Capítulo Vinte e Cinco

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Estou revirando na cama, lutando para arrastar meu corpo até o banheiro. Que noite péssima, não dormi direito e meus enjoos voltaram. Procurei na bolsa os tônicos que Freya me obrigava a tomar todas as manhãs. No banheiro fiz minha higiene matinal, escovei meu cabelo e… Sinto uma ondulação estranha na minha barriga. 
Fiquei estática. Não movia um único músculo. 
Novamente sinto aquela leve ondulação. 
Não pode ser. Levei minha mão até minha barriga, acariciando lentamente e então… Sinto o movimento. Oh, pelos Deuses. 
Meu bebê está se mexendo.

— Oh… — Uma onda alegria percorreu meu corpo. — Trevor.

Eu gritei, correndo para fora do quarto.

— TREVOR…

Voltei a gritar.
Desço as escadas, encontrando o meu companheiro. Ele estava correndo e com os olhos arregalados.

— Breanne, você está bem? O que está acontecendo? — O macho ficou analisando cada detalhe do meu corpo, eu não consegui conter minha alegria e pulei nos braços dele. Esquecendo que estava magoada com seus gritos, eu só queria que ele sentisse um pouquinho da minha alegria. Eu precisava dividir esse momento com alguém.

— Trevor; — murmurei, segurei com carinho a sua mão, levando até os lábios para beijá-la. O macho arqueou uma sobrancelha com minha demonstração de afeto, depois levei até minha barriga, sinto o seu braço enrijecer no mesmo instante. — Ele está se mexendo.

O macho dilatou as narinas, mas não falou nada.

— Vamos filho, você não pode decepcionar a mamãe agora.

É como se magia nascesse e crescesse dentro do meu ventre. É como se ele sentisse toda a minha alegria, porque no instante em que pedi novamente… Ele se movimentou, pulando desta vez. Trevor ficou parado, sentindo cada movimento dele. 

— Pelos Deuses, isso é fantástico. — Minha emoção era visível. Eu fiquei completamente apaixonada.

— Anne, minha menina… Precisamos conversar sobre o bebê.

E toda minha alegria se foi no exato momento.

— Trevor, por favor…

— Se Maya viajou até a Ilha Sul, eu tenho certeza. Tristan ficará sabendo sobre a criança. Ele vai procurá-la e reivindicar o direito como pai.

Meu estômago embrulhou, eu preferia levar chute nas costelas agora.

— Não, meu filho vai nascer no Clã Halister. Trevor, você não pode permitir que o Príncipe Tristan leve o meu filho.

— Não cabe a mim essa decisão. Faz parte da Lei no Mundo Imortal. O primogênito pertence a família paterna, principalmente os herdeiros.

— É uma Lei absurda. Não podem separar um filho da própria mãe.

O macho rosnou, meneando a cabeça.

— A criança que você está gerando é um Príncipe, futuro Rei de Chamber. Breanne, você não pode mudar um destino que já está traçado.

— Meu filho, viverá comigo…

— Isso significa; — Ele corta-me, alterando a voz. — que você vai viver na Ilha Sul com a criança.

— Não, Trevor. Isso significa que meu filho vai nascer no Clã que eu amo, ele vai crescer com nosso povo. Vai aprender os costumes, tradições e crenças da nossa raça.

Meu companheiro suspirou fundo.

— Estou exausto, Breanne. Por favor, não quero discutir. Precisamos continuar nossa viagem e agora estou enfrentando outro problema. A fêmea que você salvou, é parceira do Daric.

Quase tombei para trás. 
O que ele disse? 
Abro a boca, ficando completamente chocada.

— Nossa, uau. Nossa, eu nem sei o que dizer.

Trevor massageou a cabeça.

— Ele está renunciando a fêmea. Não quer aceitar a ligação. E você sabe o que acontece quando um macho renúncia a escolha do Espírito do Lobo.

Ele pode enlouquecer, perder o controle do lobisomem.

— Por que ela é uma vampira?

— Metade vampira, a fêmea é uma híbrida.

Meu coração disparou. Uma híbrida? Oh, Artemis só pode estar iluminando meu caminho. Eu posso encontrar as respostas para todas as minhas perguntas com a companheira do Daric.

*** 

A fêmea não conversou muita na viagem. Ela dormiu a metade do caminho. Trevor me contou que ela não dormia há semanas, quando finalmente acordou parecia mergulhada em pensamentos.

— Olá, como você está se sentindo? — Ela olha-me com seus olhos azuis escuros.

— Ótima, estou me sentindo muito bem.

— Qual é sua história? 

A fêmea sorriu, meio sem jeito.

— Eu sou uma recompensa por um assassinato. Meu Rei, me entregou como pagamento. O plano dos assassinos era me vender para o Rei Akhenaton. Sou uma hibrida, há boatos sobre minha espécie na Ilha Lunne.

Engulo em seco.

— Meu pai?

A fêmea assentiu, franzindo o cenho.

— Obrigada por me salvar, por lutar mesmo quando todos não se importaram. Até mesmo…

— Daric; — murmurei. — Ele é diferente, é um macho muito difícil. Você sentiu imediatamente a ligação dos Lobos?

— Não, minha Loba alertou que ele estava por perto, mas não pensei que fosse um lobo dominante. Daric sentiu meu cheiro quando se aproximou. Eu estava exausta, não dormia há dias, não me alimentava e meu cheiro estava fraco e mesmo assim ele conseguiu sentir nossa ligação.

— Entendo. — busco minha coragem para perguntar: — Como é ser uma híbrida?

Anastasia ergueu os ombros.

— Não somos monstros ou seres horrendos como descrevem nas lendas, somos portadores de dons como qualquer mestiço. Minha loba aceita meu sangue, minha outra parte. Nunca recusou nossa união… — ela hesitou, deslizando seu olhar na minha barriga. — Você está grávida? Sharon me contou.

Sharon? Quem é essa? 
A carruagem parou, ouvimos os guerreiros anunciando que chegamos. A porta é aberta, Trevor Halister estendeu a sua mão como bom cavalheiro.

— Princesa Breanne, chegamos. 

A ESCOLHIDA - Clãs LunaresWhere stories live. Discover now