Capítulo Dois

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Quando entrei no meu quarto tinha uma multidão de fêmeas. Elas terminavam os últimos ajustes do meu vestido. Eu prefiro usar calças de algodão e um belo corpete, mas hoje é uma ocasião especial. A Família Real da Ilha Sul estará aqui para um jantar, eu consegui evitar todos os bailes e jantares no salão do Castelo. Há meses tenho fugido dos meus deveres como princesa. E acho que meus pais e irmãos são gratos, eu não vou desafiar nenhum guerreiro no meio do salão novamente ou quebrar seu nariz com um soco. Minha ausência não envergonha a minha família, eu sou um desastre nos encontros aristocráticos do Gabinete Real. 
Tudo bem, você consegue Breanne. É apenas um baile idiota, com danças, conversas formais e muito enjôo.

— Princesa, você precisa provar o vestido. — Disse uma das costureiras.

Sento-me na cama, sentindo uma tontura horrível.

— Alteza, está se sentindo bem?

— Preciso de água. Estou um pouco enjoada.

Uma das serviçais correu até a jarra de água, enchendo um copo e entregando-me.

— Obrigada; — bebi rapidamente, lutando contra ânsia de vômito. — Droga, agora não.

— Senhora…

— BREANNE MUNROU; — minha mãe entrou gritando no meu aposento. — Já está pronta?
 
Encara-me deitada na cama totalmente espalhafatosa.

— Quase! — Digo, com gosto amargo em minha boca.

— Ela já tomou banho? — Perguntou para uma das serviçais.

— Breanne acabou de chegar, majestade.

— Você nunca vai se comportar como uma princesa?

Aí não, por favor. Viro-me, pegando um travesseiro para cobrir minha cabeça.

— Breanne Munrou Angharad, levante-se desta cama. Hoje é um dia importante, vamos celebrar a união da sua irmã com o Príncipe Tristan. O casamento é na próxima semana.
 
— Eu estou péssima.

Minha mãe puxa o travesseiro da minha cabeça.

— Diga-me o que está sentindo. Posso chamar uma curandeira?

— NÃO! — Grito, só um toque de uma curandeira pode mudar meus planos. Todas as fêmeas ficam caladas, olhando-me assustadas. Menos nossa Rainha, minha mãe era uma fêmea astuta. Ela fitou meu perfil com seus olhos dourados semicerrados.

— Saiam todas. — Ordenou ríspida.

As costureiras e serviçais correm para fora do quarto. Minha mãe aproxima-se do meu vestido, com seus babados e várias anáguas. Ela observou o detalhe do decote, repleto de pérolas e cristais.

— Que trabalho magnífico. Não acha?
 
Eu confirmo com a cabeça, sentindo o azedo subir por minha garganta. E antes que minha mãe pudesse mencionar qualquer palavra, eu despejo tudo que tenho no estômago.

— Por Artemis. Você está grávida?

— Não. — Respondo com aspereza. — Não estou grávida.

— Jura? Então, libere seu cheiro. Quero senti-lo.

— Não. — Repito.

— Breanne, eu ordeno que libere o seu cheiro. Eu quero…

A porta do meu quarto é aberta. Kaira entrou pulando de alegria, usando um vestido esplêndido que realça a sua pele cor de canela. Minha irmã estava bem maquiada e como sempre um sorriso belíssimo estampava seu rosto. No entanto, sua expressão mudou quando ela percebeu o clima tenso e o líquido esverdeado no chão.

A ESCOLHIDA - Clãs LunaresWhere stories live. Discover now