capítulo 8

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- Com aquele tolo do Alfonso. Eu devia estar louco.

- Sempre há a possibilidade de romper um acordo de casamento.

- É uma idéia tentadora.

- Sua noiva tem um corpo bonito - Tomáz comentou, observando Giovane, o caçador do castelo, que se divertia atirando ossos aos cães.

- Um corpo bonito exibido ao salão inteiro - Christopher respondeu, ainda irritado. De fato, se Dulce Sanviñon estivesse nua não teria feito diferença. Lembrava-se bem do vestido ensopado colado às formas esguias, os mamilos arrepiados de frio...

- Você sabe que poderia ser pior. Ela poderia ser mais feia.

- Ou mais bonita também. - Uckerman empurrou a cadeira para trás e levantou-se. - Tendo a cortesia em mente, acho que devo me certificar se meus convidados estão devidamente instalados. Pascual já voltou?

- Aqui, meu lorde - o administrador respondeu, aproximando-se depressa.

- Onde você os colocou?

- Nos dois aposentos novos, meu lorde.

- Ótimo. Agora coma alguma coisa e vista uma roupa seca ou você acabará pegando uma gripe fatal. Não tenho a menor vontade de substituir meu administrador.

- Sim, meu lorde.

Ignorando o resto dos convidados, Christopher subiu as escadas que conduziam ao patamar superior, onde uma nova ala havia sido construída no ano anterior. Seu castelo não era muito grande, porém vinha tratando de aumentá-lo desde que fora confirmado como seu único senhor, ao jurar lealdade ao barão Léon.

Seus planos não haviam incluído a possibilidade de casar-se com a meia-irmã saxônia de Alfonso Sanviñon. Embora Alfonso estivesse sendo generoso no dote, Christopher não tinha dúvidas de que, com a sua aparência e a sua reputação, poderia casar-se com uma mulher muito rica e influente em vez de aceitar uma megera ruiva.
Será que ela o considerava tão tolo quanto Alfonso para se deixar levar por uma breve encenação de arrependimento? Oh, não, quando lady Dulce atravessara o salão, vira a determinação estampada nos olhos verdes. De fato aqueles olhos verdes tudo revelavam: que se tratava de uma criatura teimosa e arrogante, disposta a mostrar que se sentira insultada. Fora somente no último instante que lady Saviñon resolvera desempenhar o papel de mulher dócil.

Logo, porém, ela iria descobrir que o futuro marido não se permitia ser enganado assim tão facilmente. Contudo precisava admitir que Dulce soubera fazer as críticas de maneira velada, sutil.

Por Deus! Aquela não era o tipo de esposa que queria. Queria linhagem, riqueza, beleza extrema e submissão. Queria uma esposa capaz de entender quem ditava as regras no castelo.

Claro que haveria compensações para essa obediência cega, uma das quais sua grande experiência e habilidade nas artes do sexo. Todas as mulheres com quem já fizera amor sempre disseram que ele era o melhor.

Lady Saviñon devia aprender que uma repetição do comportamento daquela noite seria inaceitável. E era melhor fazer com que a noiva assimilasse a lição imediatamente.

Christopher subiu os degraus, dois de cada vez, e atravessou o corredor estreito, as passadas firmes ecoando pelo assoalho de madeira.

Agora, quanto às compensações, Dulce Saviñon, teria que esperar.

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