capítulo 55

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— Você quer fazer o favor de se cobrir? Será que não tem um mínimo de pudor e decência?

— Estou vestida e você é meu marido. Portanto, não há motivos para me sentir envergonhada. 
Por Deus, como ela era arrogante! E por que não conseguia esquecer os momentos de prazer intenso que encontrara entre aqueles braços ardentes e delicados?

Obrigando-se a pensar no assunto que o levara até ali, Christopher continuou:

— Quero que você trate de colocar um pouco de juízo dentro da cabeça do teimoso de seu irmão. E quanto a Belinda? Ela já está a par desse absurdo todo?

— Creio que você é a pessoa mais indicada para dizer o que lady Belinda sabe ou deixa de saber, pois estão quase sempre juntos. Contudo, em resposta à sua pergunta, ela ainda não foi informada sobre os sentimentos de Alfonso.

— Por que não?

— Porque ele não deseja magoá-la e fica adiando o momento de esclarecer a situação.

— Ele terá de fazê-lo. Eu não o farei.

— Eu mesma me encarregarei disso, conforme prometi a Alfonso.

— Se é assim, por que ainda não tomou nenhuma atitude?

— Estou esperando o momento certo.

— É melhor que seja logo. E você pode dizer àquele idiota de seu irmão que não tenho nenhuma intenção de interceder junto ao barão. Se ele quer se fazer de estúpido, terá que ser sem minha ajuda.

— Será que a sua irritação não vem do fato de Alfonso haver lhe roubado a afeição de Anahí? Ela está se recusando a dormir com você agora? 
— Não tenho dormido com Anahí desde antes da sua chegada — Christopher respondeu sem se alterar. Na verdade, suas noites eram longas e vazias. Quando estava quente, costumava dormir ao relento, no jardim. Ou então na companhia dos soldados.

— Se é assim, que lhe importa se outro homem deseja Anahí para esposa?

— Importa-me quando o homem em questão é um normando, que jurou lealdade ao meu superior.

 

— Alfonso não jurou lealdade a homem algum.

— Não acredito em você. Para alívio de Christopher, Dulce vestiu um robe de veludo azul-escuro, cobrindo a seminudez. Talvez, assim, conseguisse ignorar o desejo crescente.

— Meu irmão chegou da França há poucos meses, portanto ainda não teve tempo de estabelecer alianças políticas. Também devo lembrar-lhe que Alfonso vem de uma família mais importante que a do barão e se ele jurar lealdade a alguém, será ao próprio rei ou a lorde Trevelyan, superior hierárquico de Léon, e cuja filha casou-se com um homem que não pertence à nobreza.

A capacidade da esposa de resumir a questão, com argumentos tão claros e firmes, surpreendeu-o. Até agora, simplesmente não lhe passara pela cabeça que Alfonso não fosse um dos vassalos do barão. Nesse caso, era livre para fazer o que quisesse, independente da opinião de Léon. 

— Por que seu irmão concordou em casar-se com minha irmã então?

— Conhecendo Alfonso, é fácil adivinhar. O barão é um homem poderoso e persuasivo. Alfonso dá importância à amizade que os une e quando a ideia desse casamento surgiu, não viu por que colocar empecilhos. Claro que isso mudou.

— Claro — Christopher repetiu, irônico. — Eu estava me esquecendo do poder do amor.

— Ou seria porque Alfonso enfim amadureceu o suficiente para tomar as próprias decisões, recusando-se a obedecer cegamente?

A ênfase dada às últimas palavras tinha a força de um insulto. Era como se ela o desafiasse, o ridicularizasse na sua ânsia de obrigá-la a obedecê-lo. Por Deus, jamais seria capaz de entendê-la! E seria melhor nem tentar. Cerrando os dentes, Christopher saiu do quarto e bateu a porta atrás de si, determinado a não interferir na vida de Alfonso. Que ele cumprisse o seu destino.

Minutos depois, deixava o castelo na direção do rio, onde poderia ficar só, longe de tudo e de todos.

Fora um engano procurar Dulce. Na verdade, pensara que ela concordaria com a sua opinião sobre a atitude de Alfonso, considerando a história toda uma idiotice típica dos tolos. Nunca imaginara que Dulce pudesse apoiar o irmão.

Esposa Rebelde - VondyTempat cerita menjadi hidup. Temukan sekarang