45 ● Flora: Taken

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Pelo resto do dia, eu tentei não transparecer o baque do que Roger disse causou em mim

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Pelo resto do dia, eu tentei não transparecer o baque do que Roger disse causou em mim. 

Baque. Eu não devia ter sentido nenhum. Meus primeiros instintos me alertaram para não acreditar em Bruno. Mas alguns beijos e carícias cegaram minha capacidade de separar mentiras de verdades.

Bruno dormiu sim com Thamires. Ela não mentiu. 

Ele me enganou. 

Os dois rapazes ajeitam o pesado piano num canto de minha sala. O espaço é pequeno, mas após re-organizarmos algumas mobílias fica perfeito e mesmo sem vontade, eu sorrio com o que vejo. 

Em agradecimento, descongelo alguns pães de queijo e preparo café para nós três. Converso com Roger e agora formalmente apresentada a seu amigo, também sirvo uma xícara a Cesar.

Na mesa os agradeço pela surpresa. Conversando, descubro que ele e Roger tem planos de montarem seu próprio negócio de construção em breve. Os dois parecem bem sincronizados nos planos e impressionada os desejo sorte na futura empreitada. 

Assim que lhes toco uma música após o café, César se despede e vai. Ele é tão legal. Tem uma esposa da qual pretende me apresentar em breve, me perguntando quando Roger e ele poderiam aparecer para jantar na casa dele. 

Surpresa com o convite, respondo que tenho um final de semana de folga em breve. Prometemos manter contato para combinar a noite certinho.

Roger fica mais um pouco. Quando começo a tocar algumas músicas, me sinto bem o suficiente ao seu lado e em meu hobby para esquecer por uns momentos o que me incomoda. 

Eu não quero que Roger vá embora. Quando ele disse que já esta tarde e precisa ir, tive um sentimento ruim, como se ficar sem ele fosse deixar toda a negatividade tomar conta de mim. 

"Flora, desculpa perguntar mas... aconteceu alguma coisa? Você parece meio distante." De pé na porta eu o observo. Quando vejo os traços que ele divide com seu irmão Bruno, desvio meu olhar. "Eu não quero me intrometer e você não precisa responder mas... você e meu irmão... estão juntos ou alguma coisa do tipo? Se estiverem, eu provavelmente não devia estar aqui agora, tarde da noite sozinho com você. Você pode me expulsar a qualquer hora se precisar..." Sorri, acanhado e sem graça.

Sua curiosidade faz sentido. Roger é tão cavalheiro, é justo deixá-lo saber. "Eu jamais te expulsaria, Roger." O asseguro. "Ele e eu...  bem, seja lá o que tinhamos, não temos mais." Respondo, olhando para baixo. "Ou melhor, acho que realmente nunca tivemos nada. É tudo muito confuso." Quase sussurro.

"É por isso que você está assim meio pra baixo?"

"Se você não estivesse aqui, eu estaria mil vezes pior." Falo sem rodeios por que é verdade. Me deixei enganar por Bruno e agora pago por isso. Mas o preço parece mais ameno ao redor de Roger.

"Ei..." Ele segura meu queixo e ergue meu rosto. Fitá-lo é doce e amargo ao mesmo tempo, mas eu o faço. "Sabe que pode conversar comigo, né? Qualquer coisa." Acaricia meu queixo, e eu deixo o afetuoso toque me embalar por um segundo. 

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