, séries, e conversamos bastante. No seus últimos dia, ele se despediu de todos os seus familiares e amigos, inclusive de mim.

_ Oi Brit!
_ Oi Ed. Já está indo?
_ Já.
_ Vem, entre _ eu o ouvi chegar e logo desci.
_ Oi
_ Oi _ nos abraçamos.

Meus pais, eu e meu irmão ficamos conversando com ele por alguns minutos. Eu não queria que aquela conversa acabasse pois sabia que em seguida ele sairia por aquela porta e demoraria para voltar.

_ Bom, tenho que ir se não vou perder o ônibus.
_ Boa sorte, Ed. Estamos torcendo por você _ disse meu pai.
_ Espero que consiga tudo o que deseja. Você tem potencial _ falou minha mãe e logo em seguida o abraçou.
_ Obrigado.
_ Que de tudo certo, cara _ meu irmão deu um toque.
_ Valeu _ Eddye veio na minha direção meio triste.
_ Hora de ir.
_ Tenho um presente para você, me siga _ ele subiu as escadas comigo até meu quarto. Vasculhei toda minha gaveta procurando meu presente . _Achei! _ eu havia feito uma pulseira para ele laranja e preta, já que ele adorava as cores.
_ Para você se lembrar de mim _ puxei o seu braço esquerdo e coloquei a pulseira. Ele olhou e sorriu.
_ Eu nunca vou te esquecer _ me abraçou. Nisso eu não consegui segurar o choro.
_ Ei, não chore.
_ Xiu! _ riu da minha fala que falhou pelas lágrimas.
_ Eu vou ser sempre o único? _ olhou para mim.
_ Sim _ sorri com as lágrimas que persistiram em cair.

Eddye colocou sua mão em meu rosto e me deu um beijo. Aquele era o meu primeiro beijo e ele sabia disso. Eu me assustei totalmente mas não recuei, pois de certa forma me acalmou e me disse que tudo ficaria bem. Depois do selinho demorado ele me olhou e sorriu tímido e envergonhado. Minha única reação foi abraça-lo.

Descemos e todos se despediram novamente. Eu o levei até a porta e dei um último abraço, e o vi ir atrás dos seus sonhos.

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