capítulo 48

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Tomáz não conseguiu encontrar Christopher.

De fato, a busca não demorou muito porque seu cavalo perdeu uma ferradura, obrigando-o a voltar para o castelo. Num golpe de má sorte isso aconteceu quando já se encontrava bem distante do ponto de partida e a jornada de volta seria longa, puxando o animal pelas rédeas. Suspirando conformado, o cavaleiro pensou que nada disso teria acontecido se não houvesse decidido ajudar um amigo teimoso. Talvez, fosse um sinal dos céus de que não deveria intrometer-se.

— Sir Tomáz!

Ao ouvir alguém gritar seu nome, ele virou-se aliviado. Uma patrulha aproximava-se.

— O senhor está bem? — indagou, ansioso, o líder dos soldados.

—Meu cavalo perdeu uma ferradura—Tomáz explicou reconhecendo Nico, a quem já ouvira Christopher elogiar

— Ralf, dê seu cavalo para sir Tomáz — Nico ordenou. — Você e Gerald se encarregam de levar o cavalo de sir Tomáz de volta.

Tomáz montou no animal que lhe era oferecido e pôs-se, uma vez mais, a caminho do castelo.

— Por que a patrulha está na estrada? Montmonrency espera problemas?

— Não. Ele nos mandou procurá-lo — Nico explicou.

 

— Quer dizer então que ele já está de volta?

— Sim, senhor.

— E disse onde esteve?

O olhar do soldado não escondia a surpresa.

— Pelo menos não para mim, sir Tomáz.

— Não, suponho que Christopher não diria nada. Infelizmente, quando chegaram ao castelo, depois do anoitecer, Tomáz se deu conta de que havia perdido o jantar, pois não havia ninguém mais no salão à exceção de alguns servos, que terminavam de cuidar da limpeza. Pascual, entretanto, apressou-se a servi-lo de pão e frutas.

— Onde está Uckerman?

— Ele já se foi. Depois de certificar-se com uma das sentinelas que você estava a caminho, desapareceu. — O administrador inclinou-se e falou num tom conspiratório: — Meu lorde estava emburrado como nunca o vi antes.

— E lady Dulce?

— Retirou-se logo após o jantar. Ela também me pareceu chateada. Talvez aqueles dois estejam precisando de uma boa discussão para arejar o ambiente.

Tomáz sorriu diante da colocação do velhote. De fato, o casal precisava encontrar uma maneira de se entender, de se comunicar, e não seria por meio de um silêncio infantil.

— Você imagina para onde Christopher possa ter ido?

— Não, sir. Ele não me falou nada.

 

Seria difícil achar o amigo, uma vez que Christopher não estava querendo ser encontrado. Entretanto, nada o dissuadiria da missão que se auto-impusera. Depois de uma refeição rápida, Tomáz vasculhou o castelo inteiro: a sala de armas, a cozinha, os estábulos e até os quartos dos servos. Mas nem sinal de Christopher.

Cansado e irritado, concluiu que Uckerman só podia ter ido para a vila. Visitar a taberna, claro. Com passos cautelosos, ele percorreu o caminho que conduzia à vila através da escuridão. De vez em quando, ouvia-se o choro de uma criança ou o latido de um cão, porém, predo Dulce va a quietude.

Ao aproximar-se da taberna, tudo mudou. Vozes altas enchiam o ar, o calor de uma discussão animando a noite fresca. Embora se esforçasse para reconhecer alguma daquelas vozes, tinha certeza apenas da de Téo, que, por sinal, tentava acalmar os ânimos exaltados.

Esposa Rebelde - VondyOnde histórias criam vida. Descubra agora