capítulo 33

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— Asseguro-lhe, meu lorde, você será sempre bem-vindo e em qualquer circunstância.

— Não fique irritado com aquela história. Sua esposa estava certa, sabe? A verdade é que, por um instante, me esqueci de quem era, da posição que ocupo e também ignorei minhas boas maneiras. Lady de Uckerman é uma mulher muito especial, embora eu suponha que, a essa altura, você já tenha descoberto. Realmente o invejo, amigo. — Léon fitou-o de alto a baixo, exaltando-o com atenção. — Mas é melhor que descanse um pouco. Sempre contei com você e prefiro que não adoeça, seja lá por que motivo for.

O barão estava lhe falando como se fosse uma criança, não um nobre, Christopher pensou indignado.

—Agora só me falta encontrar uma esposa adequada para Alfonso... Não será fácil, pois o coitado não é nada parecido com você.

Onde será que o barão pretendia chegar, agindo como uma velha casamenteira em vez do guerreiro vitorioso que era? Do cavaleiro vencedor de tantos torneios que se tornara impossível contá-los?

 

Nisso o cavalariço apareceu, trazendo um magnífico garanhão, os arreios de prata resplandecendo sob a luz da manhã.

— Ah, finalmente. — O barão montou com uma agilidade impressionante para alguém de tão alta estatura. — Obrigado, Santos. Adeus, Christopher. Saudações à sua bela esposa. Se eu soubesse que a irmã de Alfonso era uma criatura assim tão especial, talvez tivesse sido tentado a casar-me com ela eu mesmo.

Christopher não teve tempo de responder, pois o barão, acompanhado da comitiva, saiu a galope. Foi melhor desse jeito, ou teria dito algo do qual acabaria se arrependendo mais tarde. Será que Dulce estava certa ao levantar dúvidas sobre Léon ser ou não merecedor de devoção e respeito inquestionáveis?
Entretanto sua esposa não conhecia o barão tão bem quanto ele. Ela jamais o havia servido. Tampouco cavalgara, caçara ou lutara ao lado de Léon. Christopher estava certo de que o barão era um dos homens mais honrados, corajosos e valorosos que jamais conhecera, alguém digno de admiração. Seu instinto não iria falhar agora.

Por um momento Uckerman sentiu-se tentado a ir atrás de Léon e dizer-lhe que levasse Dulce consigo, já que a achava tão atraente assim. Que o barão lidasse com aquela língua ferina e os humores incompreensíveis. Que o barão decidisse se o calor daquele beijo fora verdadeiro ou apenas fingimento.

 

 

Talvez Léon não se importasse em tê-la machucado e tampouco se sentiria imundo por ter agido como um animal odioso e brutal na noite de núpcias.

Quanto a ele, não estava gostando nem um pouco de ver seu mundo abalado até os alicerces. Não outra vez, não depois de tudo o que lhe custara para reconstruir a própria vida após a experiência terrível da morte súbita dos pais e do desmoronamento da família.

— Oh, que Deus me ajude. Estou morrendo!

Christopher virou-se ao ouvir a voz do cunhado que, vacilante, atravessava o salão. Com os cabelos espetados e as roupas amarfanhadas, o rapaz oferecia um espetáculo quase ridículo.

— Qual é o problema? — Uckerman indagou impaciente.

— Minha cabeça dói, minha boca está tão seca que parece cheia de areia e... meu estômago... — Ele não teve tempo de terminar a frase porque vomitou ali mesmo, em cima das próprias botas.

— Pascual! — Christopher berrou.

O administrador, sorrindo de uma orelha à outra, agora que a festa de casamento fora um sucesso e o barão partira, saiu às pressas da cozinha.

— Sim, meu lorde? — O sorriso do velho desapareceu no instante em que colocou os olhos sobre Alfonso.

Esposa Rebelde - VondyOù les histoires vivent. Découvrez maintenant