46 ● Flora: Something New

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Já estou aqui há horas

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Já estou aqui há horas. 

Divido uma sala de paredes brancas e descascadas com uma mesa e duas cadeiras. Não tem janelas, apenas uma porta trancada de madeira velha e um interruptor. 

Mais nada.

Embora o agente que me trouxe aqui vem e volta, estou sozinha desde então. Quando o segui no corredor, vi algumas outras pessoas, mulheres em sua maioria sendo levadas para outras salas assim como esta. Apesar do ambiente ser calmo e muitas não parecem se importar em estar aqui, eu estou absolutamente nervosa. Meu estomago dói violentamente e minha mão treme descontrolada. 

A confusão quanto a meu status de imigrante se dera por uma "denúncia". Quem denunciaria tal coisa? Quem contaria tal mentira as autoridades a meu respeito? 

Não estou aqui ilegalmente. Apenas entre mudanças de papéis. Quando cheguei aqui fui recebida pelos meios e processos legais para receber autorização para entrar no país como refugiada politica. Passei por baterias de exames, tanto físicos quanto psicológicos e fui aceita. Ganhei permissões para trabalhar, residir e estudar se assim quiser. 

Embora essas primeiras permissões concedidas fossem temporárias, por ordens jurídicas novas e permanentes soluções me foram dadas numa audiência recente que tive. Até então, eu queria mesmo ficar aqui. 

Mas apesar de tê-las recebido por decisão legitima de um juiz, ainda não as recebi fisicamente. Três meses foi o prazo que me deram. 

E não sei se descobriram isso, ou se apenas me denunciaram sem motivos especificos.

Estou roendo minhas unhas, tentando imaginar quando que essa confusão vai se dar por resolvida. Por que demoram tanto para confirmar minha papelada aqui? Que lentidão para acessar informações que seus bancos de dados deveriam ter prontas! Me roubam tempo precioso de trabalho e enchem de estresse desnecessário!

Quem fez a denuncia é a unica pergunta que rodeia minha mente. 

Tem que ser alguém que sabe aonde moro, mas poucas pessoas sabem onde resido, fora meus vizinhos, Padre Ernesto, Soraya, Amanda, Roger, Bruno... 

Esse último nome me dá um insight que faz um frio percorrer minha espinha. 

O bilhete. 

'Isso não vai ficar assim.' Ele dizia com terríveis garranchos. 

Há tanto acontecendo que nem ao menos parei para pensar na relevância daquele papél que encontrei na sala de minha casa quando cheguei duas noites atrás após sair num encontro romântico com Bruno. 

A idéia que me surge em seguida é descabida, mas... faz sentido. Foi ela

Tamires. 

Como descobriu onde eu moro? Ela anda me seguindo? 

Bem... descobriu onde eu trabalho, não seria muito difícil descobrir também onde moro. Isso me deixa bem mais nervosa do que já estou por estar aqui. Eu nem havia percebido que tinha alguém me seguindo por aí, alguém focado em me fazer mal. E tudo isso por causa de homem! 

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