capítulo 6

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Sir Christopher nada respondeu e nem sequer alterou a expressão do rosto.
Dulce cerrou os lábios com força para não praguejar. Como é que ele podia continuar se comportando de maneira rude na presença de todas aquelas pessoas? Seria assim tão seguro de si para não temer a censura de ninguém?

A julgar pelas aparências, parecia que sim.

— Posso sentar-me? — ela indagou, embora as palavras não soassem como um pedido.

— Minha lady, por favor, sente-se aqui. — O cavaleiro de cabelos grisalhos levantou-se depressa e sorriu. — Sou sir Tomáz Goycoleia. Claro que estamos encantados com a sua chegada, mas você está ensopada. Tem certeza de que não prefere...

— Estava bastante ansiosa para encontrar meu futuro marido — Dulce o interrompeu, aproximando-se da mesa e tirando a capa... para só então perceber que o vestido molhado colava-se ao seu corpo como uma segunda pele. No mesmo instante um rubor intenso subiu-lhe ao rosto e bastou olhar ao redor para ter certeza de que estava dando um espetáculo. Até o velho sacerdote a olhava como se jamais houvesse visto uma mulher antes. Considerando que parecia estar nua, era bem possível que, no caso do padre, isso fosse verdade.

Entretanto Dulce não disse uma palavra e tomou seu lugar à mesa como se nada de anormal tivesse acontecido.

— Eu, ah, espero que sua jornada tenha sido agradável, exceto pelos últimos quilômetros — sir Tomáz falou.

— Sim, foi uma jornada agradável — Dulce concordou. Uma serva, de seios enormes e modos que sugeriam estar acostumada a desempenhar papel de importância na cama de lorde de Uckerman, colocou um prato de carne diante de Dulce com evidente má vontade.

Ao voltar-se para o noivo, Dulce notou que ele tinha os olhos fixos nos seus seios.

— Vejo que você está faminto também — ela observou num tom falsamente inocente.
Uckerman não esboçou nenhuma reação e limitou-se a comer.
— A tempestade foi tão forte que estávamos certos de que vocês iriam se refugiar numa estalagem à beira da estrada — sir Tomáz comentou depois de alguns instantes de silêncio desconfortável.

— É o que deveríamos ter feito, porém Alfonso estava certo de que seríamos calorosamente recebidos aqui e insistiu que continuássemos — Dulce explicou, não sem uma pontada ironia.

Enfim Alfonso apareceu e o motivo de sua demora ficou evidente a todos. Ele havia trocado de roupa e secado os cabelos tanto quanto possível. Entretanto, a pesada túnica de brocado parecia enfatizar a extrema magreza em vez torná-lo aparentemente mais encorpado, o que fora sua intenção. Desajeitado e inseguro, o nobre parou à entrada do salão, tentando, sem sucesso, embutir os cabelos com as mãos.

Como se para humilhar a noiva, sir Christopher levantou-se imediatamente e caminhou na direção do recém-chegado.

— Lorde Sanviñon! — exclamou, a voz profunda mostrando satisfação. — Que prazer tornar a vê-lo!

Esforçando-se para disfarçar o rubor das faces, Dulce ergueu-se.

— Se me der licença, acho que vou me retirar. Estou mais fatigada do que imaginava. Boa noite, sir Tomáz. Foi um prazer conhecê-lo. — Com os olhos fixos na serva de seios fartos, pediu: — Gostaria que me mostrasse meus aposentos.

— Claro, minha lady — a criada respondeu, o ar de insolência quase desaparecido.

Embora ouvisse os dois homens aproximando-se, Dulce não olhou para trás e tampouco disse alguma coisa.

Simplesmente limitou-se a seguir a serva pela escadaria que conduzia ao patamar superior.

Longe da multidão, ela sorriu para si mesma, certa de que alcançara uma pequena vitória. Pelo menos mostrara ao poderoso sir Christopher de Uckerman que não se deixava intimidar com facilidade.

Esposa Rebelde - VondyOnde histórias criam vida. Descubra agora