Beginning

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Ed x on

Novamente eu errei. Novamente eu parti o coração de Audrey. Novamente eu perdi ela.

O que há de errado comigo? Por que eu nunca consigo fazer as coisas darem certo? Por que essa bagunça na minha mente? Com tudo isso em mim, acho que não seria mais justo todas as consequências.

Desde que perdi ela da penúltima vez, jurei para mim mesmo que nunca mais iria machuca-la, que nunca mais iria decepcioná-la e que nunca mais deixaria ela passar entre meus dedos se ficássemos juntos novamente. Eu fiz de novo.

Quando encontrei Audrey naquele velho pub que íamos, o meu coração disparou. Ela estava tão linda e tão graciosa, que vi minha chance de mudar tudo, de fazer o certo e voltar a ser como éramos. Fiquei totalmente inseguro sobre qual seria a reação dela sobre mim, já que provavelmente eu seria a última pessoa que ela gostaria de ver na vida, mas até que ela se portou bem, e minha esperança estava no topo. Por mais que eu estivesse pagando um papel de bobo pelo nervosismo, os assuntos foram surgindo, e eu vi nós dois novamente se parecendo cada vez mais com as mesmas pessoas de alguns anos atrás.

Eu não estava namorando Athina ainda.Jjá havíamos ficado algumas vezes mais não tinha nada sério. Um tempo depois, essas nossas ficadas começaram a ser algo um pouco mais sério, por motivos que eu não sei dizer se foi amor mesmo, medo de ficar sozinho ou todas as opções. Eu sempre me senti muito bem com ela, ela era engraçada, extrovertida, linda entre outras qualidades e defeitos, mas não se comparava com Audrey.

Continuamos nos falando e a nos aproximar cada vez mais, e a cada bom dia, bom trabalho e boa noite, eu tinha uma enorme vontade de dizer te amo. Mas é certo dizer isso para duas mulheres? É possível amar duas?

Quando ela me disse que viria em uma semana,  minha felicidade era igual a de uma criança que ganha um brinquedo novo, e quando ela chegou, nossa, essa felicidade duplicou.

Fomos em pubs, rimos muito, comemos muito e passamos momentos incríveis juntos, e foi como nos velhos tempos, eu bêbado e dando trabalho, ela bêbada e se envergonhando depois (tenho tanta dó dela disso), sempre brincando um com o outro, dando concelhos e ajudando... Por que eu não consigo arrumar tudo?

O nosso jantar em Nova Iorque, meu deus, eu havia me esquecido como ela ficava tão linda de vestido. Aqueles lábios vermelhos, aquilo tudo era para mim, e com certeza eu amei, mas nada se comparava quando ela acordava, porém era tudo uma máscara, escondendo seus pensamentos. O desabamento de Audrey quase me atingiu por completo. Eu odiava ver ela triste. Não era algo que se parecia com ela, mas sei que pude ajuda-lá e a conforta-lá junto com a Cindy Lauper e algumas cervejas.

Mas no táxi, no quarto... finalmente minha esperança havia sido concluída. Eu me entreguei e ela fez o mesmo. As duas almas havia se conectado. Os beijos, os sorrisos, as risadas, o corpo dela junto ao meu, a respiração que era nítida e sentida, tudo havia saído da minha mente, tudo finalmente era real.

E por todos esses momentos, havia me esquecido de Athina, que estava do outro lado do mundo esperando uma mensagem minha. Quando me toquei do que estava acontecendo, vi que já estava muito envolvido, e que Audrey merecia uma resposta, só que eu não podia dar nada que não fosse concreto. Eu amava a Audrey, mas também amava Athina. Elas me faziam tão bem. Elas me amavam do jeito que era,  com todos os meus defeitos e minhas qualidades... Como deixaria uma?

Certamente não precisei escolher, o destino ou as minhas "consequências" fizeram tudo por mim. Ainda consigo ouvir certamente a nossa conversa terrível no quarto e sentir o coração de Audrey em pedaços, já que só fazia algumas horas.

Eu só queria voltar no tempo e consertar tudo, deixar tudo como era antes, fácil, leve, apaixonante e sólido. Fechava os olhos na expectativa de poder fazer acontecer mais era inútil.

E lá estava eu novamente fazendo meu ritual de magoa, em um lugar onde todas as mentes estavam em outro mundo, menos a minha, que só pensava em que tinha perdido ela novamente, e que com certeza ela nunca mais voltaria. Com os meus pensamentos se juntando aos outros pela bebida, repetia para mim mesmo:

_ Volte Audrey, volte tempo...

E tudo na minha cabeça voltou ao início.

Audrey x on 2015 

_ Cadê as tintas filha?
_ Estão no quarto, pai.
_ Vai pintar a sala de que cor?
_ Acho que a parede da tv de marrom e as outras serão brancas mesmo.
_ Vai parecer a casa da minha bisavó
_ Cala a boca, Chris _ rimos.
_ Então meninas, vamos começar a se mexer? _ disse minha mãe com os pincéis nas mãos.
_ Vamos!

Sinto falta das conversas de semana passada. Parecia que tinha se passado tanto tempo. Queria tudo de volta.

Estava ainda tirando algumas coisas das várias caixas empacotadas que ainda estavam pela sala. Não sabia onde iria colocar tudo, acho que teria que jogar algumas coisas fora.

Livros e revistas, com certeza isso não iria para o lixo. Roupas que não usava eu poderia dar para alguém que precisasse. E a bolinha de lã? Olhei para Ian e ele tinha os olhos fixados na bola vermelha.

_ Você quer? _ ele me olhava atento. _ Pega! _ joguei a lã pelo enorme chão da sala e ele foi atrás.

Eu precisava dar um fim naquelas coisas, separar o que iria jogar fora, o que iria doar e o que iria ficar. Tomei um gole do meu chá, fiz um coque no cabelo e fui para a luta.

Passei quase a tarde inteira separando tudo. Bateu um grande arrependimento de não ter aceitado a ajuda de Chris. Enfim,só restava uma caixa, era pequena e não iria demorar muito.

Uma das coisas que eu encontrei na caixa foi o meu álbum de formatura. Olhei as fotos sorrindo por ver o quanto algumas coisas tinham mudado. Também encontrei um diário que havia escrito ente os 17 e os 19 anos, o começo da minha vida aqui em Londres estava escrito ali. O abri e novamente folheei as páginas, vendo os meus textos, rabiscos e pequenos desenhos. Percebi uma leve saliência entre as páginas e fui direto para a área marcada. Ali estava uma foto minha e de Edward, tirada da minha Polaroid e um colar que ele tinha me dado. Um colar que ele havia feito com uma pedra que tinha achado na praia. Eu queria não ter aberto aquilo.

Já fazia um bom tempo que eu não pensava nele. Um bom tempo em que eu havia pegado todas as minhas memórias de lugares e de coisas que passamos juntos e transformado em outras, tirando ele de de tudo.

Eu não queria pensar, não queria voltar, mas foi automático, e tudo voltou ao início.

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