46. - Cátia

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Música!! Escrevi grande parte do capítulo com uma música: Within Temptation — All I Need. Fica na multimédia para quem quiser ouvir! <3

Boa Leitura! *

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*21 de Maio de 2013*

*Cátia POV*

Acordei com o meu despertador à hora habitual, levantei-me da cama com um enjoou enorme, corri para a casa de banho com ameaça de vómito que, infelizmente, foi cumprida com sucesso. A verdade é que nos primeiros minutos que acordo sofro de enjoos horríveis e vomito todos os dias, mas depois, acalma e fico bem o resto do dia.

Dirigi-me à cozinha para tomar o pequeno-almoço. As minhas colegas de casa estavam na sala e, como de costume, digo "Bom Dia" e elas nem ligam. Tem sido assim desde que se descobriu que estou grávida do "namorado da minha melhor amiga". Todos se preocupam em julgar e nunca ouvir o que eu tenho para dizer.

Tomei o pequeno-almoço e vesti-me para ir para as aulas. Honestamente não sei porque me preocupo, no final do semestre vou abandonar o curso e melhor, irei ficar sem casa. Já me inscrevi nos centros comerciais e em todas as lojas possíveis e imaginárias. Mas quando percebem que estou grávida, a frase de ordem é "Lamentamos mas não a podemos aceitar na sua condição.". E é horrível sentir que toda a gente nos vira as costas, incluindo o meu pai.

Sim, o meu pai colocou-me fora de casa quando lhe disse que não conseguia abortar e quando descobriu que me tentei matar. Eu transporto uma vida dentro de mim, por pior que sejam as circunstâncias em que ela tenha sido criada, ela é uma vida que não tem culpa de nada do que está a acontecer. Disse que eu era uma desavergonhada, que envergonhava a família dele e que não queria ter nada a ver com uma "psicopata". Não há pior sensação que um pai dizer que o envergonhamos quando fazemos os possíveis por o deixar orgulhoso a vida inteira.

A minha mãe... A coitada tentou interceder por mim, mas o meu pai não deu qualquer espaço de manobra... Ou eu abortava ou esquecia que era filha dele. Mas ela veio-me trazer mercearia ontem, trouxe-me comida pré-feita e coisas para eu cozinhar. Só espero que ela não arranje problemas por isso.

A Universidade é horrível de ser frequentada agora, todos me apontam o dedo e me julgam. Agem comigo como se eu tivesse comido tamanho crime em que apenas merecesse a pena perpétua. Ou talvez como se tivesse uma doença tal maneira contagiosa que se pegava, até, através de um simples "Bom Dia" ou um qualquer gesto de simpatia.

 O dia correu, como de costume, triste e sem originalidade nenhuma. Fui para as aulas onde fiquei sentada no canto por causa do meu crime ou da minha doença contagiosa. Almocei sozinha num canto. Tive aulas a tarde toda num canto e agora estou sentada no meio das monumentais a ler o meu livro de enfermagem. Estou a ler... Estou a olhar para as letras e a ter um diálogo estranho com as mesmas.

Eu sinto falta de falar com alguém, jogar conversa fora. Contar piadas, rir de nada... Aquelas coisas vulgares que fazemos todos os dias. Eu sinto falta disso, sinto a falta de um ombro amigo.

- Olá Cátia.

Caiu-me tudo quando ouvi aquela voz. Soltei um pequeno grito de surpresa e fiquei pasmada a olhar para ela. Vi tudo passar-me à frente dos olhos... Os avisos da Mónica, os buracos na minha memória, a chantagem com o vídeo, o vídeo, a minha primeira ecografia, a minha tentativa de aborto, a minha tentativa de suicídio. Tudo... Quando dei por mim, estava abraçada a ela com a minha cabeça deitada no seu ombro. Ela apenas acariciou as minhas costas.

- "Desculpa-me Penélope... Por qualquer coisa. Eu... Eu não sei." — Falei atropelando as palavras.

- "Hei... Calma... Respira." — Ela sorriu e eu respirei fundo. — "Como estás?"

The Girl Next Door - l.t.Tempat cerita menjadi hidup. Temukan sekarang