12. - A discussão

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Suspirei derrotada e fui-me sentar num sofá com a Lottie. Ouvi o meu telemóvel tocar e vi o nome "Mónica" de novo no visor. Desta vez, decidi atender.

- Estou. — Atendi rudemente.

- Estou? Penélope! Aleluia! O que é que estavas a fazer para não atenderes o telefone? Liguei-te para ai umas dez vezes! — Falou irritada.

- Eu ontem até perdi conta à quantidade de vezes que te liguei. E estava a tomar banho. — Falei no mesmo tom que ela.

- Ligas-te 58 vezes ontem, mais as 97 mensagens de texto... - Falou num suspiro.

- Acho que isso supera bastante as tuas 10 chamadas. — Falei ainda irritada. — Mas se não querem falar comigo, não se dêem ao trabalho sequer. Não quero ser empecilho na vida de ninguém.

- Estás parva Penélope? — Falou num tom demasiado alto.

- Claro, ligo-te desde as 7h da manhã, o dia inteiro nisso. Ou números impedidos ou não me atendem mesmo. Mas tudo bem. Já disse que não quero ser empecilho na vida de ninguém.

Provavelmente estava a exagerar, mas ela sabe como eu odeio ser ignorada. Prefiro que me digam "Não quero falar." Ou "Não posso falar neste momento." Do que desligarem os telemóveis ou até desligarem-me as chamadas na cara. Se aconteceu alguma coisa e não tinha como falar comigo, pedia aos meus pais para me dizerem alguma coisa. Moram na mesma rua, acredito que não seja muito complicado.

- Ouve-me Penélope!

- Diz... - Dei o braço a torcer.

- Eu estava na faculdade a acabar um trabalho na sexta-feira à noite... E quando saí, e estava a ir para o meu carro que estava estacionado ao fundo da rua, passou por mim um grupo de garotas que estavam bêbedas... Uma caiu mesmo na minha frente e eu baixei-me para a ajudar, vi que ela não estava em condições e mexi na minha mala para retirar o meu telemóvel e ligar para o 112, pois mais nenhuma das suas amigas ali estava mais... Mas, nesse meio tempo, passou um rapaz encapuçado e tentou roubar-me a mala... Felizmente não conseguiu, mas o meu telemóvel caiu para o meio da estrada e um carro passou-lhe por cima. Como deves calcular fiquei sem telemóvel. Ontem tive a manhã toda na loja a tentar activar o seguro do telemóvel, mas não deu porque disseram que tinha sido um caso de negligencia e que o seguro não era activo nestas situações. E de tarde tive que ir a casa pedir dinheiro aos meus pais para comprar um. Como só posso ir ao banco na segunda-feira, tive a tentar convencer os meus pais a emprestarem-me o dinheiro. Daí não te ter atendido, e nunca pensei que me fosses ligar tantas vezes, assim que comprei o telemóvel, hoje às 10h da manhã e pedi para transferirem tudo de um telemóvel para o outro é que vi que me tentaste ligar, tenho tentado falar contigo desde então e nada. — Falou tudo muito rápido e de uma vez para eu não interromper. — Desculpa, mas nesta eu sou inocente.

- Oh meu Deus... - Falei num suspiro. — Desculpa amiga... - Desabafei. — Mas está tudo bem contigo? Ele fez-te alguma coisa? — Perguntei preocupada. — Desculpa... Mas eu estou super irritada porque ninguém me diz nada, e acabei por descontar em ti...

- Sim, está tudo bem... O que aconteceu?

- O João na sexta-feira foi embora... Disse que me ligava quando chegasse e nada! — Falei irritada. — Sabes alguma coisa dele?

- Não sei nada, amiga... Nem sabia que ele tinha vindo de volta... A última vez que ouvi alguma coisa dele foi quando os teus pais me disseram que ele ai ia umas duas semanas... Aconteceu alguma coisa? Discutiram?

- Não... Nada. Supostamente foi uma emergência na empresa... Mas olha, e da Cátia? Sabes alguma coisa?

- Nunca mais tive com ela desde que foste embora, amiga...

The Girl Next Door - l.t.Where stories live. Discover now