Capítulo Vinte e Nove - Líder Trevor

18.7K 2.2K 84
                                    

O verão chegou na Ilha Lunne, trazendo as chuvas fortes e tempestades perigosas. Nosso verão é animado, bonito e exuberante, mas na metade na estação as chuvas chegam. O problema é que as tempestades estão impossibilitando o festival Haf Tattoo, uma tradição do Clã Halister que há décadas faz parte da nossa renda, imortais viajam até nosso Clã para conhecer as novas tendências de tatuagens. Os lobisomens são os pioneiros das pinturas corporais, nossos ancestrais pintavam os corpos para destacar as alcateias e quando venciam grandes batalhas, com o passar dos milênios os lobos foram popularizando as tatuagens. 
É um festival com um grande número de visitantes, proporcionando um lucro satisfatório para meu povo. O problema são as chuvas, as festas acontecem no mercado do Clã. Os turistas ganham as ruas e fazem um passeio ao ar livre, conhecendo os novos traços de tatuagens em cada barraca. No entanto, o tempo não está colaborando. 
Há muitos problemas para resolver no Clã, os últimos detalhes do festival, pagamentos dos meus serviçais e guerreiros, responder as correspondências dos Clãs aliados e também enviar meus presentes de casamento para o Líder do Clã Golligan. E continuar com meu projeto, estou esperando uma resposta do Rei Akhenaton, pretendo inaugurar um teatro e um pequeno educandário em uma Mansão antiga próxima da Floresta, com tutores especializados em suas funções. O problema é regularização do Gabinete Real, preciso me preparar para o aumento dos impostos. E pensar em uma maneira para crescer os nossos lucros nos próximos anos. 
Quero um Clã seguro e próspero, Devlin merece viver em um Clã estável. 
Quando estava deixando o meu Gabinete no começo da noite, encontrei Mahon nas escadarias do pequeno sobrado, meu irmão estava com os olhos arregalados e completamente molhado.

— Mahon?

— Irmão; — Diz sem fôlego. — É a Breanne, ela entrou em trabalho de parto. O garoto vai nascer; — sorriu, puxando o ar. — Devlin está chegando.
 
— Pelos Deuses.

Desci as escadas correndo, Mahon desceu no meu encalço.

— Como ela está? — Perguntei, trancando a porta rapidamente, as nuvens escuras e a chuva forte só aumentavam minha ansiedade.
 
— Sofrendo. Ela começou sentir as dores de manhã.

— DE MANHÃ? E por que ninguém me alertou?

Mahon hesitou, muito nervoso. Meu irmão passou a mão no rosto molhado, para limpar o excesso de água.

— Breanne não autorizou ninguém a procurá-lo. Ela falou que você está com projetos lindos em mente e não queria atrapalhá-lo.

— Eu juro que um dia minha Escolhida vai me matar de estresse.

Meu irmão riu, mudando sua afeição aflita.
 
— Breanne é uma fêmea teimosa, você conhece ela melhor do que ninguém.

E como conheço!
Breanne se tornou minha melhor amiga nos últimos meses. Uma companheira fiel, cúmplice e muito dedicada. Ela ama nosso povo e ama nosso Clã, luta todos os dias ao meu lado para guiar nossos lobos com sabedoria e respeito. Ela conquistou um lugar muito especial na minha vida e não consigo, não posso e não pretendo deixá-la.

— Um mensageiro levou uma carta até o Castelo. — Contou Mahon, animado.

Parei de andar, congelando no meio da rua.

— Uma Carta até o Castelo? Para o Rei Akhenaton? — Rosnei.

— Não, para a Rainha Lagertha. Breanne quer a mãe por perto.

Controlei a onda da raiva. Pensar no desgraçado do Akhenaton não é certo neste momento, minha esposa está dando a luz. Agora pretendo controlar minhas emoções, instintos e preocupações. Breanne merece meu equilíbrio e força. 
Quando chegando no Castelo as serviçais estavam correndo com lençóis e toalhas cobertas de sangue, enquanto outras subiam as escadas com lençóis limpos. 
Conan andava de um lado para o outro na grande sala, mantendo um semblante preocupante.

— Conan.

