68 ● Linda: Know Me By My Name

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"...Enquanto eu e ela somos diferentes, eu e você... somos iguais, Linda. Iguaizinhas! Eu sabia quem você era na hora que ela te apresentou pra mim. Linda Hellberg Santoro. A cobra mais conhecida e venenosa da cidade." Acompanho seu rosto enquanto ouço sua risada. Observo que algo provavelmente químico e não-natural causa a oscilação do tamanho de suas pupilas, causando-lhe euforia. "Eu sei que não parece mas eu te admiro. Mesmo! Sempre quis saber o que faz você ser você!"

Me conhece por meu nome. É sempre assim: este me precede. Sempre precedeu. 

Nós mulheres não temos só um nome, mas também sobrenomes que servem de estampas de qualidade, pronomes possessivos de designação. Através deles já sabem que somos filha deste, irmã daquele. E após trocá-lo, ou melhor dizendo, substituí-lo ao adicionar um novo após dizer sim a alguém em algum altar, agora também sabem de quem você é esposa ou mãe. Senhoritas viram senhoras. 

Rótulos tediantes. 

Linda Hellberg aparentemente não era suficiente. 

Mas eu fiz ser. 

Teci as linhas que contornam meu nome num bordado apolínico: cada ponto, um perfeito nó. Pois só assim para eu ser qualquer coisa mais além da filha do grande juíz que controlava toda a jurisdição da cidade.

"Acha mesmo que nos parecemos tanto assim?" Pergunto. 

"Bem, talvez não em tudo. Você é uma filhinha de papai e eu não. Talvez essa seja a diferença. Mas nossas motivações, jeito de ver o design de tudo a nossa volta..." Insiste.

Linda, a filhinha (de papai) mais nova da família Hellberg, proveniente de Goteborg, grande cidade ao oeste da costa Suéca. A única de três irmãos a nascer aqui, do outro lado do atlântico e neste sólo mais tropical e por isso recebi um nome baseado na língua local, diferente de meus irmãos. 

Meu pai Alberik Hellberg, um homem atarefado demais para ser mais presente em casa com sua família, me ensinara mais com sua distância que proximidade. Sua atenção para comigo se resumia em brinquedos, vestidos, elogios a minha aparência e ao quão "boa menina" eu podia ser em frente a seus conhecidos. Nunca me levara a parques ou coisas do tipo, mas adorava me levar a eventos políticos, pedindo para que eu exibisse meus sorrisos infantis aos tubarões importantes que o rodeavam, além de demonstrar contínua boa postura e boas maneiras. 

Ele era absolutamente obcecado com isso.

Como um adorno representando algo que na época eu não podia entender o que significava, eu sei que meu pai me usava para algum ganho estratégico. Não é surpresa nenhuma que homens de família geram mais confiança e mais investimentos financeiros em carreiras políticas, jurídicas, etc,  que homens mais novos, sem raízes e sozinhos. Ao menos, costumava ser assim.

Essas são algumas de minhas lembranças... rio delas em minha cabeça, ora com raiva, ora com entendimento. O juíz -raramente o chamei de pai- me usava para angariar fundos e atrair confiança e atenção para si quando precisava, e me esquecia depois disso. 

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