25 ● Violet: At Breakfast

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Meu café da manhã foi de frutas, croissant, café puro sem açucar, ligações e mensagens de texto

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Meu café da manhã foi de frutas, croissant, café puro sem açucar, ligações e mensagens de texto.

Especialmente após eu enviar para Linda o video que gravei da traição de Stefany.

"Como ela pôde fazer isso com meu filho?" Essa e outras perguntas retóricas foram feitas durante o nosso telefonema de uma hora. Foi um rant comprido, onde xingamentos de todos os tipos foram soltos por Linda, que soava mais como uma mãe emotiva e não a tão controlada mulher como sempre se porta comigo. Eu nem percebi que estávamos no telefone por tanto tempo. Quando o tom da conversa fica menos sério, conto a Linda o que vou fazer para aproveitar o resto da segunda, já que esse é o único dia sem algum evento da faculdade para atender.

Acho estranho quando ela não me diz exatamente o que acontecerá com o video, se o usará como forma de chantagem para afastar Stefany ou se o mostraria a Mateus. Reparo que eu mesma já espero qualquer coisa quando se trata de Linda. Uma mulher fabulosa. O tipo que te faz querer ser gostado e querido por ela. Ela me faz querer estar ao lado dela em qualquer "jogo" ou até mesmo ser uma das cartas em sua manga.

Começo a reconhecer as maneiras pelas quais ela me mantém do seu lado. Provavelmente, como faz com todos ao seu redor. 

Existem formas e formas de ser usada, e por mais que pessoas não queiram admitir, muitas são usadas todos os dias e nem percebem, ou fingem não perceber. Eu admito, eu reconheço e eu sei. Sou útil e isso é galanteador.

Gosto da aprovação dela, especialmente quando ela soa maternal. Me admira, vê algo de bom em mim mesmo na pilha de pecados que cometo. Ela me faz sentir como se fosse boa para algo além da cama, como seu eu fosse parte de algo bom novamente.

E chegou a um ponto em que não posso negar sua influência sobre mim.

Agora, claro que me pergunto... estou me deixando influenciar porque perdi uma figura materna e reganhei outra nela?

É fácil ver quanto Flora e Linda contrastam uma com a outra. Minha mãe foi uma pessoa muito sem segundas intenções, boa demais para o seu próprio bem. A forma como ela se foi... eu não gosto de nem de lembrar, não condiz com o tipo de pessoa que ela era. 

Não condiz com o tipo de pessoa que ela merecesse que eu fosse.

Até hoje essa verdade me afeta e eu a ignoro de propósito. No entanto, não quero ter medo de lembrar dela ainda viva. Em minha mente, vou nas memórias onde ela costumava tocar músicas e as ensinar para mim. Gravados nas profundezas de minha memória estão todas as recordações com ela e meu pai e as revisitar as vezes me dá forças. 

Meu pai era tão bonito e brincalhão. Um sorriso contagiante, uma presença forte. Ele amava ouvir mamãe tocando piano. Ás vezes eu dormia no seu colo enquanto minha ela tocava e cantava. Ás vezes, ele dormia no meu.

Respiro fundo e paro por aqui. Por mais fácil que fica revisitar esses momentos, em excesso ainda doem.

Tentando me relocar na realidade, uso o mapa do meu celular tentando decidir o que fazer no resto do dia. O modesto sol brilha lá fora me convidando a explorar a pequena cidade.

Aceitei o convite de bom grado e com sapatos confortáveis, decido turistar pelo resto do dia.

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Laura me liga enquanto eu passeio pela cidade e nós conversamos sobre o que aconteceu na noite anterior.

"Eu gravei tudo, Laura." Conto. Ela ouve atentamente do outro lado, soltando uma interjeição ou outra ao longo de meu relato. "Eu ainda não consigo acreditar que eu estava lá bem naquele momento."

"Pois é!! Traídores são nojentos. Desprezíveis. Ela merece o castigo que terá, ninguém faz isso e sai ileso." Laura parece estranhamente amarga. É segunda-feira e imagino que esteja atarefada no escritório. "Mas vem cá... você não acha estranho a Linda saber disso tudo, não? Aonde a menina tava e tal?" Ela sussurra do outro lado do telefone.

"Não sou mãe, mas creio que elas são assim, fazem de tudo para cuidar de seus filhos."

"É, mas isso aí já é demais... sei lá. Quem mais será que ela está espiando? Eu? Você? O que mais de estranho ela vai te mandar fazer enquanto você estiver aí?"

Engulo em seco. Imagino se Laura sabe que Linda descobriu sobre seu passado e não foi através de mim. "Não acho que nada mais pode acontecer essa semana." Tenta acalmá-la. Linda é controladora sim, mas creio que apenas seja uma mulher super-protetora que queira saber com que tipo de pessoa lida. Não vejo nenhum perigo nisso. "Ontem a noite foi o ápice. Daqui pra frente só eventos chatos."

"Será?? E se essa menina te viu?? Te pega num desses eventos e arranja uma briga?" 

"Estava escuro e ela não me viu. Nada vai acontecer, relaxa. Você está sendo paranóica, priminha." 

"Eu acho que você confia demais nas pessoas erradas. Mas, se você diz..." Ela aceita minha resposta.

Pensei em relembra-la de que por causa das pessoas erradas nas quais confio demais, ela tem um emprego, mas deixo para lá. "E como está o...?"

"Mal-humorado." Laura ri baixinho sem esperar eu dizer o nome de Vincenzo. "Enfim prima, horário de almoço acabando. Tenho que voltar ao trabalho."

Me despeço de Laura com dois pensamentos distintos. O primeiro, de que me sinto levemente lisonjeada ao pensar que posso ser significante influência ao bom humor de Vincenzo. 

Pensar nisso me dá uma sensação estranha.

Quase pareço sentir falta dele.

O segundo pensamento é quanto a Linda e Laura. Há desconfiança entre as duas ou era impressão minha?

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Estava cansada quando cheguei a noite do meu passeio pela cidade. Tomei um banho rápido, colocando meus cabelos numa toalha e aproveitando o roupão confortável oferecido pelo hotél.

Passo creme em minhas pernas quando meu celular toca.

"Sexo por telefone não está incluído nos meus serviços." Digo num tom de brincadeira.

Vincenzo ri também e isso me aquece o coração. Gosto do fato de que me liga já na segunda feira.

"Você já o conheceu?" Ele vai direto ao assunto após conversamos brevemente sobre meu vôo e como estou. 

"Só o vi de longe. Rapaz bonito, Vincenzo. Ele é uma cópia sua. E alto. Muito alto."

"Huh." Isso é tudo que ele múrmura. "Estou enviando o pequeno discurso que quero que você diga quando entregar a primeira doação. Preciso que mencione alguns nomes para mim. É importante que você não os esqueça."

"Okay, não esquecerei." Sua voz de negócios jogou um balde de água fria no meu tom brincalhão.

"E como foi seu primeiro dia?" Outra mudança no tom de conversa.

"Andei bastante pela cidade hoje, já que tive tempo livre."

"É uma bela cidade, espero que tenha se divertido." Vincenzo diz, e eu sorrio contra o telefone. "Violet?"

"Sim?"

"Não se esqueça do combinado. Nosso trato. Boa noite." Disse friamente e desligou, me deixando confusa com o possível motivo que o fez querer-me relembrar de nosso acordo.

Mas não havia ou haverá motivos para tal. 

Meu corpo pertence a Vincenzo Santoro e sei muito bem disso.

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