capítulo 15

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Dulce riu baixinho ao ver o bando de homens passar num galope desenfreado perto do lugar onde se escondera, à beira da estrada. Pelos galhos das árvores, era possível enxergar a expressão severa do noivo e o pavor estampado no rosto de Alfonso. Seu meio-irmão andava lentamente e devia estar aterrorizado.
Coitado! Não havia motivos para Uckerman insistir na presença do futuro cunhado, pois Dulce estava certa de que Alfonso só se juntara ao grupo devido a uma ordem direta de sir Christopher.
Os outros soldados simplesmente se preocupavam em não perder seu lorde de vista. Ela bem podia imaginar as palavras duras que Uckerman iria dirigir-lhes caso ficassem para trás.
Quando o tropel dos cavalos desapareceu no horizonte, Dulce saiu do esconderijo e embrenhou-se no bosque. O castelo havia sido construído numa planície, porém, a uma pequena distância, erguiam-se colinas e estendia-se a floresta. Esquilos e pássaros enchiam de ruídos a manhã clara e úmida.
Enquanto continuava o passeio pelos arredores, Dulce percebeu que seu futuro lar estava localizado numa bela região. Aldeões trabalhavam no cultivo da terra e, pelas conversas que conseguia ouvir, aqui e ali, pareciam felizes. Sir Christopher devia ser um bom lorde ou então estaria escutando reclamações e resmungos, em vez de brincadeiras e planos para comemorações após a colheita.
Logo ela chegava junto a um riacho, cujas margens estavam cobertas de flores variadas. Inspirando fundo, contemplou a beleza da paisagem, saboreando os poucos momentos de quietude. Anos atrás, aprendera a desfrutar desses momentos raros e a guardá-los na memória como um talismã contra as constantes dificuldades.
Quantas outras escapadas solitárias ainda poderia apreciar? Provavelmente muito poucas, a menos que conseguisse convencer sir Christopher de que esses passeios eram seguros e uma verdadeira necessidade para sua alma sedenta de serenidade. Entretanto não seria fácil fazê-lo enxergar a situação daquela maneira. Com certeza ele nunca havia parado para admirar um belo dia de verão, ou observar pássaros e esquilos se prepararem para o inverno.

Será que existia alguma coisa capaz de dar a Uckerman um prazer simples e natural? Oh, sim, com certeza existia, Dulce pensou, irritada, lembrando-se de Anahí agarrando-se aos braços musculosos. Sim, a proximidade da serva devia lhe dar prazer. Mas lhe daria paz?

Perdida nos próprios pensamentos, ela voltou par a estrada principal lentamente, parando de vez e quando para colher flores silvestres. Que perfume de delicioso! Espalhadas a perder de vista, as flores formavam um verdadeiro tapete colorido.

De repente um coelho apareceu no meio da relva fazendo-a sorrir. Seria uma fêmea à procura do filhote ou um macho em busca de uma companheira?

O animalzinho foi o primeiro a dar o alarme de que alguém se aproximava, desaparecendo assustado. Só então Dulce ouviu o barulho de cascos.

Como suspeitara, era sir Christopher e seus soldados. Porque já conseguira fazer o que queria, ela não tentou se esconder.

Esposa Rebelde - VondyWhere stories live. Discover now