31 ● Flora: Resolve Me

1.5K 148 129
                                    

Incansávelmente espalmo a porta, mesmo não ouvindo mais a voz de Tamires

Ops! Esta imagem não segue as nossas directrizes de conteúdo. Para continuares a publicar, por favor, remova-a ou carrega uma imagem diferente.

Incansávelmente espalmo a porta, mesmo não ouvindo mais a voz de Tamires. Repetidamente bato na esperança de que alguém ouça e abra a porta para mim.

Mas nada. Ninguém parece se aproximar e me ouvir. 

O som da música da festa ultrapassa as paredes, tornando meus gritos por ajuda ainda mais impossíveis de serem ouvidos. 

Que tipo de maluca Tamires é para orquestrar tal coisa em pleno casamento da própria tia? Que tipo de mulher adulta faz isso sem medo de ser rechaçada por seus familiares? Tudo isso por causa de Bruno? Seu primo que já a havia negado?

Ela só podia estar bêbada, era isso. Uma leve alteração em seu estado mental causado pelo álcool. Talvez em sua mente infantil, isso era só uma brincadeira, uma pequena forma de me assustar um pouco, uma pegadinha besta para me afastar de Bruno.

Respiro e bufo, brava comigo mesma. Eu tenho disso ás vezes, tento racionalizar atitudes alheias erradas, invento desculpas para os que me machucam em minha cabeça para poder exonerá-los de qualquer condenação por minha parte e poder viver em paz, sem a ciência de que existe alguém por aí com vontade genuína de me machucar.

Esse pensamento é aterrador, de que sim há pessoas que possam planejar seu mal. E podia ser bobo, mas eu sempre acabava racionalizando suas atitudes para me auto-tranquilizar.

A verdade é que certas pessoas realmente não se importam com as outras e enquanto pessoas como eu continuassem inventando desculpas para elas, elas continuariam fazendo isso e pior, sem remorsos ou vontade de consertar seus erros.

Fui até a janela do outro lado da sala, tentando não pisar nos objetos que estão pelo caminho e que o escuro esconde de mim. As pequenas janelas estão altas demais e mesmo com todo meu esforço em ficar nas pontas dos pés para ver o lado de fora, mal consigo chegar até a vidraça. 

Desistindo disso, volto para a porta e continuo gritando para que alguém a abra. Uma subita idéia passa por minha mente e começo a executá-la. Tiro dois grampos de meu cabelo, soltando o coque e libertando minhas madeixas negras que caem sobre meus ombros e costas. Sem saber muito bem como, apenas uso os dois metálicos objetos no trinco da porta, cutucando para cima e para baixo, tentando mover algo na fechadura que a faça abrir. 

Mas creio que tais coisas só funcionem em filmes pois deformei os grampos e não obtive sucesso. 

Já ajoelhada, resolvi olhar pelo pequeno buraco da fechadura na esperança de ver alguém se aproximar ou passar, tentando segurar o choro e o desespero no processo. Depois de muito tempo, alguém passa pela porta e eu dou tudo de mim, batendo com força e gritando para ser notada mesmo com a alta música que toca. 

Finalmente ouço o trinco girar e vejo a porta se abrir. Impulsiva e aliviada, abraço o moço que abriu, agradecendo-o. Ele apenas me olha confuso enquanto minhas primeiras lágrimas começam a cair. 

HUNGER 🔞Onde as histórias ganham vida. Descobre agora