capítulo 12

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— Não posso, meu lorde! — a serva protestou, cobrindo o rosto com as mãos e começando a chorar. — Ela não vai permitir! Acho que já me odeia. Basta ver a maneira como me olha. Ela sabe sobre nós, ou então suspeita. Vou ter que ir embora daqui! 

Segurando as mãos de Anahí, Uckerman obrigou-a a fitá-la para que percebesse a sua sinceridade.

— Pois eu lhe digo que você vai ficar no castelo. Você é uma boa mulher e uma serva leal. Ninguém poderá forçá-la a partir. — Lembrando-se da censura estampada nos olhos de lady Sanviñon, Christopher soltou as mãos de Anahí e afastou-se. — Entretanto, mantenha distância de mim.

- É... é o que farei, meu lorde. Obrigada, meu lorde — Ela respondeu, trêmula, para logo depois sorrir, convidativa — Nós passamos bons momentos juntos, não foi, sir Christopher? Se ela não o tratar bem...

— Serei fiel à minha mulher.

— Sim, meu lorde. Eu deveria imaginar. — Anahí suspirou e começou a descer a escada. — Espero que seja feliz, meu lorde.

Uckerman não respondeu. O que havia para dizer?

— Você poderia fazer a gentileza de me designar um acompanhante? — Dulce pediu ao noivo na manhã seguinte, ao entrar no salão para o desjejum. Felizmente a missa havia sido breve, embora cansativa, porque padre Reverte cochilara algumas vezes e se perdera com as palavras.

Fora-lhe reservado um lugar junto a sir Christopher, ela notou. Um avanço, considerando-se a noite anterior. Sentado ao lado da cadeira vaga estava sir Tomáz, o mesmo sorriso gentil no rosto. Alfonso sentava-se à esquerda de Uckerman e sorria sem parar, como se quisesse agradar ao anfitrião.
Quanto a sir Christopher, não podia dizer qual expressão marcava o rosto viril, já que não levantara os olhos para fitá-lo. Só de pensar no encontro entre o noivo e a criada, sentia-se corar. Mas aparentemente aquela conduta a incomodava mais do que a ele.

Que arrogância desmedida tinha aquele homem, capaz de praticamente fazer amor com outra mulher junto à porta do quarto da noiva! Quanto mais distancia pudesse manter de Uckerman, melhor. Nem que fosse por algumas horas.

— Quero cavalgar hoje — Dulce anunciou —, já que a tempestade passou. Ontem não fomos capazes de apreciar os arredores do castelo por causa da chuva e da escuridão.

— Não posso gastar meu tempo cavalgando pelos campos — Uckerman respondeu secamente. — Tenho negócios a resolver.

Ainda bem que o salão não estava tão cheio quanto ontem, ela pensou. Assim pouca gente testemunhou a maneira ríspida como sir Christopher a tratava.

— Claro. — De fato Dulce não queria companhia alguma. Preferia cavalgar só, como costumava fazer ao sentir-se triste e deprimida. Depois da jornada cansativa e da noite passada numa cama estranha, mais do que nunca desejava estar só. — Você tem que inspecionar os reparos da ponte — observou, esforçando se para soar afável —, além de verificar se outras construções sofreram abalos com a tempestade. — Anahí aproximou-se da mesa e colocou um prato de pão e frutas à sua frente. — E talvez esteja cansado ela acrescentou num tom falsamente inocente.

Christopher fitou-a, desconfiado, e Anahí afastou-se às pressas. Dulce teve vontade de rir e mordeu uma maçã para disfarçar a satisfação, apreciando a doçura do fruto com prazer.

Esposa Rebelde - VondyOnde histórias criam vida. Descubra agora