Capítulo Quatorze

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Enjôos matinais quase me mataram na manhã seguinte, Freya segurava meus cachos enquanto vomitava tudo que tinha no meu estômago dentro de um balde. 
A sensação de mal estar só aumentava, comer na parte da manhã foi impossível. No almoço consegui comer um pedaço de cervo assado, mas logo os enjoos voltaram.

— Você vai ficar o dia na cama hoje. Precisa descansar. — Freya entrega-me um tônico. — Beba, vai melhorar o mal estar.

— Não é fácil gerar um bebê; — resmunguei, bebendo o tônico de uma única vez. — Penso que vou morrer a qualquer minuto.

— Espere até o momento do parto para dizer que vai morrer.

Bufei. Não quero pensar no meu parto, ainda.

— Eu quero tanto conhecer as lojas do Clã. — Choraminguei, levando minha mão até a barriga. — Você é um macho muito malvado, poderia colaborar com a mamãe. 

Freya gargalhou. 

— Vou lavar o balde e não pretendo demorar, você sobrevive alguns minutos sem mim? 

— Vai lá. Eu consigo, sou uma guerreira.

— Breanne, você é tão dramática.

Desta vez foi minha vez de rir. 
A fêmea levou o balde até o banheiro, deito de lado na cama, observando o dia claro pela porta da sacada. 
O cheiro dele recendeu no nosso quarto, alarmado a sua chegada. Sento-me na cama imediatamente. Trevor adentrou, usando um grande casaco de pele, botas de inverno e um machado está preso na bainha do cinto. 

— Boa tarde; — Forcei um sorriso, mas meu estômago embrulhou novamente. — Ai droga; — viro-me, jogando a cabeça pra fora do colchão e vomitei uma gosma branca no carpete limpinho. — Urgh, ninguém merece.
 
— Você está péssima; — Trevor sentou-se na beira da cama. — Carregar um bebê não é fácil, você deveria ter pensado nas consequências antes de transar sem proteção.

— Proteção? — gemi.

— Sim, existe um elixir que previne a gravidez, machos e fêmeas podem tomar. É preciso usá-lo todos os dias, ele é contraceptivo eficiente. Eu tenho 1.2oo e não tenho filhos. 

— Você toma?

— É lógico, não quero mudar o rumo da minha vida e principalmente as escolhas das fêmeas. Existem fêmeas que não desejam gerar filhos, acho justo me prevenir e respeitar a decisão delas.

— Você é responsável, Trevor. Eu sou uma fêmea jovem que descobriu um amor falso. — Respondo, um pouco chateada por concordar com as palavras do macho. 

— Enfim; — ele massageou o meu pé, fiquei petrificada na cama, com meus olhos fixos nas mãos fortes do meu companheiro. — Eu vou participar da caçada, pretendo ficar 20 dias caçando na floresta. Você vai se comportar?

As palavras não saem da minha boca, estou muito intimidada com o toque carinhoso que recebi a poucos instantes. 
Trevor pigarreou, levantando-se. 

— Bom, Conan ficará no Clã. Protegendo você, pode confiar no meu irmão. Ele é muito fiel e compreensivo.

— Por-por que… Sabe… — Respirei fundo, controlando meu nervosismo. — Por que você vai caçar? É o Alfa, não precisa se arriscar.

— É arriscado enjaular um lobo selvagem, as caçadas são um tranquilizante para os lobisomens. Sou um Alfa, mas também preciso pensar um pouco em mim e no meu lobo. Eu vou ficar bem, menina.

Eu concordo com a cabeça, tenho certeza que vai.

— Voltará no começo do inverno?

— Provavelmente.

A ESCOLHIDA - Clãs LunaresWhere stories live. Discover now