— Irmão; — percebo imediatamente o corpo do meu irmão relaxar, até mesmo o suspiro alto e exagerado de alívio. — Graças a Artemis, Breanne…

O grito da fêmea ecoou no Castelo, calando qualquer ruído. Não posso ficar parado de papinho com meus irmãos enquanto minha esposa está sofrendo, deixo Conan falando sozinho e corri para o quarto. Um grupo de serviçais mantinham-se de prontidão no corredor, esperando para auxiliar no que era preciso.

— Breanne? — Não queria preocupá-la, faço de tudo para manter meu equilíbrio e controlar o lobo que está completamente aflito.

— Oi, meu amor. — Ela sorriu, mesmo com um olhar batido. A sua pele estava ensopada de suor e cama com muito sangue.

Freya trabalhava concentrada no parto e não estava sozinha, a fêmea convocou a família. As Bruxas mais poderosas do Clã Halister estão dedicando-se ao máximo no nascimento do híbrido.

— Líder Trevor; — Catelyn aproxima-se, limpando as mãos em uma toalha. — Não vamos acelerar a dilatação, Breanne é uma fêmea forte e está suportando bravamente. O que podemos fazer é reduzir a dor do parto com a nossa magia.

Breanne gritou novamente, contorcendo-se na cama.

— Confio no seu trabalho Catelyn e nas mãos poderosas da sua família.

— Meu Senhor; — A Bruxa faz uma leve mesura. — Não vamos decepcioná-lo.
 
— Posso ficar ao lado dela?

— Não é recomendável com uma roupa molhada.

Com o desespero da minha companheira, eu até esqueci o estado dos meus trajes. 

— Certo, eu vou me trocar. Não vou demorar. — peguei uma roupa no armário, no momento que viro-me para sair do quarto ouço o grito da Freya:

— ELE ESTÁ CHEGANDO. SEJA FORTE, BREANNE.

Meu corpo inteiro congelou no centro do quarto, Breanne gritava dolorosamente, segurando com força no lençol. 
Pelos Deuses da Lua. 
Força menina, você consegue.

— Por Airmid…

O cheiro do sangue era forte, atingindo meu lobo. Ele Rosnava na minha cabeça, ordenando que a ajudasse. 
Que se foda a roupa! 
Aproximo-me, ajoelhando ao lado da cama, segurei na mão da minha esposa. Breanne mal sentiu meu toque, ela está imersa na dor do parto.

— Ei, menina. Eu estou aqui, ele está quase nascendo. Você consegue…

— Só mais uma vez; — Disse Freya, com os olhos repletos de lágrimas. — Faça força só mais uma vez.

Breanne olha-me com determinação, segurando na minha mão com força, correspondendo o meu toque.

— Tudo bem! — Ela falou, respirando fundo. 

Catelyn pousou as mãos irradiando magia de cura na sua barriga da minha Escolhida, Breanne lutou e seus gritos de dor foram interrompidos por um choro fraco e rouco.

— Pelos Deuses. Devlin nasceu.

Freya rapidamente entregou a criança para minha Escolhida, conhecendo os instintos de lobas. Elas não permitem que suas crias recém nascidas fiquem nos braços de outras fêmeas. Breanne segurou o filho com cuidado, totalmente fascinada e encantada.

— Você é lindo!

E realmente ele era. Uma criança perfeita. 
As serviçais entram no quarto trazendo toalhas limpas, Catelyn e as irmãs começam a limpar o sangue da criança, Breanne ficou emocionada e depois de toda luta, ela desaba em lágrimas.

— Shh; — sento-me na cama, beijando a lateral da sua cabeça e descendo até às bochechas. — Está tudo bem, descanse. Eu estou aqui.

Breanne fungou, descansando a cabeça no peito.

— Não fique longe. — murmurou, fechando os olhos.

Olhei para o bebê no seu colo que aos poucos foi acalmando o choro, como se soubesse que estava protegido nos braços da mãe.

— Ele é lindo, Breanne. Durma, eu vou nunca deixá-la.

A fêmea suspirou, relaxando na cama. E depois de todo esforço, ela dormiu profundamente. 

A ESCOLHIDA - Clãs LunaresWhere stories live. Discover now